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Em fevereiro, tem Previdência


Fevereiro tem início hoje e logo o carnaval está aí, quando o ano começa para valer no Brasil. Ao menos em Brasília, onde o Congresso volta aos trabalhos na semana que vem e retoma as negociações em torno da reforma da Previdência, prevista para ser votada após a folia nas ruas. Até lá, os mercados domésticos podem passar por alguma turbulência, à medida que começarem a sair os números de votos favoráveis à matéria.

O governo ainda não reúne os 308 votos necessários para passar o texto sobre as novas regras para aposentadoria ao Senado e, por isso, segue negociando com a base aliada por mais apoio. Se conseguir aprovar, os ativos locais podem passar por uma nova onda de otimismo, com o dólar podendo ir abaixo de R$ 3,10 e a Bolsa encostando nos 90 mil pontos, após a moeda norte-americana registrar em janeiro a maior queda em seis anos e o Ibovespa garantir o melhor resultado para o mês em 12 anos. Por outro lado, a não aprovação significa pressão na moeda e nas ações.

O presidente Michel Temer ainda fala em aprovar a reforma da Previdência em fevereiro. Já o presidente da Câmara, o deputado Rodrigo Maia, avisou que não aceitará ser responsabilizado em caso de derrota na votação e afirmou que uma "reforma possível" tem de ser aprovada na Casa neste mês. Depois disso, a pauta no Congresso passa a ser eleitoral, tratando de projetos de ajuste econômico e de segurança pública, com vistas aos votos nas urnas em outubro.

Ainda mais depois que a pesquisa Datafolha não trouxe nenhuma novidade no cenário eleitoral deste ano, mas deixou uma mensagem clara: os eleitores não apostam em um candidato de centro, com viés reformista, como opção para o governo a partir de 2019. Mais que isso, os principais nomes que lideram a corrida presidencial são essencialmente contra as reformas.

Ou seja, os eleitores não parecem dispostos em votar a favor de um representante da continuidade do que foi feito até aqui pelo governo Temer. No fim da contas, um candidato mais "ao centro", que possa manter a agenda de reformas em pauta, não parece ganhar forças nos próximos meses. Por isso, os mercados domésticos precisam gerenciar alguns riscos latentes aos negócios locais vindo do front político de agora em diante.

Outro ponto de tensão vem do exterior, após o tom mais duro ("hawkish") adotado pelo Federal Reserve ao final da última reunião comandada por Janet Yellen. O Banco Central dos Estados Unidos preparou o terreno para a primeira alta na taxa de juros norte-americana em 2018, que deve acontecer já em março, após reconhecer uma expansão mais forte da economia do país e mostrar maior confiança no avanço da inflação rumo à meta de 2%.

Essa sinalização tende a afetar o fluxo de recursos aos ativos emergentes, inclusive os brasileiros. Mas, por ora, a ênfase dada pelo Fed para novos aumentos no custo do empréstimo nos EUA neste ano não inibe os índices futuros das bolsas de Nova York, que sinalizam um início de mês no positivo, após os ganhos acelerados apurados em janeiro, que marcou o melhor início de ano em Wall Street desde 1997.

As principais bolsas asiáticas também começaram fevereiro em alta. A exceção ficou com a Bolsa da Índia, onde o índice Sensex e a rupia caíram, após relatos de que o governo do país estuda taxar os ganhos de capital de longo prazo sobre investimentos em ações. As bolsas da China também recuaram, sendo que o índice Xangai Composto registrou a pior semana desde 2016.

Na Europa, o sinal é misto, com os investidores divididos entre as perspectivas de crescimento econômico global e do lucro das empresas e as preocupações com a recente agitação no mercado de bônus soberanos. O rendimento (yield) do título de 10 anos dos EUA (T-note) segue nos maiores níveis desde 2014, após o recado do Fed. O movimento fortalece o dólar, que ganho terreno das moedas europeias e de países emergentes, o que tira o vigor das commodities. O barril do petróleo tipo WTI está de lado, cotado levemente abaixo de US$ 65, ao passo que metais básicos, como o cobre, recuam.

Dados de atividade nos Estados Unidos e na zona do euro recheiam a agenda econômica no exterior nesta quinta-feira. Também são esperados números sobre o mercado de trabalho norte-americano, como o custo e a produtividade da mão de obra, além das solicitações de seguro-desemprego no país.

No Brasil, o calendário do dia traz o desempenho da indústria em dezembro e no acumulado de 2017. A estimativa é de que a produção industrial nacional tenha crescido pelo quarto mês consecutivo, em +2,00% em relação a novembro. Na comparação com um ano antes, o avanço deve ser de 3,50%, na oitava alta seguida.

Os resultados efetivos serão divulgados pelo IBGE às 9h. Antes, às 8h, sai o resultado de janeiro do índice de preços ao consumidor (IPC), calculado pela FGV. À tarde, será conhecido o desempenho da balança comercial em janeiro (15h). Na safra de balanços, destaque para o resultado financeiro do Bradesco, antes da abertura do pregão.

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