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Tudo dentro do esperado


Os dados econômicos da China mostraram um ritmo sólido de crescimento, mas o impacto nos mercados internacionais é inexpressivo, com os ativos de risco perambulando, uma vez que os cenários projetados vêm sendo confirmados. Os investidores fazem, então, uma pausa nos negócios para avaliar os riscos e aproveitam a oportunidade para embolsar os ganhos recentes, o que também deve ser observado no pregão local.

A produção robusta das fábricas chinesas e os gastos do consumidor garantiram uma expansão de 6,8% do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, o que representa uma ligeira desaceleração ante a taxa de 6,9% registrada entre abril e junho. Em setembro, as vendas no varejo cresceram 10,3% e a indústria avançou 6,6% na China, praticamente em linha com o previsto.

Com a economia chinesa ainda “bombando”, esperava-se um novo rali entre as commodities, mas o petróleo e os metais básicos estão no campo negativo nesta manhã, o que deve afetar a Bovespa e o real, por aqui. Lá fora, os índices futuros das bolsas de Nova York estão no vermelho, após uma sessão mista na Ásia, o que contamina a abertura das praças europeias.

O Velho Continente espera para hoje uma desistência da Catalunha sobre as reivindicações de independência. O euro ensaia ganhos em relação ao dólar, mas o destaque entre as moedas é o yuan chinês (renminbi), que caiu mesmo após o Banco Central local (PBoC) sinalizar a entrada de recursos estrangeiros no país em seu balanço de pagamentos pela primeira vez desde outubro de 2015.

No discurso de abertura do 19º Congresso Nacional do Partido Comunista da China (PCC), na quarta-feira, o presidente chinês, Xi Jinping, invocou um sentimento de grandeza do país, capaz de desenvolver soluções para os problemas de um modo diferente do ocidental. Isso significa que a reforma das empresas estatais não necessariamente deve ser acompanhada de um amplo programa de privatização.

Da mesma forma, reestruturar a dívida dos governos regionais não precisa ser acompanhada de um maciço corte de gastos. Além disso, a inovação das empresas não precisa ser baseada em um mercado livre. O líder do PCC e presidente do país propõe, com isso, uma nova era para a China, buscando equacionar um desenvolvimento econômico desequilibrado e a busca das pessoas por melhor qualidade de vida.

Assim, a segunda maior economia do mundo visa enfrentar problemas típicos de países emergentes, colocando ênfase na distribuição inadequada de renda e se afastando de um foco centrado apenas no crescimento econômico. Nesse cenário, alguns sacrifícios à expansão são permitidos, inclusive com taxas menores para o PIB, porém mais estáveis.

Mesmo sem grande influência nos mercados, o noticiário envolvendo a China é o grande destaque desta quinta-feira, diante da agenda econômica esvaziada no Brasil. Nos Estados Unidos, o calendário também está mais fraco e traz dados sobre a atividade regional na Filadélfia e os pedidos semanais de auxílio-desemprego, ambos às 11h30.

Por aqui, o pano de fundo é a trégua no noticiário político, agora que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, é novamente aliado do Palácio do Planalto e depois que a operação de salvamento do senador Aécio Neves realimentou as expectativas de votação da reforma da Previdência ainda neste ano.

O governo está prometendo a pauta para novembro. Mas uma coisa é apoiar um político que é investigado, assim como muitos outros parlamentares no Congresso, e outra é dar suporte a propostas polêmicas sobre a aposentadoria, que podem afetar na decisão de voto do eleitorado no ano que vem.

Um termômetro da autopreservação de deputados e senadores será a votação das medidas de ajuste ao Orçamento de 2018, em especial aquelas que cortam gastos nas despesas com os servidores. O tema deve ser colocado em pauta logo após a votação da denúncia contra o presidente Michel Temer no plenário da Câmara, o que deve acontecer na próxima semana.

Ontem, após o debate do parecer da denúncia na CCJ, foi aprovado o relatório que recomenda o arquivamento da segunda denúncia, por 39 votos a 26. A palavra final será dada em plenário e, por mais que o governo possa perder votos em relação à primeira denúncia, não restam muitas dúvidas de que Temer seguirá no cargo. Mesmo com um placar abaixo do previsto, o cenário em Brasília também caminha dentro do esperado.

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