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Malvado favorito


O placar e o comunicado. Os mercados domésticos só terão olhos para o resultado final da votação na Câmara, que arquivou o processo envolvendo o presidente Michel Temer com 251 votos de deputados a favor e 233 contra, e também para as palavras do Comitê de Política Monetária (Copom), que indicou que a que dos juros não acaba agora.

O total de votos dos deputados ontem era importante porque serve de termômetro do apoio de Temer na Câmara para apreciar medidas impopulares e garantir o andamento da reforma da Previdência ainda neste ano. Porém, há quem diga que o placar não é muito eficiente para projetar o avanço da agenda econômica ("positiva") no Congresso.

Afinal, houve muitos parlamentares "oportunistas", que mudaram a posição do voto sabendo que o placar alcançaria o mínimo necessário (172) para arquivar o processo contra Temer, iludindo a opinião pública. A acusação foi feita no próprio plenário da Casa por um deputado da oposição, que evitou citar nomes.

Além disso, muitos que declararam apoio ao presidente já se manifestaram contrários às mudanças de idade mínima e tempo de contribuição para se aposentar, por exemplo. Dessa forma, a vitória magra de Temer sinaliza que o Executivo está refém do Legislativo - e não necessariamente fragilizado. Portanto, o desafio é reunir apoio para retomar a pauta.

Os investidores podem, então, reagir de modo positivo ao arquivamento de mais uma denúncia contra Temer no Congresso, mas sem deixar de lado a cautela. Afinal, não está claro se a base aliada é suficiente para aprovar as próximas medidas do ajuste fiscal nem se ainda há chance de aprovação de novas regras para a aposentadoria pelo atual governo.

Atento a isso, o Copom sinalizou que deve continuar cortando a taxa básica de juros em dezembro, em um ritmo ainda mais suave que a queda de 0,75 ponto porcentual (pp) promovida ontem, abrindo a porta para a Selic encerrar 2017 no menor nível da história, a 7%. O comunicado diz que na próxima reunião deve haver uma nova "redução moderada".

Contudo, o Banco Central esquivou-se em encerrar o debate sobre até onde a Selic pode cair, permanecendo a dúvida sobre se o ciclo de cortes se encerra neste ano ou se continua no ano que vem. Com a decisão, o Brasil segue como o terceiro maior pagador de juros reais do mundo, atrás apenas da Turquia e da Rússia.

A quinta-feira também é dia de decisão de política monetária no exterior, com o anúncio sendo feito pelo Banco Central Europeu (BCE), às 9h45. A expectativa é de que seja anunciada uma redução no ritmo de compras mensais de bônus, atualmente em 60 bilhões de euros, e que esse programa seja encerrado em 2018 - talvez no segundo semestre.

Mais detalhes sobre a retirada gradual de estímulos na região da moeda única devem ser dados pelo presidente do BCE, Mario Draghi, em entrevista coletiva de imprensa, às 10h30. Já nos Estados Unidos, saem os pedidos semanais de auxílio-desemprego (10h30) e as vendas pendentes de imóveis residenciais em setembro (12h). A temporada de balanços norte-americano traz os resultados de gigantes do setor de tecnologia, como Google e Microsoft.

À espera desses eventos econômicos, os mercados internacionais redobram a cautela. Os índices futuros das bolsas de Nova York estão de lado, assim como o dólar, em uma sessão ainda com poucos movimentos por parte dos investidores. Ainda assim, prevalece um ligeiro viés negativo para os negócios.

No Brasil, a agenda do dia está carregada e traz como destaque os números das contas públicas (governo central) em setembro, às 14h30. O resultado até setembro já indica que o déficit conjunto do Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social está, aos poucos, se aproximando da meta negativa de R$ 159 bilhões e os dados de hoje tendem a reforçar esse cenário.

Pela manhã, serão conhecidos a confiança e os custos da construção (8h) em outubro, os preços nas portas das fábricas (IPP) em setembro (9h) e o desempenho do setor externo (10h30) no mês passado. Também são esperados números da indústria (11h), no mesmo período.

Na safra de balanços, destaque para os resultados trimestrais da Vale e da Ambev, antes da abertura do pregão. Para a mineradora, a previsão é de um desempenho forte, diante dos preços mais elevados do minério de ferro e do maior volume de vendas da commodity. Com isso, o lucro líquido deve alcançar a marca de R$ 2,5 bilhões.

Já a gigante de bebidas não deve tirar proveito no aumento de preços de cervejas. Após o fechamento do pregão, destaque para os demonstrativos contábeis de CCR e Pão de Açúcar. A empresa de concessão de rodovias deve apresentar resultados mais robustos, diante do aumento do tráfego nas estradas e do reajuste tarifário nas praças de pedágio.

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