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Dia de votação no Congresso


Os mercados domésticos acolheram ontem o tom conciliador passado pelo presidente Michel Temer na inusitada coletiva do último domingo, mas o clima dos negócios no Brasil deve esquentar a partir de hoje. O dia é de votações importantes no Congresso, em meio a divulgações importantes no front econômico, aqui e lá fora, e essa agenda cheia deve manter os investidores em modo de espera.

A saída do principal articulador político do governo no Congresso não deve prejudicar a aprovação, em primeiro turno, da PEC do teto dos gastos públicos, hoje. Da mesma forma, o “acordo institucional” anunciado por Temer, ao lado dos presidentes Renan Calheiros (Senado) e Rodrigo Maia (Câmara), tampouco deve comprometer as dez medidas originais do pacote anticorrupção, que também será votado hoje, em votação nominal.

O problema é o que virá depois, pois o futuro político ficou um pouco mais incerto desde o episódio envolvendo dois ministros e uma obra embargada na Bahia. Como resultado, foram duas baixas na equipe ministerial de Temer, que perdeu um pouco do capital político que tinha e passou a enfrentar uma crise institucional mais séria. Para ele, as instabilidades são passageiras e, por isso, prepara uma ofensiva para reverter o desgaste.

A questão é que o cacife do presidente era crucial para negociar outras propostas ainda mais polêmicas, como a reforma da Previdência - e, quiçá, a trabalhista. Afinal, sozinha, a PEC do teto não resolve o problema estrutural da dívida pública do país e muito menos será capaz de resgatar a trajetória de crescimento da economia brasileira, carente de estímulos à atividade real.

Porém, há um grande risco de insatisfação da base aliada do governo com a decisão contrária do Executivo e do Legislativo à anistia ao Caixa 2, já que a maioria dos parlamentares está vulnerável à Operação Lava Jato e à delação premiada da Odebrecht. Além disso, Temer precisa oferecer alguma moeda de troca e o cargo ainda vazio do ex-secretário Geddel Vieira Lima pode ser pouco.

Enquanto não é divulgado, seletivamente, o conteúdo dos depoimentos de executivos da empreiteira, a expectativa recai na gravação que o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero fez com Temer. A divulgação está prevista para esta semana, animando ainda mais a oposição a entrar com um pedido de impeachment contra o presidente. Autor do processo contra a ex-presidente Dilma Rousseff, o jurista Hélio Bicudo aderiu ao "Fora, Temer".

Mas se o noticiário político local está repleto de incertezas, a agenda econômica está carregada de números que podem ser definidores. Os destaques de hoje são os dados sobre o mercado de trabalho no país. A taxa de desocupação nos últimos três meses até outubro deve ficar estável, pela terceira vez consecutiva, em 11,8%, mas seguir no maior nível desde o início da série histórica, em 2012.

O resultado efetivo será conhecido às 9h, juntamente com o índice de preços ao produtor (IPP) no mês passado. Antes, sai o IGP-M (8h), que deve desacelerar em novembro, diante da contínua deflação de produtos agropecuários.

No exterior, o calendário econômico está igualmente intenso e traz como destaque a divulgação da segunda estimativa do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos no terceiro trimestre deste ano. A primeira estimativa indicou crescimento anualizado de 2,9% e a previsão é de que esse número seja ainda melhor, com alta de 3,0%.

Os números efetivos serão conhecidos às 11h30 e devem apenas confirmar a disposição do Federal Reserve em elevar a taxa básica de juros na reunião marcada para os dias 13 e 14 de dezembro. Depois, às 13h, sai o índice de confiança do consumidor norte-americano em novembro, medido pelo Conference Board. Na zona do euro, o sentimento econômico dos consumidores neste mês será conhecido às 8h.

Mas é na decisão do cartel da Opep sobre os cortes da produção do petróleo que os investidores depositam suas esperanças. O barril da commodity, porém, volta a ser negociado abaixo de US$ 47, uma vez que os países produtores e exportadores parecem não conseguir chegar a um acordo na reunião que acontece em Viena e termina amanhã.

Irã e Iraque elevaram as objeções em relação à distribuição das cotas menores de produção, enquanto a Arábia Saudita avalia que os cortes não devem estabilizar os preços do petróleo. A Rússia, por sua vez, indicou que só está interessada em manter a produção na faixa de 11,2 milhões de barris por dia.

Como resultado dessa falta de consenso, o dólar se estabiliza em relação às demais moedas, ganhando terreno ante os rivais, ao passo que as bolsas perdem fôlego, afetadas também pela queda nos preços dos metais. O cobre recua pela primeira vez em sete dias, assim como o ouro, que devolve a alta da véspera.

As moedas emergentes acompanham o sinal negativo das commodities, enquanto as divisas de países desenvolvidos já estão na expectativa pelo referendo na Itália no domingo, sobre uma reforma constitucional, que reduz os poderes do Senado. Nas bolsas, a Ásia fechou sem um rumo definido, com leve alta em Xangai (+0,2%), mas ligeiras baixas em Hong Kong (-0,1%) e em Tóquio (-0,3%), ao passo que os índices futuros em Nova York tentam se firmar no azul, embalando os negócios na Europa.

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