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Trump choca mercados


Donald Trump será o 45º presidente dos Estados Unidos e esse fenômeno totalmente inesperado provoca um desequilíbrio nos mercados globais. Os investidores estão chocados com a vitória nada apertada do candidato republicano tanto no voto popular quanto na conquista dos colégios eleitorais e promovem uma debandada dos ativos, o que derruba os índices futuros das bolsas de Nova York e leva o peso mexicano ao menor valor desde 2008.

Trata-se do maior choque nos negócios desde a decisão, também inesperada, do Reino Unido de deixar a União Europeia (UE) - o chamado Brexit - mas com efeitos ainda mais danosos diante das possíveis consequências desastrosas para o mundo. O índice S&P 500 chegou a cair o limite de 5% na madrugada, mas reduziu a queda para 3% logo cedo, em meio à frustração dos investidores que se apoiavam nas pesquisas eleitorais que indicavam que Hillary Clinton iria ganhar confortavelmente.

A apuração das urnas, porém, mostrava 56,8 milhões de votos populares para Trump, com a conquista de pelo menos 276 colégios eleitorais, enquanto a democrata teve 55,9 milhões de votos, com 218 colégios eleitorais. Esses números realçam, em verdade, o quão surpreendente era a vantagem de até cinco pontos, em média, de Hillary sobre o rival nas pesquisas, uma vez que Trump se mostrou mais do que apenas competitivo.

As preocupações com as promessas excêntricas de campanha do republicano pesam principalmente no peso mexicano, diante dos sinais protecionistas, o que afeta também as demais moedas de países emergentes, como o rand sul-africano. E esse desempenho também deve afetar o real brasileiro hoje.

A expectativa para os mercados domésticos é de que, com a eleição de Trump, o Brasil sofra uma fuga de capital externo, afetando também a Bovespa, diante dos receios de prejuízos no comércio exterior e de um impacto avassalador no tão aguardado crescimento econômico. Com esses temores, o Brasil poderia ter maior dificuldade no ajuste fiscal, por causa do baque econômico que o mundo pode sofrer.

Além da vitória de Trump na Casa Branca, a manutenção do controle do partido republicano no Senado fortalece o mandato dele, o que tende a tornar mais fácil a aprovação de medidas do novo presidente - inclusive as mais polêmicas. A eleição de Trump é vista como capaz de desarticular a continuação das políticas em curso, que vinham sendo bancadas pelos mercados, em meio às promessas de que ele reformularia as relações dos EUA com o mundo.

A Ásia foi a primeira região a reagir aos sinais de vitória de Trump, à medida que a contagem dos votos populares avançava e os colégios eleitorais definiam seus candidatos. A Bolsa de Tóquio caiu mais de 5%, liderando as perdas na região, enquanto Xangai cedeu apenas 0,6%, após o aumento acima do esperado do índice de preços ao produtor (PPI), em +1,2% em outubro, em base anual, e do avanço de 2,1%, conforme o previsto, do índice de preços ao consumidor (CPI) no mesmo período.

Na Europa, o sinal negativo também prevalece e embute perdas aceleradas, em meio ao temor de uma piora das relações dos EUA com a UE. Nas commodities, uma turbulência atinge o petróleo, os metais básicos e as matérias-primas agrícolas, ao passo que o ouro salta em meio à busca por proteção. O metal precioso sobe mais de 5%, com os investidores desfazendo suas apostas de que Hillary seria eleita e migrando para ativos seguros.

A prata também sobe, com o desempenho das commodities refletindo o estado geral dos mercados, que parecem adentrar em uma era de incertezas capaz de mudar o paradigma dos investidores, que saem do risco e busca segurança nos ativos. Diante dessa sensação, a agenda econômica do dia deve ser relegada.

No calendário norte-americano, serão conhecidos os estoques no atacado em setembro (13h) e os estoques semanais de petróleo bruto e derivados (13h30). Já no Brasil, as atenções se voltam para o índice oficial de preços ao consumidor brasileiro, a ser divulgado às 9h pelo IBGE. O IPCA deve ganhar força e subir 0,28% em outubro, ante alta de 0,08% em setembro, mas o resultado acumulado em 12 meses deve desacelerar a 7,90%.

Se confirmados, será o menor resultado para meses de outubro desde 2009, quando o IPCA subiu iguais 0,28%, sendo que abaixo desse número, o índice recua para níveis de outubro de 2000, quando subiu 0,14%. Além disso, será a primeira vez desde os 12 meses encerrados em fevereiro de 2015 que o indicador ficará abaixo de 8%.

Juntos, esses dados devem calibrar as apostas em relação à ultima decisão de juros do Banco Central em 2016. Após o Comitê de Política Monetária (Copom) iniciar em outubro o ciclo de cortes da taxa Selic à dose mínima, de 0,25 ponto percentual, o mercado financeiro vê no comportamento mais favorável da inflação corrente e das perspectivas para os preços à frente a possibilidade de uma redução maior, de 0,50 pp, neste mês.

Na safra de balanços, saem os resultados trimestrais de Gerdau, antes da abertura. Após o fechamento, serão conhecidos os demonstrativos contábeis das empresas sucroalcooleiras Cosan e São Martinho; de energia elétrica Eletrobras e de telecomunicações Oi, entre outras.

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