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Últimas decisões abalam lua de mel entre Trump e mercado


Janeira vai chegando ao fim com os mercados financeiros sentindo menos firmeza no novo presidente dos Estados Unidos, que já se dedica a cumprir as polêmicas promessas de campanha. Até então, os investidores ignoravam as medidas protecionistas que vinham sendo tomadas por Donald Trump, apoiando-se nos estímulos expansionistas à economia norte-americana. Mas as decisões contra imigrantes confundiu aliados e empresas, deixando o cenário repleto de dúvidas.

A agenda Trump continua sendo o maior fator de volatilidade nos negócios, capaz de barrar a investida dos investidores de avançar na tomada de risco. O dólar é o grande destaque e já ensaia uma recuperação, após registrar perdas aceleradas na sessão asiática. A moeda chegou a ser negociada nos níveis mais baixos em dois meses, enquanto a demanda por ouro e pelo rendimento dos títulos norte-americanos (Treasuries) cresce como proteção.

Os investidores ainda digerem as tensões provocadas pela ordem de Trump de vetar a entrada de pessoas vinda de sete países muçulmanos e também banir os cidadãos que possuem o Green Card. A decisão inflamou líderes mundiais e grandes companhias, que condenaram a ação e alertaram para os riscos de estrangular o fluxo livre de trabalhadores e do comércio.

Imigrantes com o visto de entrada no país também protestaram em vários aeroportos dos EUA, mas Trump não mostrou qualquer sinal de voltar atrás e disse que se trata de uma questão de manter os EUA seguro. Apenas uma ordem judicial, de um juiz em Boston, aliviou a questão aos passageiros que desembarcaram na cidade, permitindo que eles seguissem seus trajetos.

Em reação, os índices futuros das bolsas de Nova York também recuam, o que contamina a abertura do pregão na Europa. Na Ásia, apenas Tóquio e Austrália abriram, encerrando a sessão em queda. Entre as commodities, o petróleo é negociado abaixo de US$ 53 o barril e o cobre também cai.

Nesse ambiente de maior risco geopolítico e ao comércio internacional vindo dos EUA, a agenda econômica norte-americana desta semana é o grande teste para os negócios e pode disparar o gatilho para uma correção mais forte nos ativos. O destaque fica com o relatório oficial sobre o mercado de trabalho no país (payroll), na sexta-feira.

Antes, na quarta-feira, o Federal Reserve anuncia a primeira decisão do ano sobre a taxa básica de juros e pode atualizar o cenário sobre o processo de normalização monetária com a chegada de Donald Trump à Casa Branca. Já nesta segunda-feira sai o indicador de preços preferido do Fed, o PCE, além da renda pessoal e dos gastos com consumo em dezembro (11h30).

Além do Fed, os bancos centrais do Japão (BoJ) e da Inglaterra (BoE) têm reuniões nesta semana, amanhã e quinta-feira, respectivamente, para decidir sobre a taxa de juros nesses países. No Brasil, o calendário doméstico também está carregado e começa a trazer os números consolidados de 2016.

Hoje sai o resultado das contas do governo em dezembro e no exercício de 2016, às 14h30. Os números devem confirmar o esperado rombo nos cofres públicos, adicionando ingredientes para um ajuste fiscal mais austero neste ano.

Antes, saem o IGP-M de janeiro (8h) e o relatório Focus (8h25). Amanhã, é a vez dos dados sobre o mercado de trabalho no Brasil em dezembro e no acumulado no ano passado. A taxa de desemprego deve renovar o nível recorde de alta, alcançando a marca de 12% e ampliando para mais de 12 milhões o total de pessoas sem ocupação no país.

No dia seguinte, será conhecido o desempenho da produção industrial brasileira em dezembro. Também na quarta-feira acontece o retorno do recesso no Congresso, onde as eleições para a presidência da Câmara (quinta-feira) e do Senado (quarta-feira) são os eventos de relevo.

Também é grande a expectativa pela homologação das delações da Odebrecht, o que pode acontecer com a volta aos trabalhos no Judiciário. Aliás, a lista de acordos premiados pode se avolumar, com a volta do empresário Eike Batista ao Brasil. No aeroporto em Nova York, antes de embarcar de volta ao país, ele disse que "está na hora de ajudar a passar as coisas a limpo". Ele deve pisar em solo brasileiro por volta das 10h30.

Na Europa, as atenções se voltam para o Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro no último trimestre de 2016 e no acumulado do ano passado, além da inflação ao consumidor na região, ambos amanhã. Dados de atividade, na indústria, no varejo e no setor de serviços dos países da moeda única recheiam o calendário até sexta-feira.

Já na Ásia, vários países ainda celebram as festividades pela chegada do ano do Galo de Fogo, o que mantêm os negócios por lá fechados pelos próximos dias. Segundo a tradição chinesa, trata-se de um ano em que os assuntos profissionais prevalecem, mas a recuperação das finanças é lenta.

O sentimento de partidarismo e de nacionalidade tende a inflar os ânimos, gerando conflitos envolvendo estrangeiros e culturas estrangeiras em diferentes países diferentes, bem como grupos minoritários em busca de libertação. Pelo zodíaco chinês, o Galo não é o melhor diplomata, mas é o representante do trabalhador nato.

Nesse cenário, conflitos civis são esperados. E qualquer semelhança com os fatos logo neste início de 2017 não parecem ser mera coincidência... Para os chineses, o ano 4.715 está apenas começando!

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