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Governadores vão à fonte


O mercado doméstico apenas acompanha a tentativa do governo Temer de silenciar, com o apoio da imprensa, os recentes episódios que poderiam culminar em uma nova crise política no Brasil, abafando as denúncias de tráfico de influência entre ministros e esquivando-se da responsabilidade de mudanças repentinas em delações premiadas sobre as contas da campanha em 2014. Mas dificilmente conseguirá escapar ileso da crise dos Estados.

O presidente Michel Temer convocou para hoje uma reunião com os governadores dos 26 Estados e também do Distrito Federal para tentar decidir que tipo de socorro financeiro poderá ser dado. O problema é que uma solução para sanar as dificuldades dos governos estaduais tem causado divergência entre o Palácio do Planalto e o Ministério da Fazenda.

Na semana passada, o ministro do Planejamento, Eliseu Padilha, antecipou que o governo pretende usar parte dos R$ 100 bilhões que o BNDES irá devolver ao Tesouro para ajudar os Estados, fazendo da União um “FMI doméstico”. Porém, o ministro Henrique Meirelles desautorizou a informação, dizendo que essa possibilidade não existe.

Resta saber, então, qual será a alternativa a ser encontrada entre o núcleo político e a equipe econômica, uma vez que a intenção de Temer é evitar um aumento da tensão social. E a solução precisa ser urgente, diante dos receios de que os protestos no Rio de Janeiro contagiem outros Estados, que também enfrentam sérios problemas com a folha de pagamento e os serviços essenciais. Os gaúchos, por exemplo, já organizam protestos.

Com a agenda econômica desta terça-feira bem fraca, no Brasil e no exterior, os negócios locais devem ficar mais soltos. Por aqui, as atenções se voltam para a nota do Banco Central sobre o setor externo (10h30) em outubro. Antes, o IBGE divulga dados regionais do mercado de trabalho no trimestre passado.

À tarde, às 13h, saem dados sobre as vendas de imóveis residenciais usados nos Estados Unidos no mês passado e também a leitura preliminar deste mês do índice de confiança do consumidor na zona do euro. Por ora, o sinal positivo prevalece nos mercados internacionais, com os investidores digerindo a mensagem deixada ontem pelo presidente eleito nos EUA, Donald Trump, na qual reforçou a ideia de corte de impostos e aumento dos gastos pelos próximos dois anos.

Em um vídeo, Trump disse o que está sendo feito pela equipe de transição de governo, "altamente capacitada", que está ajudando a proposta de fazer a "América grande outra vez". Segundo ele, muitas desses "homens e mulheres patriotas" farão parte da sua administração, a partir de janeiro de 2017.

Trump também elencou algumas ações a serem tomadas nos primeiros 100 dias de governo. Segundo ele, a primeira ação política a ser tomada no primeiro dia de governo será retirar a intenção dos EUA de formar a parceria Transpacífico (TPP), um acordo de livre comércio estabelecido entre 12 países banhados pelo Oceano Pacífico, mas que, notadamente, não inclui a China. Para Trump, esse acordo possui um "potencial desastre" e, ao invés disso, ele irá focar em acordos bilaterais.

"Minha agenda será baseada em colocar a América em primeiro lugar. Seja produzindo aço, fazendo carros ou curando doenças, quero que a próxima geração de produção e inovação acontece aqui, na nossa terra", disse o republicano. Trump também disse que irá cancelar restrições à produção de produção de energia não-renovável, incluindo projetos de xisto e carvão, que irão permitir a criação de milhões de empregos bem remunerados.

Ele disse ainda que também irá investigar os programas de concessão de vistos de imigração "que têm cortado os empregos dos americanos". Em relação à regulação, Trump disse que para cada nova regra de regulamentação, dois velhos regulamentos antigos devem ser eliminados. Além disso, ele disse que irá proibir os políticos de fazerem trabalhos de lobby por cinco anos, após deixarem o cargo.

Diante dessas novas pistas sobre o que será os próximos quatro anos na política da maior economia do mundo, os investidores seguem tomando risco. Os índices futuros das bolsas de Nova York têm ganhos firmes, um dia após o S&P 500, o Dow Jones e o Nasdaq 100 fecharam em máximas históricas conjuntamente, pela primeira vez desde 1999. Esse desempenho sustentou os ganhos na Ásia e anima a abertura do pregão na Europa.

Os investidores também são embalados pelo avanço do petróleo. A commodity, por enquanto, ignora a intenção de Trump de reativar a produção de xisto nos EUA, que se torna viável com o preço do barril acima de US$ 50, e mira no encontro do cartel dos maiores países produtores, em Viena. A expectativa é de que a Opep irá chegar a um acordo para cortar a produção, estabilizando os preços na faixa entre US$ 50 e US$ 55.

Os metais básicos também sobem, em meio à expectativa de aumento da demanda por insumos industriais, o que dá suporte às moedas de países exportadores, que testam forças ante o dólar. O destaque fica com o won sul-coreano, que caminha para o maior ganho em dois meses, enquanto o iene japonês é pressionado pelo terremoto no Japão, que emitiu um novo alerta de tsunami na região de Fukushima.

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