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Hoje é o dia da alta


Após iniciar a semana em baixa, com Wall Street e o Ibovespa voltando aos níveis pré-eleitorais, o mercado financeiro exibe um sinal positivo hoje. E a intensidade da alta apontada para o dia é acentuada, com os investidores embarcando em uma montanha-russa e alternando dias de quedas aceleradas seguidos de subidas rápidas, em meio às incertezas sobre a economia global por causa da pandemia de coronavírus.


Os índices futuros das bolsas de Nova York sobem mais de 4%, o que garantiu uma sessão de fortes ganhos na Ásia, onde Seul e Tóquio lideraram as altas, subindo mais de 7%. Xangai avançou menos (+2,3%), enquanto na Austrália, Sydney ganhou 4%, assim como Hong Kong. Na Europa, as principais bolsas da região saltaram na abertura.


Os sinais de que a disseminação do vírus na Itália está diminuindo e a promessa do Federal Reserve em apoiar a economia norte-americana encorajam os investidores a tomarem risco, enquanto aguardam a aprovação de um pacote trilionário de estímulos no Congresso dos Estado Unidos. Com isso, o dólar interrompe uma sequência de valorização em relação às moedas desenvolvidas e de países emergentes, o que beneficia o petróleo, e o rendimento (yield) dos títulos dos EUA (Treasuries) diminui.


Trata-se, portanto, de um sinal provisório de redução do nervosismo nos mercados, depois de os ativos globais amargarem o pior desempenho semanal desde 2008 - o que deve favorecer o pregão doméstico. Os investidores aproveitam para equilibrar as carteiras, freando a espiral negativa dos negócios, embora muitos ainda prefiram ficar de fora das operações. Não significa, então, que não há o risco de novas baixas, com as ações do lado político seguindo pendentes nas principais economias.


É a política - parte 2


Wall Street e o Ibovespa já são negociados em níveis pré-eleitorais - de 2016 e de 2017, respectivamente - enquanto o dólar é cotado acima de R$ 5,00 há seis pregões. Trata-se de um claro recado do mercado financeiro de desaprovação das medidas que vêm sendo adotadas pelos respectivos presidentes, Donald Trump e Jair Bolsonaro, (e suas equipes econômicas) para conter a disseminação do coronavírus.


Não se trata, portanto, dos esforços fiscais e dos bancos centrais para combater os impactos econômicos da pandemia, mas o que tem sido feito pelos governos para bloquear a propagação do vírus na vida real. Afinal, enquanto o ponto de inflexão do total de casos confirmados da doença não for alcançado, o bloqueio (lockdown) na atividade tende a ser prolongar, ampliando a recessão.


Aliás, o número de mortes por Covid-19 na Itália caiu ontem pelo segundo dia seguido, após registrar quatro recordes consecutivos de óbitos entre quinta-feira e sábado. Se persistir essa tendência de queda, pode significar que a pandemia tenha chegado ao pico no país europeu, deslocando o foco da doença para a América.


Daí que, então, os investidores já se perguntam se ainda há espaço para os ativos de risco piorem mais, antes de começarem a melhorar. Há certa tentação em afirmar que o fundo do poço já está chegando, o que permitiria uma estabilização dos mercados. O problema é que o número de novos casos no Brasil e nos EUA ainda está longe do pico.


Portanto, o coronavírus deve continuar sendo um desafio no continente no curto prazo. Ainda mais porque ambos os países não estão seguindo a recomendação da OMS, quanto à necessidade de testar TODOS os casos suspeitos de Covid-19, isolando as pessoas e colocando em quarentena os contatos próximos. Sem tais medidas, dificilmente o vírus sairá de circulação e os cidadãos podem levar mais a sério o isolamento social.


Assim, a ausência de uma coordenação do Executivo tende a manter a pandemia em aceleração, provocando novas ondas de contágio, e adiando a volta à normalidade das atividades cotidianas. Parafraseando James Carville e sua célebre frase durante a campanha presidencial de 1992 do então candidato democrata Bill Clinton, “é a política, estúpido!” - e não a economia - que será capaz de conter a doença em nível mundial.


Dados de atividade em destaque


A agenda econômica desta terça-feira está recheada de indicadores de atividade. Enquanto lá fora saem as leituras preliminares de março dos índices de compras (PMI) dos setores industrial e de serviço na zona do euro e nos EUA, ao longo da manhã; aqui, será conhecido o desempenho do comércio varejista em janeiro (9h).


A previsão é de que o conceito restrito das vendas no varejo registre o segundo resultado negativo consecutivo, de -0,5%, em base mensal, ao passo que na comparação anual, deve haver avanço de 2,5%, na décima alta consecutiva nesse tipo de confronto. É válido lembrar que o resultado ainda não reflete os impactos da pandemia na economia brasileira.


Já as prévias dos índices PMI no exterior podem dar os primeiros sinais do efeito do coronavírus na atividade. Também merecem atenção o índice sobre a confiança do consumidor brasileiro neste mês (8h) e dados do setor imobiliário norte-americano no mês passado (11h). No fim do dia, sai a ata da reunião do BC do Japão (BoJ).


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