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Apesar de tudo, mercado avança


A reação dos mercados domésticos à revisão das metas fiscais deste e dos próximos anos foi razoavelmente positiva, com os investidores relegando os riscos evidentes de estouro das contas públicas à frente. O "lobby" do ministro Meirelles (Fazenda) junto às agências de rating garantiu certa benevolência até o fim do ano, sob a condição de aprovação da reforma da Previdência, que pode até mudar a perspectiva da nota de crédito do Brasil.

Mas é ingênuo (e arriscado) acreditar que a pauta de mudanças na idade mínima para aposentadoria e na concessão de benefícios avançará, diante da possibilidade de “fatos novos” e da cobrança dos “fiéis” por recompensa pelo apoio ao governo. O próprio presidente da Câmara, Rodrigo Maia, tem dito que hoje não há condições para aprovar a proposta, o que demanda novas concessões, inflando os cofres públicos.

Aliás, assim que a nova meta fiscal de 2017 for aprovada pelo Congresso, elevando o déficit primário em R$ 20 bilhões, as emendas parlamentares poderão ter um reforço de mais de R$ 1 bilhão até dezembro. Ou seja, as cotas das bancadas e dos próprios deputados para o financiamento de projetos ficarão maiores com a liberação de gastos. Enquanto isso, 4 milhões de pessoas voltaram à linha da pobreza no país...

O governo avalia ser possível os deputados votarem a reforma da Previdência no início de outubro, exatamente um ano antes das eleições no país. Por isso, a reforma que tem concentrado os esforços dos parlamentares é outra, a política. Ontem, a Câmara bem que tentou, mas acabou sendo obrigada a adiar a votação do "distritão" e do fundo bilionário para campanhas eleitorais, por falta de quórum.

A decisão ficou para a semana que vem, evidenciando que no discurso o governo tenta manter a expectativa quanto ao avanço das novas leis da seguridade social. Mas, na prática, os planos são bastante complicados. Ciente disso, o presidente Michel Temer toma café da manhã com pastores evangélicos durante a Expo Cristã, em São Paulo. Meirelles também está na capital paulista, porém, sem compromissos públicos.

Entre os indicadores econômicos, merece atenção o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) em junho (8h30), além de dados regionais da inflação ao consumidor (8h) e do mercado de trabalho (9h). O indicador do BC deve reforçar a indicação deixada pelos números do varejo e do setor de serviços, de estabilização do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre deste ano, com um ligeiro viés positivo.

No exterior, os mercados internacionais ainda ecoam o tom suave ("dovish") trazido na ata da reunião de julho do Federal Reserve, porém, sem o mesmo entusiasmo observado na véspera. As principais bolsas europeias e os índices futuros das bolsas de Nova York estão no vermelho, após uma sessão mista na Ásia, com os investidores digerindo as sinalizações do Fed.

Ontem, o Banco Central dos Estados Unidos sinalizou que não tem pressa no aperto monetário, o que esvazia as apostas de nova alta na taxa de juros do país ainda neste ano. O Fed disse que é preciso ter "paciência" e indicou que a inflação está fraca e a economia, menos aquecida, podendo ser preciso interromper o processo de aumento no custo do empréstimo até que esteja clara uma tendência para os preços e a atividade no país.

Ainda assim, os integrantes do Banco Central dos EUA disseram estar preparados para iniciar a redução do balanço patrimonial, o que pode acontecer já na reunião de setembro. O Fed deve dar pistas adicionais sobre o momento exato em que começará a enxugar a exposição em títulos soberanos no famoso simpósio de Jackson Hole, no fim deste mês.

Logo mais, às 8h30, é a vez do Banco Central Europeu (BCE) publicar a ata da reunião do mês passado, que também pode dar pistas sobre a retirada dos estímulos monetários lançados na região da moeda única. Antes, sai a leitura final da inflação ao consumidor (CPI) em julho na zona do euro.

A agenda econômica no exterior também traz como destaque os números da produção industrial norte-americana em julho (10h15). Antes, saem os pedidos semanais de auxílio-desemprego feitos nos EUA (9h30) e, depois, é a vez dos indicadores antecedentes de julho (11h).

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