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Agenda ganha força, mas coronavírus segue no radar


A agenda econômica ganha força nesta sexta-feira, trazendo dados de inflação no Brasil (IPCA) e sobre o emprego nos Estados Unidos (payroll). Porém, a reação do mercado financeiro aos números deve ser esvaziada, já que tanto o Federal Reserve (Fed) quanto o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiram interromper o ciclo de cortes nos juros.


Com isso, o foco dos investidores deve continuar concentrado no impacto do surto de coronavírus na economia global. Nos últimos dias, os ativos de riscos abandonaram totalmente a cautela, mesmo com a disseminação da doença na China, que soma mais de 31,2 mil casos, com 637 mortes e 1.605 pessoas que se recuperaram, no dado mais recente.


Parecia até que o comportamento dos ativos funcionasse como um porto seguro, com os mercados globais contando com o apoio do Fed para sustentar a exposição mais arriscada. Assim, apesar de uma série de sintomas indicando os efeitos colaterais do coronavírus na economia global, Wall Street alcançava recordes de alta e parecia estar dizendo que está tudo bem com o mundo.


Nem tanto. As bolsas asiáticas fecharam no vermelho hoje - exceto Xangai, que subiu 0,33%, com os investidores à espera dos números da balança comercial chinesa em janeiro, no fim do dia. O sinal negativo também prevalece entre os índices futuros das bolsas de Nova York nesta manhã, o que contamina as praças europeias, enquanto o petróleo alterna altas e baixas e o dólar segue firme.


Aliás, a moeda norte-americana encerrou a sessão local ontem colada à máxima histórica, perto de R$ 4,29, em meio às fortes saídas de recursos externos do Brasil. Afinal, se o retorno pago pelos juros domésticos já não era atrativo em 4,50%, tornou-se menos ainda com a Selic a 4,25%. As sucessivas e massivas retiradas de capital estrangeiro da Bolsa brasileira, que já somam R$ 23 bilhões neste início de ano, pesam ainda mais no câmbio.


Alerta na economia


Já no Velho Continente, o tombo da produção industrial alemã em dezembro, -3,5%, contrariando a previsão de ligeira alta de 0,1%, e o crescimento abaixo do esperado das exportações da Alemanha no mesmo mês pressionam ainda mais os negócios na região. Ao mesmo tempo, os investidores monitoram a pausa prolongada na segunda maior economia do mundo.


Empresas e fábricas continuam fechadas em Wuhan, epicentro da doença, e em várias outras regiões da China, o que deve castigar o crescimento econômico neste trimestre. As previsões apontam uma desaceleração para 4,5%, de 6,0% em igual período do ano passado, atingindo outros países dependentes da atividade e do consumo chinês, o que afeta o desempenho das commodities industriais.


Afinal, cadeias mundiais de suprimentos foram interrompidas. As companhias aéreas cancelaram voos de e para a China. Até os cassinos na região autônoma de Macau fecharam suas portas. Enquanto isso, os consumidores estão trancados em casas, com várias áreas no país completamente isoladas, o que só faz crescer o número de empresas alertando sobre o impacto do vírus em seus negócios. Ontem, foi a vez da Nike, hoje, da Burberry.


Os mercados financeiros não são infectologistas, mas com o número de infectados e mortes por coronavírus na China ainda subindo, uma redução da exposição ao risco antes do fim de semana parece ser a recomendação. É preciso cautela, pois, talvez nem mesmo o Fed e o Banco Central chinês (PBoC) sejam capazes de fazer o que for necessário para resgatar a economia de quaisquer efeitos indesejáveis do coronavírus.


IPCA e payroll em destaque


Na agenda econômica do dia, merece atenção o resultado de janeiro do índice oficial de preços ao consumidor (IPCA), que deve mostrar forte desaceleração, após a alta “salgada”, de mais de 1% em dezembro. A previsão é de avanço de 0,35% no mês passado, com o choque nas proteínas já se dissipando e sem efeitos secundários.


Porém, a taxa acumulada em 12 meses até janeiro deve seguir acima da meta de 4% perseguida pelo Banco Central para este ano, em 4,35%. Os dados efetivos serão conhecidos às 9h. Antes, às 8h, sai o IGP-DI do mês passado, que também deve mostrar forte desaceleração (+0,3%), com o resultado acumulado ainda pressionado (+7,9%).


Já nos EUA, o foco se volta para o chamado payroll. A previsão é de criação de 165 mil vagas em janeiro, após a abertura de 145 mil postos de trabalho em dezembro, o que tende a manter a taxa de desemprego em 3,5%. Em relação aos salários, os ganhos médios por hora devem subir 0,3% no mês e +3,0% em base anual, a US$ 28,40.


Os números oficiais serão conhecidos às 10h30. A agenda econômica norte-americana do dia traz ainda os estoques no atacado dos EUA (12h) e os dados sobre o crédito ao consumidor (17h), ambos referentes ao mês de dezembro.


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