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Alguma coisa está fora da ordem...


Quando o recém-empossado presidente norte-americano dá mais importância a medidas protecionistas para proteger a indústria local, o líder da China conclama pela globalização, dizendo que o país está pronto para liderar a economia global e a diretora do FMI afirma que a desigualdade social deve estar acima das reformas estruturais....é porque alguma coisa está fora da ordem - rumo a uma nova ordem mundial.

Os investidores simplesmente não conseguem esconder os receios com a nova política comercial nos Estados Unidos, que pode travar o crescimento econômico norte-americano, respingando pelo mundo. Isso porque o governo Trump optou por começar uma nova era reavaliando acordos com países parceiros há anos e elevando tarifas de importação, ao invés de se concentrar em ações de estímulo fiscal capazes de impulsionar a atividade.

Sem nenhum sinal claro sobre como pretende colocar em prática o plano expansionista, os mercados financeiros reavaliam o nível dos ativos que seriam beneficiados por um fortalecimento da economia dos EUA, como o dólar e os títulos (Treasuries). A dúvida não a paira apenas quanto à política econômica no país, já chamada de “Trumponomics”, mas também nos efeitos dessas ações na condução dos juros pelo Federal Reserve.

A agenda de indicadores econômicos norte-americanos pode ajudar a medir as chances de um aperto monetário triplo pelo Fed neste ano. O destaque fica com a prévia deste mês do índice dos gerentes de compras (PMI) sobre a atividade industrial nos EUA (12h45), além de dados sobre o setor imobiliário norte-americano (13h). Mais cedo, na zona do euro também saem as leituras preliminares de janeiro sobre a atividade.

Em meio a essa ansiedade, os índices futuros das bolsas de Nova York estão no terreno negativo, ignorando os ganhos exibidos na Ásia e a tentativa de alta ensaiada na Europa.Já os mercados emergentes caminham para as máximas em meses. As praças asiáticas simplesmente absorveram a decisão amplamente antecipada de Donald Trump de retirar os EUA do Tratado Transpacífico (TPP), assim como o aumento da retórica protecionista.

Porém, os países da região estão preocupados quanto à imposição de impostos maiores para as empresas que têm operações de produção fora dos EUA, impactando as importações e o ciclo de crescimento do crédito na Ásia. Ao mesmo tempo, o fim do TPP pode levar os países que fariam parte do acordo a se aproximarem da China, com o gigante emergente preenchendo o possível vazio deixado pelos EUA e assumindo o papel de liderança.

O dólar, por sua vez, recupera o terreno perdido ontem com o tom populista de Trump, mas o fôlego de alta é limitado, ainda ecoando comentários do novo governo norte-americano, que prefere um dólar fraco e que um "dólar excessivamente forte" traria efeitos negativos à economia. O rendimento (yield) dos títulos norte-americanos (Treasuries) também ensaiam alta, em meio à ausência de detalhes sobre os planos fiscais de Trump.

Nas commodities, o petróleo sobe e é cotado acima de US$ 53 o barril, mas o ouro cai, após atingir o maior valor desde novembro. Esse movimento no exterior pode testar a valorização da Bovespa e do real ontem, com a moeda norte-americana já flertando com a marca de R$ 3,15, enquanto a bolsa brasileira alcançou os maiores níveis desde 2012.

Internamente, porém, não fosse pela incerteza política que o trágico acidente aéreo que vitimou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki causará por algum tempo, o cenário doméstico estaria relativamente tranquilo. Ainda mais agora que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, conseguiu permissão da Justiça para tentar a reeleição na Casa.

Tomando-se por base o calendário doméstico, o ambiente para os negócios está mais ameno. O destaque local fica com a nota do setor externo em dezembro (10h30), mas também serão conhecidos números preliminares da indústria neste mês (8h) e sobre a construção civil no mês passado (11h).

É bom lembrar que amanhã é feriado na cidade de São Paulo, o que manterá os mercados de renda fixa e variável fechados, atraindo posturas mais defensivas na parte da tarde.

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