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Ou Geddel cai ou a crise fica


A semana chega ao fim com mais uma sessão morna nos mercados financeiros, já que as bolsas de Nova York fecham mais cedo hoje (16h), assim como os negócios com os bônus norte-americanos (13h). A liquidez deve continuar reduzida, em mais um dia sem grandes movimentações. Mas o noticiário político segue no centro das atenções no Brasil, destacando que está mais difícil segurar o secretário de governo, Geddel Vieira Lima.

As denúncias do ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de tráfico de influência de Geddel envolvem também o presidente Michel Temer, o que agrava a crise política em Brasília e torna iminente a queda do secretário. Em depoimento à Polícia Federal, Calero disse que Temer o "enquadrou" no intuito de encontrar uma "saída" para a obra em Salvador, de interesse de Geddel. Calero disse aos investigdores ter gravado conversas sobre o assunto, com Temer, Geddel e o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, sendo alvos do "grampo".

Por meio do porta-voz, Temer afirmou que "jamais" induziu ministros a tomar decisões que ferissem as normas internas ou "suas convicções". Ainda assim, ele disse que Temer conversou por duas vezes com Calero para tentar solucionar o impasse. Horas antes, em um evento para estimular a construção civil, Temer reconheceu que o governo “não é infalível”, mas sustentou que “até agora não errou muito”.

Mas diante dos ruídos políticos que se espalham por Brasília, com o receio da delação premiada da Odebrecht e o avanço do processo da chapa Dilma-Temer no TSE acelerando a discussão sobre a anistia a crimes de caixa 2 em eleições passadas, está cada vez mais difícil manter o benefício da dúvida que os mercados domésticos vêm dando ao presidente. Afinal, essas manobras podem comprometer o apoio político e da população em torno do ajuste fiscal.

Com Wall Street a meio mastro hoje e a capital federal pegando fogo, os mercados domésticos devem deixar o exterior em segundo plano. Mas isso não significa que os negócios devem se agitar, já que o volume financeiro tende a continuar restrito, com muitos investidores ainda fora das mesas de operação e rumo às compras no varejo nesta Black Friday.

A data que abre a temporada de compras de fim de ano nos Estados Unidos, emprestada há alguns anos pelo comércio brasileiro, é o grande destaque desta sexta-feira. Mas enquanto lá fora o consumo deve continuar dando sua contribuição ao desempenho da economia norte-americana, aqui o setor dificilmente deve ter alento, mesmo diante das inúmeros campanhas de liquidação de grandes lojas e pequenas marcas.

A agenda econômica do dia também reserva poucas novidades, trazendo apenas a leitura preliminar de novembro do setor de serviços nos EUA (12h45) e uma nova estimativa do Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido no trimestre passado (7h30). À espera desses números, os índices futuros em Nova York apontam para uma volta do feriado em alta, embalando o pregão na Ásia e na Europa.

O petróleo, porém, recua, diante do fortalecimento do dólar em relação aos rivais, em meio à consolidação das apostas em 100% de aumento da taxa de juros nos EUA pelo Federal Reserve em dezembro. A moeda norte-americana é negociada no maior nível desde março ante o iene, ao passo que a lira turca cai à mínima recorde, após a interrupção das discussões sobre a entrada do país na União Europeia (UE).

Outras moedas emergentes, como a rupia indiana e o won sul-coreano também perdem terreno, diante das especulações de que o Fed deve voltar a subir os juros mais cedo em 2017, em junho. Nas demais commodities, o ouro recua ao valor mais baixo em nove meses, ao passo que o cobre caminha para registrar ganhos de 8% na semana, diante dos sinais do presidente eleito nos EUA Donald Trump para aumentar os investimentos em infraestrutura.

No Brasil, o destaque fica com o resultado primário do governo central em outubro (14h30). Os números devem apenas reforçar a delicada situação das contas públicas, realçando a urgência na adoção de medidas efetivas de corte de gastos públicos e aumento da arrecadação. Mas, está ficando cada vez mais difícil convencer a população da necessidade desses esforços descomunais, sem contrapartes e em meio a tantas polêmicas.

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