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Esperando Janot


O mês de junho vai chegando ao fim, levando consigo o segundo trimestre deste ano e também a primeira metade de 2017, mas as incertezas no front político estão longe de acabar. Enquanto a expectativa dos mercados domésticos recai na aprovação da reforma trabalhista na última comissão do Senado, encaminhando o texto ao plenário, as atenções do governo estão voltadas à denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR).

O procurador-geral, Rodrigo Janot, tem até amanhã para decidir se denuncia o presidente Michel Temer com base na delação da JBS ou se arquiva o caso. É possível que a peça seja protocolada ainda hoje e a expectativa é de que Janot classifique Temer como o “chefe de organização criminosa”, usando o mesmo termo já citado por Joesley Batista, o que enfraquece a ação do presidente contra o empresário.

Temer também pode responder pelos crimes de corrupção passiva e obstrução da Justiça, com base nas delações de executivos da JBS. Com a conclusão da perícia técnica no aparelho e no áudio da gravação feita por Joesley, que chega hoje à PGR, os próximos episódios da crise política em Brasília prometem esquentar o clima de tensão, com o presidente entrando em mais uma semana decisiva.

No Congresso, as movimentações para barrar o andamento da denúncia na Câmara seguem intensas. O desejo do governo é de uma ação rápida contra a denúncia de Janot, pois quanto mais se estender a questão, maior será o desgaste político e a duração da crise política, afetando o cronograma de votação das reformas.

Mas os próprios governistas admitem que não será tarefa fácil suspender o recesso para defender o presidente. Tampouco é garantia de que ao menos 172 deputados irão se comprometer em defender o presidente mais impopular da história do país pouco antes das eleições de 2018, pois da mesma forma que o presidente, o Congresso é desaprovado pela população em igual número.

Além disso, não se sabe ainda como será apresentada a denúncia de Janot, se fatiada ou uma única peça, nem quando chegará ao Congresso, o que pode ameaçar a intenção do Palácio do Planalto de liquidar a questão em três semanas. Ainda que a estratégia do governo funcione, as condições dos parlamentares em avaliar Temer estão em xeque.

Afinal, um quinto dos 66 titulares que julgarão a procedência da denúncia foram citados nas delações de JBS e Odebrecht e/ou estão em planilhas de pagamento de propina. Ou seja, muitos estão na mira da Operação lava Jato e dependem da manutenção de Temer na Presidência para preservarem a própria pele.

No Senado, a última comissão a avaliar a reforma trabalhista vota a matéria na quarta-feira, abrindo caminho para a apreciação pelo plenário da Casa até meados de julho. Ontem, Temer esteve reunido com aliados para tratar da aprovação da matéria na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Mas o encontro, que durou cerca de duas horas, não contou com a presença de nenhum senador. Estavam presentes ministros e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, além dos líderes do governo no Congresso e na Câmara.

Na agenda econômica, a semana reserva as notas do Banco Central sobre as operações de crédito (quarta-feira) e as contas públicas (sexta-feira). Entre os indicadores, destaque para o resultado do mês do IGP-M (quinta-feira) e para a taxa de desemprego (Pnad) até maio (sexta-feira). Hoje, saem a confiança do consumidor brasileiro (8h) e a pesquisa semanal do BC com o mercado financeiro (8h25).

Já no exterior, o calendário está carregado. Nos Estados Unidos, destaque para a terceira e última leitura do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre deste ano, na quinta-feira. Antes, têm as encomendas de bens duráveis (9h30) e a confiança do consumidor norte-americana (amanhã). Depois, na sexta-feira, é a vez da renda pessoal e dos gastos com consumo, além do índice de preços PCE, que é o preferido do Federal Reserve.

Na Europa, destaque para a inflação ao consumidor (CPI), no mesmo dia, enquanto na noite anterior, a China anuncia os dados de atividade na indústria e no setor de serviços em junho. Também são esperados os discursos dos presidentes dos bancos centrais dos EUA, Janet Yellen, amanhã, e da zona do euro, Mario Draghi, hoje.

À espera desses eventos econômicos, os mercados internacionais promovem os ajustes finais antes do fim do mês e do primeiro semestre deste ano. O avanço do petróleo pela terceira sessão seguida - o que ainda não foi capaz de trazer o preço do barril da commodity para a faixa de US$ 45 - anima os negócios nas bolsas.

As ações de petrolíferas lideram os ganhos em Londres, interrompendo quatro pregões consecutivos de perdas do índice britânico FTSE 100, que encerrou a sexta-feira passada no menor nível em duas semanas. Os índices futuros das bolsas de Nova York também estão em alta, após uma sessão de ganhos na Ásia, liderada pelo setor de tecnologia, mas esvaziada por feriados em vários países da região.

Entre as moedas, a libra esterlina avança pelo quarto dia seguido, em meio às negociações do Reino Unido pela saída da União Europeia, o que mantém ameaçado o cargo da primeira-ministra Theresa May. O euro está estável, mas o iene recua, ao passo que as moedas correlacionadas às commodities medem forças ante o dólar.

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