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Dia de ajuste


A aversão ao risco diminuiu no exterior, ao menos em Nova York, onde os índices futuros das bolsas estão em alta, após as perdas da véspera. Esse vaivém do mercado financeiro abre espaço para uma melhora local, após a escassez de volume ontem à tarde e a postura defensiva dos investidores distorcer o comportamento do dólar, penalizado os demais ativos.

Aliás, a moeda norte-americana segue concentrando as atenções domésticas, um dia depois de encerrar acima de R$ 3,85, contaminando a Bolsa e os juros futuros. A desvalorização do real deve ser o tema mais explorado durante entrevista coletiva a ser concedida pelo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, no fim do manhã (11h).

Originalmente, Ilan deveria falar sobre o conteúdo do relatório de inflação do BC referente ao segundo trimestre deste ano, que será divulgado logo cedo (8h). Mas ele não deve escapar de perguntar sobre a atuação da autoridade monetária no mercado de câmbio, uma vez que a direção para o dólar segue sendo de alta, diante das incertezas políticas domésticas e do cenário externo mais desafiador.

O chamado RTI é o destaque desta quinta-feira, mas não deve trazer novidades em relação ao conteúdo da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), conhecido na terça-feira. O documento de hoje deve apenas repetir a indicação de que o cenário básico prescreve manutenção da taxa básica de juros.

A novidade, portanto, deve ficar mesmo com a coletiva de imprensa de Ilan, após a divulgação do documento. Depois que o Copom se absteve em indicar qualquer sinalização sobre a condução da Selic, sem se comprometer com os próximos passos, o mercado financeiro buscará pistas quanto a uma reversão no ciclo (para cima).

Enquanto digerem as possíveis indicações da autoridade monetária, os investidores também monitoram eventuais novidades no quadro eleitoral. Às 10h, a CNI divulga a mais recente pesquisa Ibope com as intenções de voto para as eleições presidenciais. O levantamento foi realizado entre a quinta-feira passada e o último domingo em todo o país.

Contudo, a pesquisa eleitoral ainda não deve trazer uma definição do cenário político, reforçando a percepção de que a corrida eleitoral segue em aberto, com os candidatos embolados na segunda colocação, oscilando dentro da margem de erro, nos cenários que contemplam ou não o ex-presidente Lula.

Aliás, o líder petista segue no radar do investidor, após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin encaminhar o pedido de liberdade feito pela defesa do ex-presidente para o plenário da Corte. A pauta só deve ser votada na volta do recesso do judiciário, em agosto.

Mas a decisão da 2ª Turma do STF pela liberdade provisória do ex-ministro José Dirceu já desagradou. Se solto e ainda inelegível, Lula pode interferir no pleito de outubro, atuando como cabo eleitoral forte de algum candidato que, na visão do mercado financeiro, seria menos comprometido com reformas estruturais e ajuste fiscal.

A agenda de indicadores e eventos econômicos domésticos do dia traz ainda o IGP-M de junho, também às 8h. No exterior, o destaque é a última leitura do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos no primeiro trimestre deste ano (9h30), que deve confirmar a estimativa anterior, de +2,2%. No mesmo horário, saem os pedidos semanais de auxílio-desemprego feitos no país.

À espera desses números, Wall Street engata uma recuperação, mas sem forças para embalar o pregão europeu, após uma nova sessão negativa na Ásia, com o principal índice acionário da região caindo ao menor nível em nove meses. As bolsas e moedas emergentes têm mais um dia de perdas, com o índice MSCI caindo à mínima em quase um ano.

Com o dólar ganhando terreno, as commodities ficam mais fracas. O petróleo devolve parte da alta, após atingir o maior nível em mais de três anos. Os metais básicos também recuam.

Na China, a queda acentuada do yuan (renminbi) desde a maxidesvalorização de 2015 adiciona uma nova dimensão às já desgastadas tensões com os EUA. A Casa Branca não amenizou a linha dura do discurso em relação ao comércio internacional, o que mantém os investidores receosos com as implicações comerciais com parceiros dos EUA.

Ou seja, a abordagem norte-americana seguirá sendo de confronto, sem adotar restrições mais suaves - seja contra a China ou contra os aliados europeus, no que diz respeito às investidas protecionistas. Já é, portanto, uma guerra comercial.

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