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Ela disse, ele disse


Os mercados financeiros estão em compasso de espera pelo discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell (10h30), na Câmara dos Estados Unidos. Será a primeira vez, desde que assumiu o cargo em substituição à Janet Yellen, que ele irá falar em público e os investidores vão observar atentamente como o novo comandante do Fed irá se comportar à frente do ciclo de alta da taxa de juros norte-americana.

A principal questão é saber se haverá alguma diferença em relação à postura suave ("dovish") adotada pela antecessora, que deu fim à era de juro zero nos EUA e conduziu o aperto monetário defendendo o gradualismo ao longo do processo. A dúvida é saber se esse ritmo espaçado se mantém em meio à aceleração do crescimento econômico norte-americano e à proposta de corte de impostos e aumento dos gastos públicos.

Se diante desse cenário, o Fed frisar que pode haver aumento da pressão inflacionária e solidez do mercado de trabalho, isto implicará, possivelmente, em mais espaço para altas de juros nos EUA nos próximos trimestres. Do contrário, se nem a expansão forte do mundo nem a reforma tributária do governo Trump for suficiente para elevar os índices de preços ao consumidor ou reduzir a geração de emprego, o Fed segue o curso.

Portanto, vai ser interessante notar como Powell vê a política fiscal expansionista do presidente norte-americano, Donald Trump, combinada com uma economia de pleno emprego - e, por ora, sem aumento da inflação. Nesse cenário, é fundamental saber como o chairman do Fed vê a taxa neutra - aquela que nem acelera nem freia a atividade econômica.

O debate sobre o ritmo de aperto da política monetária nos EUA segue acalorado e a aposta em Wall Street é de que Powell não irá surpreender com um tom duro ("hawkish"). Se houver alteração nesse cenário, com mais aumentos do que o esperado pelo Fed em 2018, isso pode retirar recursos hoje alocados em países emergentes, influenciando também no plano de voo do Banco Central brasileiro.

Por ora, as apostas em relação à taxa básica de juros brasileiro estão divididas com uma ligeira vantagem de um novo corte de 0,25 ponto percentual (pp) na Selic no mês que vem. Porém, as expectativas dos investidores para a trajetória de queda dos juros está restrita ao curto prazo. No longo prazo, tudo vai depender do cenário político e as chances de uma candidato com viés reformista vencer.

A percepção no mercado doméstico é de que a assimetria entre os candidatos é clara e positiva, pois quase todas as forças políticas se movem na mesma direção. Seja Jair Bolsonaro, Geraldo Alckmin, Henrique Meirelles ou Rodrigo Maia, todos estão correndo para mostrar o mesmo discurso liberal (no sentido brasileiro) para o governo eleito a partir de 2019.

De volta ao calendário econômico dos EUA, saem também os pedidos de bens duráveis em janeiro (10h30); os preços de imóveis residenciais em dezembro e a confiança do consumidor neste mês (11h). Na Europa, também serão conhecidos índices sobre o sentimento econômico, logo cedo, além da leitura preliminar da inflação ao consumidor alemão.

Na Ásia, destaque para os resultados finais deste mês sobre o desempenho da atividade nos setores industrial e de serviços na China. Já no Brasil, a agenda econômica doméstica traz a sondagem do comércio neste mês (8h), além da nota do BC sobre as operações de crédito no país (10h30) e das contas do governo central, ambos referente ao mês passado.

Na safra de balanços, destaque para o resultado da Vale no quarto trimestre e também no acumulado de 2017, após o fechamento do pregão local. A expectativa é de que o lucro da mineradora tenha subido 12,5%, a US$ 2,5 bilhões, nos três últimos meses do ano passado, em meio aos maiores custos de produção e preços médios mais baixos.

À espera desses eventos do dia, os índices futuros das bolsas de Nova York estão no vermelho, ao passo que o dólar recua em relação às moedas de países desenvolvidos e emergentes. Já o rendimento (yield) dos bônus soberanos europeus e norte-americanos avança. As principais bolsas da Europa estão sem rumo único, após uma sessão mista na Ásia, com ganhos em Tóquio, mas perdas na China. Nas commodities, o petróleo também aguarda em baixa os dados sobre os estoques nos EUA e os metais básicos ensaiam alta.

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