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Cenário nacional em foco


O feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos hoje deixa os mercados financeiros sem a referência em Wall Street para os negócios, o que esfria o pregão pelo mundo. Mas no Brasil os investidores não devem ficar de fora das operações, com o cenário nacional voltando a esquentar.

Após o governo exigir a adoção de um teto para os gastos públicos também nos Estados, em troca da recompensa da multa do projeto de repatriação, o Senado aprovou ontem a abertura de uma nova janela para a regularização de recursos mantidos no exterior. O texto, porém, impõe uma derrota ao Ministério da Fazenda e ao líder do governo no Congresso, Romero Jucá, uma vez que não libera a adesão de parentes de políticos ao programa.

Prazo mais curto, multa maior e câmbio mais elevado na operação foram algumas das alterações aprovadas. A nova janela permite a regularização de recursos não declarados por 120 dias, obtidos até 30 de junho de 2016, com o dólar a R$ 3,21. Na primeira rodada, a data limite era 31 de dezembro de 2014 e a cotação do câmbio era de R$ 2,65. A matéria vai agora para a Câmara dos Deputados.

Essa reviravolta deve estar na pauta do encontro do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, com o presidente do Senado, Renan Calheiros, às 10h30. Depois, Meirelles tem um já tradicional almoço com o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn (13h). À tarde, ele participa da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), que conta também com a presença de Ilan e do ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira.

Em outro front, o acordo de delação premiada assinado pela Odebrecht abala Brasília. Com a assinatura, os executivos da empreiteira passarão a prestar depoimentos ao Ministério Público Federal (MPF), o que deve levar mais de um mês. A homologação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) só deve acontecer no ano que vem.

A delação da Odebrecht é tida no meio político como a de maior potencial para provocar enorme impacto nas investigações da Operação Lava Jato. Isso porque os executivos citaram mais de 200 nomes de políticos de diversos partidos. Dentre eles, estão o de candidatos à Presidência da República, governadores, senadores e deputados.

Ainda assim, é difícil afirmar se haverá liquidez nos mercados domésticos hoje para reagir a esse noticiário, uma vez que a data mais comemorada nos EUA esvazia os negócios, o que tende a elevar o vaivém dos ativos domésticos. No exterior, o dólar estende os ganhos de modo generalizado, diante do prospecto consolidado de que os juros norte-americanos vão subir no mês que vem.

As moedas de países emergentes recuam, assim como as de países desenvolvidos, com o iene japonês negociado no menor nível em sete meses e o peso filipino cotado na mínima em oito anos. Apesar desse fortalecimento do dólar, o preço do barril do petróleo segue em recuperação, aproximando-se da marca de US$ 50.

Os metais básicos também avançam, com destaque para o cobre e o zinco. Nas bolsas, as ações de economias em desenvolvimento perdem brilho, diante da migração de recursos para os ativos dos EUA, com o dólar passando a mensagem de que os mercados emergentes estão em desvantagem.

Apesar de a turbulência nos mercados ter diminuído, após a reação inicial ao “Efeito Trump”, ainda há muitas dúvidas e é preciso saber lidar com esse cenário mais incerto. A posse do presidente eleito nos EUA, Donald Trump, acontece apenas em 20 de janeiro e, até lá, qualquer mudança repentina no tom agora conciliador do discurso dele pode voltar a assustar os investidores.

Na Ásia, o sinal foi misto, assim como está sendo a abertura na Europa. Hoje, pregão em Nova York não funciona e, amanhã, opera a meio mastro, fechando mais cedo. Por isso, o dia tende a ser morno, sendo que nem a agenda de indicadores e eventos econômicos salva.

No Brasil, saem as sondagens preliminares de novembro da indústria e do consumidor (8h) e também a nota das operações de crédito em outubro (10h30). No exterior, destaque para os dados alemães de confiança, logo cedo.

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