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O fico de Renan


Principal alvo dos protestos no último domingo, Renan Calheiros disse ontem que fica no cargo de presidente do Senado, com o aval do Supremo Tribunal Federal (STF). A Corte decidiu, por 6 votos a 3, que o peemedebista pode presidir a Casa, mas não o país. Esse desfecho pacífico da crise institucional tende a aliviar os mercados domésticos, já que não compromete a votação do ajuste fiscal. Mas pode esquentar os ânimos entre a população.

Afinal, as mais recentes manifestações em várias cidades brasileiras não pediam para que Renan fosse proibido de substituir Michel Temer no cargo de presidente da República. O que as "vozes das ruas" bradavam era para que o comandante do Senado fosse impedido de colocar em pauta medidas polêmicas.

Entre elas, aquela do pacote anticorrupção que prevê punição a magistrados por abuso de autoridade, protegendo políticos investigados na Operação Lava Jato. Em outro fronte, o Congresso articula uma emenda para blindar os presidentes das duas Casas de processo no STF e que deve ser apresentada em 2017.

Como o comandante do Senado conseguiu passar por cima da Constituição, que determina que o presidente da Casa está na linha sucessória da presidência do país - desde que não seja réu - a ideia, agora, é de que os caciques da Câmara e do Senado também tenham o mesmo direito do chefe do Executivo, de não ser responsabilizado por fato sem relação com o mandato.

Ao obter um placar favorável no STF, Renan é colocado como o próprio Senado, um "salvador da pátria", capaz de ajudar a resolver a crise que o país enfrenta. Segundo o próprio ministro do STF Celso de Mello, que votou pela manutenção de Renan no cargo, o afastamento seria uma "medida extraordinária" com "grande impacto na agenda legislativa" em meio "à gravíssima crise que atinge e assola o nosso país".

Assim, o crime de desvio de dinheiro público praticado por Renan parece até ser perdoado, com o STF mandando às favas os escrúpulos, desde que o presidente do Senado coloque em pauta a chamada PEC do teto, que limita o crescimento das despesas do governo à variação da inflação, e outras medidas que já estão no forno, como a Reforma da Previdência. Ao menos para o mercado, é o suficiente.

A reação dos investidores à decisão do Supremo ficou para a sessão de hoje e o movimento esperado nos negócios é de valorização da Bovespa e queda do dólar. A Bolsa brasileira deve encostar no maior nível do ano, colado aos 65 mil pontos, enquanto a moeda norte-americana deve se afastar da marca de R$ 3,40, ficando cada vez mais próxima de R$ 3,00.

Esse movimento tende a receber impulso dos mercados no exterior, onde os novos patamares recordes de alta em Wall Street ontem alimentam o apetite por risco. O sinal positivo prevaleceu nas bolsas da Ásia, exceto em Xangai, que caiu 0,21% após a ligeira alta das exportações em novembro (+0,1%), encerrando sete meses seguidos de queda, mas o maior salto em dois anos das importações (6,7%), em base anual. O saldo da balança comercial chinesa ficou em US$ 44,6 bilhões.

As previsões eram de quedas de 5% nos embarques ao exterior e de -1,9% nos desembarques à China. Porém, os mercados emergentes relegaram esses números e ganharam terreno, assim como as praças na Europa. Ainda assim, o rali nos negócios perde força, à espera da decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), às 10h45.

A expectativa é de que a taxa de juros na zona do euro seja mantida em zero. Já o programa de recompra de títulos soberanos, que terminaria em março de 2017, deve ser estendido por mais seis meses, uma vez que o plano de estímulo não atingiu os objetivos quanto ao crescimento e à inflação. O volume, no entanto, deve seguir em 80 bilhões de euros por mês.

Às 11h30, o presidente do BCE, Mario Draghi, concede entrevista coletiva, na qual deve comentar o resultado do referendo italiano no último domingo. Ele também deve apresentar as projeções econômicas para a região da moeda única nos próximos anos, incluindo pela primeira vez as expectativas para 2019.

O euro se fortalece em relação ao dólar, com os investidores ajustando suas posições nas moedas antes do anúncio do BCE e já na expectativa pela reunião do Federal Reserve, na semana que vem, quando os juros norte-americanos devem subir mais 0,25 ponto percentual. Entre as divisas emergentes, o dólar neozelandês avança, após o Banco Central local (RBNZ) sinalizar que os cortes na taxa básica de juros do país se encerraram. O won-sul coreano sobe pelo terceiro dia seguido.

Mas essa perda de tração do dólar ante os rivais não se reflete nas commodities. O petróleo é negociado abaixo da marca de US$ 50 o barril, ainda influenciado pelo salto nos estoques norte-americanos da commodity na semana passada. Entre os metais, o precioso ouro e o básico níquel têm alta.

Ainda no exterior, saem os pedidos semanais de auxílio-desemprego feitos nos Estados Unidos (11h30). À noite, a China anuncia os índices de preços ao consumidor (CPI) e a produtor (PPI) em novembro. No Brasil, destaque para a primeira leitura de dezembro da inflação no varejo (8h) e também para a estimativa da safra de grãos em 2017 (9h).

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