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Mercado monitora riscos, mas mantém rali


Já que o mercado financeiro brasileiro está mais atento ao comportamento dos negócios no exterior do que às peculiaridades locais, as atenções do dia devem então ficar concentradas nas novas declarações (11h) do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que ontem pediu que os Estados Unidos “façam o que puder” para aliviar a pressão sobre a economia.


Com isso, os investidores devem relegar a possibilidade de um feriadão de seis dias na cidade de São Paulo, já a partir de amanhã, o que pode comprometer as operações bancárias e na Bolsa local. Por isso, representantes de bancos e da controladora da Bolsa (B3) são contra a medida e negociam para continuar funcionando durante a longa pausa.


Haveria um mini lockdown aqui, enquanto os mercados no mundo seguirão a pleno vapor. O prefeito da capital, Bruno Covas, quer antecipar o feriado de Corpus Christi (11 de junho) para esta quarta-feira e o Dia da Consciência Negra (20 de novembro) para quinta-feira. A sexta-feira seria ponto facultativo. Já o governador João Doria quer antecipar o feriado estadual de 9 de Julho para a segunda-feira que vem.


Nem mesmo a declaração do presidente dos EUA, Donald Trump, de que está tomando hidroxicloroquina há cerca de uma semana e meia, pesa nos ativos de risco. Sabe-se que o medicamento não serve para o tratamento nos pacientes de Covid-19, sejam em casos graves ou leves, mas sim para doenças autoimunes para os quais a droga é indicada.


Portanto, Trump está tomando a medicação porque, como ele mesmo afirma, não tem sintomas da doença viral. Segundo ele, todos os testes sempre deram negativos. Mas afinal, se o remédio funciona, tanto que foi aprovado em caráter emergencial pelo FDA, por que os EUA ultrapassaram ontem a marca de 1,5 milhão de infectados e 90 mil mortos?


No Brasil, sabe-se também que a razão para o fim do “casamento” entre o presidente Jair Bolsonaro e seus dois últimos ministros da Saúde teria sido a desavença sobre o uso da hidroxicloroquina no tratamento do coronavírus. No confronto entre ciência e política, pesou o entendimento de que o medicamento não tem eficácia comprovada.


Assim, fica claro que, no eixo norte-sul da América, a cloroquina virou uma crença de “cura e libertação”, depois que a doença foi politizada pelo trade off entre saúde e economia e percebeu-se que as medidas de isolamento social já vigoraram por muito tempo, causando estragos nas empresas e gerando desemprego em massa. Mas trata-se mesmo é de um placebo, já que a estimativa de uma vacina contra o coronavírus, ainda em fase de teste, pode levar algum tempo, embora ontem tenha alimentando esperanças.


Exterior segue no azul


Alheio a todos os percalços que ainda envolvem a crise pandêmica, os investidores mantêm o apetite por ativos por risco no exterior. O sinal positivo prevalece entre os índices futuros das bolsas de Nova York, ignorando a escalada de Trump contra a Organização Mundial da Saúde (OMS), ao ameaçar cortar permanentemente o financiamento à instituição.


Segundo ele, a OMS precisa passar por reformas e demonstrar “independência da China”. Para alguns críticos, Trump tem a OMS e a China como alvo, a fim de desviar a atenção das medidas de combate de seu governo à disseminação do vírus nos EUA, que foi mal avaliada em pesquisas, em meio à proximidade da eleição presidencial em novembro.


Do outro lado do Atlântico Norte, as principais bolsas europeias têm ganhos firmes, ampliando o rali da véspera, após a proposta franco-alemã de um fundo de recuperação de quase 550 bilhões de euros para resgatar as economias da zona do euro. Relatos promissores de uma vacina para a Covid-19 também contagiam o pregão.


Na Ásia, o dia foi de alta acelerada, apoiada na perspectiva de uma vacina contra a doença. A Bolsa de Hong Kong subiu quase 2%, a de Tóquio avançou 1,5% e Xangai teve alta de pouco menos de 1%. Já o petróleo tipo WTI sobe pelo quarto dia, com o barril cotado acima de US$ 30, enquanto o dólar perde terreno para as moedas rivais.


Portanto, não há nenhum fato novo para embalar os mercados, mas o otimismo com a reabertura das principais economias avançadas somado à possibilidade de uma vacina contra o coronavírus sustentam o rali entre os ativos que foram mais castigados recentemente. Porém, a tensão entre EUA e China, bem como as incertezas vigentes sobre a pandemia, continuam sendo um risco.


Por isso, é necessária certa cautela para que os mercados não fiquem cada vez mais descolados da economia real, sob o risco de deparar-se com o mesmo cisne negro ou rinoceronte cinza à frente, ao ignorar os perigos óbvios, Afinal, a pandemia de coronavírus, que surgiu no início deste ano, já ensinou aos investidores que nenhum tipo de risco deve ser levado de forma leviana.


Dia de agenda fraca


O calendário econômico desta terça-feira está sem destaques, o que desloca as atenções para o testemunho do presidente do Fed no Senado dos EUA. Ainda assim, serão conhecidos novos dados do setor imobiliário norte-americano, enquanto a zona do euro informa o índice ZEW de sentimento econômico, logo cedo.





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