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Mercado em alerta com o Brasil


Não restam dúvidas de que o resultado da eleição presidencial nos Estados Unidos ainda provoca incertezas nos mercados financeiros ao redor do globo, sendo que o mandato de Donald Trump sequer começou. Mas os investidores também estão atentos ao desenrolar dos fatos no Brasil, diante da crescente tensão social em meio a crise nos Estados e dos novos capítulos da Operação Lava Jato, que tem mantido o Rio de Janeiro em evidência.

O governo Temer monitora o aumento da tensão na capital fluminense, em meio à pauta de votação de vereadores, com a população demonstrado um desagravo à proposta para corte dos gastos públicos, principalmente os relacionados aos salários do funcionalismo. O presidente Michel Temer orientou a equipe econômica a encontrar medidas para aliviar o caixa não só do Rio, mas também de outros Estados.

Porém, a medida tende a afrouxar o ajuste fiscal que ainda está em curso no Congresso, adiando uma correção da trajetória da dívida pública, necessária para recolocar a economia brasileira nos trilhos. Essa sinalização vinda do Palácio do Planalto pode elevar a desconfiança nos mercados domésticos, mas Temer está mesmo preocupado com essa onda de protestos, a fim de evitar que o clima de tensão se espalhe pelo país neste fim de ano.

Em outro front, a nova fase de investigação da Polícia Federal coloca mais um cacique do PMDB atrás das grades, servindo de lembrança aos investidores e aos agentes econômicos que o problema do Brasil ainda é, eminentemente, político. Para Temer, o partido continuará cumprindo um "papel relevante" e que o PMDB não é só Sergio Cabral. Já o líder do governo no Congresso, o senador Romero Jucá, que queria "estancar a sangria" da Lava Jato, a prisão de Cabral não afeta o partido.

As tensões domésticas voltam, então, a fazer preço nos ativos locais, mas é o comportamento dos mercados internacionais que deve guiar o desempenho dos negócios por aqui. Lá fora, o dólar estende os ganhos ante as moedas rivais, após a presidente do Federal Reserve reforçar a indicação de que um aumento da taxa de juros nos EUA é iminente - ao invés de reverter as expectativas.

Como consequência, as apostas de um aperto monetário pelo Fed em dezembro já encostam-se aos 100%, de 65% há um mês e de 80% de chance na semana passada. Esse movimento fortalece a moeda norte-americana e reduz o ímpeto das bolsas. Os índices futuros das bolsas de Nova York estão na linha d'água, sem um rumo definido para o dia, contribuindo para a falta de direção única na Ásia e também na Europa.

Nas negociações asiáticas, o won sul-coreano liderou as perdas ante o dólar, tendo a companhia do dólar de Cingapura, ao passo que o yuan chinês caiu ao nível mais baixo desde junho de 2008 e o ringgit malaio teve a queda atenuada por uma intervenção do banco central local. Esse comportamento do dólar enfraquece as commodities, principalmente as metálicas, que vinham em uma trajetória ascendente diante das promessas de Trump de renovar a infraestrutura dos EUA. O ouro e o petróleo também recuam.

Na ausência de divulgação de um plano econômico do novo governo norte-americano, as promessas mais moderadas do republicano - relacionadas ao estímulo fiscal - e as mais ousadas - ligadas às tarifas protecionistas - têm deixado claro duas possibilidades diametralmente opostas.

Primeiro, a perspectiva de maior demanda pelas commodities metálicas, o que anima os países produtores e exportadores de matérias-primas. Segundo, a possibilidade de um ciclo de aumento dos juros nos EUA mais rápido (e mais intenso) que o esperado, em resposta à política expansionista de Trump.

Afinal, seja qual for o viés adotado, as medidas do presidente eleito tendem a aumentar a inflação no país. E esse movimento de aperto monetário reduz o fluxo de recursos em direção aos ativos de maior risco, como os emergentes.

Felizmente, a agenda econômica desta sexta-feira está mais restrita, o que tende a diminuir a volatilidade nos negócios, que vivenciam um ambiente conturbado desde a quarta-feira da semana passada. No Brasil, saem uma nova prévia do IGP-M neste mês (8h) e o índice de confiança do empresário industrial em novembro (11h). Nos EUA, destaque para os indicadores antecedentes em outubro (13h).

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