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Foi assim....


2017 chegou ao fim ontem para os mercados domésticos e garantiu rendimentos de quase 30% à Bovespa, no segundo ano seguido de valorização expressiva da renda variável, com o dólar segurando-se ao redor de R$ 3,30, no mesmo nível em que fechou no ano passado, apesar da turbulência que atingiu os ativos locais em meados de maio com a delação da JBS. Hoje, os investidores trocaram as mesas de negócios pelos preparativos para o ano novo e carregam um forte anseio de que tudo melhore em 2018.

Por mais que a expectativa seja de que o Brasil passará os próximos meses sem atropelos, pode-se adiantar somente que o ano que vem será bem mais animado...e desafiador. A começar pela tentativa do governo de angariar apoio e aprovar a reforma da Previdência no Congresso Nacional antes do período de definição dos candidatos para as eleições presidenciais, em abril.

Aliás, o pleito de outubro deve dominar a movimentação dos mercados domésticos. No curto prazo, as atenções se concentram no dia 24 de janeiro, quando pode ser definido o futuro político de Luiz Inácio Lula da Silva. Mas é muito simplista pensar que uma decisão judicial contra o ex-presidente será o fim da novela, tornando-o inelegível. A batalha de recursos pode durar até depois das eleições, sem tirar Lula da disputa.

Portanto, a agenda política seguirá pesada logo no início do próximo ano, diante do julgamento de Lula e das promessas de votação das novas regras para a aposentadoria, com impactos relevantes nos negócios locais. Essas duas variáveis devem indicar se o tom reformista é passível de sucesso durante a campanha eleitoral em 2018 ou se um viés populista ainda pode emplacar.

Do lado econômico, basta olhar as projeções de especialistas para os principais indicadores do país e ver que o Brasil terá um 2018 virtuoso, imune a todo esse contexto político nervoso e também a qualquer provável reversão de cenário no exterior. Segundo o relatório Focus do Banco Central, a economia brasileira (PIB) vai crescer bem mais no ano que vem, com inflação (IPCA) novamente comportada e juros (Selic) ainda mais baixos.

Essa perspectiva, porém, ofusca outros números nada animadores da economia brasileira, como o rombo das contas públicas e o desemprego. Além disso, encobre o peso no orçamento familiar dos recorrentes aumentos nos preços de energia (combustível, conta de luz e botijão de gás), sendo que em menos de seis meses a gasolina foi reajustada 116 vezes (61 para cima e 55 para baixo) Do lado fiscal, a dinâmica ainda ruim das receitas, com a arrecadação do governo seguindo aquém do esperado e insuficiente para cobrir as despesas, mantém no radar a possibilidade de aumento de impostos em 2018.

Já em relação ao emprego, a geração de vagas tem ocorrido mais na informalidade, precarizando as condições de trabalho. Os números do governo no primeiro mês de vigência das novas regras trabalhistas reforçam essa visão. Afinal, novembro interrompeu sete meses seguidos de saldo positivo de contratações e marcou o fechamento de mais de 12 mil vagas. Além disso, com a criação de novos regimes de admissão, cerca de 3 mil trabalhadores foram contratados sem horário fixo de trabalho (regime intermitente), deixando o funcionário à disposição da empresa.

Os dados do IBGE conhecidos nesta sexta-feira corroboram esse cenário. Apesar da queda da taxa de desemprego a 12%, o menor nível desde o fim do ano passado, a redução da população desocupada, que soma 12,6 milhões de pessoas, tem se dado pelo crescimento de empregados no setor privado sem carteira de trabalho assinada e também pelo aumento de trabalhadores por conta própria. Já a renda média tem se mantido estável, ao redor de R$ 2,1 mil por mês.

No exterior, Wall Street abre hoje pela última vez em 2017 e deve apenas consolidar a valorização dos índices acionários norte-americanos. Ao longo do ano, o Dow Jones cravou sucessivos patamares inéditos de pontuação, acumulando a marca histórica de cerca de 70 recordes de alta. Um pouco atrás, o S&P 500 fechou em nível recorde um pouco mais de 62 sessões deste ano, acumulando alta ao redor de 20% no período, no melhor desempenho desde 2013.

Lá fora, 2018 também promete fortes emoções, indo desde agitações políticas – na Europa e na Ásia – até reversão dos estímulos adotados pelos principais bancos centrais, com a taxa de juros norte-americana subindo ao menos mais três vezes, reduzindo ainda mais a liquidez de recursos pelo mundo. Sob nova direção, o Federal Reserve deve manter o ritmo gradual de aperto monetário, apesar do corte de US$ 1,5 trilhão em impostos às empresas e cidadãos nos Estados Unidos, o que tende a acelerar o ritmo de crescimento econômico do país.

A China, por sua vez, passou o ano de 2017 fora do radar do mercado financeiro, à medida que os indicadores econômicos confirmaram a estabilização da atividade, com os setores industrial e de serviços crescendo a taxas elevadas, porém estáveis, sem pressionar a inflação. A segunda maior economia do mundo deixou claro que resolveu abraçar a globalização, pleiteando o papel de guardiã do comércio mundial, em meio ao viés protecionista de Donald Trump.

Tudo isso (e o que surgir de "fato novo") será assunto das próximas publicações diárias. Até lá!

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