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Otimismo com a economia se sobrepõe à política


Enquanto o quadro político não estiver afetando a economia, o noticiário vindo de Brasília não deve afetar os mercados domésticos. Ainda mais agora, que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, resolveu adotar uma postura mais "market friendly" e prometeu para breve um plano "fenomenal" de corte de impostos, o que mantém o rali no exterior.

Especulações de que a postura do governo norte-americano contra o comércio exterior foi um pouco exagerada e estaria murchando animam os negócios globais. Os investidores mostram-se menos angustiados quanto às ações de Trump, que agora parece mais disposto em assumir o viés fiscal expansionista, favorecendo o crescimento econômico dos EUA.

Em reação, os índices futuros das bolsas de Nova York seguem no positivo nesta manhã, após o S&P 500 encerrar a semana passada no nível recorde de alta. As bolsas da Ásia também fecharam no azul, com exceção de Xangai (-0,3%), sendo que Hong Kong cravou a maior sequência de ganhos em dois meses. Na Europa, as bolsas iniciam a sessão em alta.

Nas commodities, os metais básicos são destaque. O minério de ferro subiu cerca de 5% na Bolsa chinesa de Dailian, sendo negociado nos maiores níveis em dois anos, ao passo que o cobre também avança, cotado no valor mais alto desde 2013. O petróleo, porém, recua, diante do excesso de oferta, apesar do cartel da Opep atingir 90% do corte na produção.

Entre as moedas, o dólar devolve parte dos ganhos apurados na semana passada, quando interrompeu uma sequência de seis semanas seguidas de queda, a maior desde 2010. A declaração do vice-presidente do Federal Reserve, Stanley Fischer, de que ainda há "significativa incerteza" quanto à política fiscal norte-americana pesa no dólar.

Aliás, o grande destaque da agenda econômica no exterior é o discurso da presidente do Fed, Janet Yellen, amanhã e depois, no Congresso norte-americano. A fala dela, como sempre, pode dar pistas sobre os próximos passos do Banco Central dos EUA em relação ao processo de aumento da taxa de juros no país.

Porém, as declarações de Fischer já deram sinais de que o Fed ainda deve aguardar detalhes do plano que Trump prometeu anunciar nas próximas semanas. As medidas de estímulo estão sendo conduzidas pelo ex-presidente do Goldman Sachs Gary Cohn, que agora é conselheiro econômico do governo, mas as propostas ainda estão sendo analisadas.

Também lá fora serão divulgados dados do Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro (amanhã), números de inflação na China (hoje à noite) e nos EUA (quarta-feira), além de indicadores de atividade (varejo e indústria) na Europa, no Japão e nos EUA. Hoje, o calendário no exterior está mais fraco ao longo do dia.

Internamente, a agenda de indicadores e eventos está intensa, o que deve manter o foco dos mercados domésticos na pauta econômica. A grande questão dos investidores é que, enquanto o noticiário político não atrapalhar o andamento das reformas, não vai fazer preço nos ativos. De qualquer forma, Brasília segue no radar, pois as acusações envolvendo políticos na Lava Jato, as indefinições quanto à composição ministerial do governo e os desdobramentos sobre um áudio que jogaria o nome do presidente Michel Temer "na lama" podem agitar os negócios locais.

Por mais que o governo Temer tenha agido de forma arbitrária para resolver a questão, acionando ministros de Estado para resolver caso de estelionato e extorsão de um hacker, a censura colocada à imprensa na divulgação do fato pode ter tido efeito contrário. Ou não. Em uma típica estratégia de controle do caos, a expectativa é de que aumente o noticiário (e a ação da Justiça) contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta semana.

Assim, é bem verdade que os desdobramentos do ambiente político doméstico devem influenciar de modo mais contundente a dinâmica dos ativos brasileiros nesta semana. Porém, o calendário de indicadores e eventos econômicos dos próximos dias também terá influência significativa nos negócios locais.

O destaque por aqui fica com indicadores de atividade, que podem indicar a necessidade de um ritmo ainda mais acelerada no ciclo de cortes da taxa básica de juros (Selic) a fim de impulsionar a economia real. A agenda começa com os números do comércio varejista em dezembro e no acumulado de 2016, amanhã.

Um dia depois, sai a pesquisa mensal sobre o volume do setor de serviços. Na quinta-feira, é a vez do índice de atividade econômica do Banco Central (IBC-Br) referente ao último mês do ano passado e ao consolidado de 2016, que pode sinalizar o tamanho da queda do Produto Interno Bruto (PIB) no quarto trimestre de 2016 e no período acumulado.

Hoje, o BC publica o relatório de mercado Focus (2018), que pode trazer atualização nas estimativas para a inflação e a taxa de juros em 2017, com o IPCA cada vez mais perto do centro da meta (4,5%) e a Selic já abaixo de 9%. À tarde (15h), saem os números semanais da balança comercial. Na sexta-feira, o BC volta à cena e anuncia a nota do setor externo.

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