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O fator Trump


O Federal Reserve até que deixou claro, ontem, que não precisa de novas evidências para aumentar os juros nos Estados Unidos novamente. Mas a disputa apertada pela Casa Branca, com as investigações do FBI envolvendo Hillary Clinton se intensificando e contaminando as pesquisas eleitorais, pode eliminar qualquer perspectiva de aperto monetário em dezembro. Diante dessa incerteza em relação ao cenário político-econômico na maior economia do mundo, os investidores estão mais nervosos, o que retrai os negócios nesta volta de feriado no Brasil e véspera dos dados de emprego nos EUA.

A cinco dias da corrida presidencial, o apetite por risco diminui e a busca por proteção aumenta, diante do crescimento da intenção de votos em Donald Trump nesta reta final, após uma liderança folgada da candidata democrata frente ao rival. Tal apreensão afeta os ativos emergentes, principalmente o México, com o peso mexicano sendo negociado no menor nível em um mês, em meio às preocupações de que as exportações do país aos EUA vão cair se Hillary perder. No vizinho Canadá, a bolsa também caiu, pelo segundo dia.

De um modo geral, a queda dos ativos desses países reflete a preocupação de que Trump, se presidente, poderia sucumbir acordos comerciais e penalizar empresas norte-americanas que fabricam produtos no exterior, por causa do seu viés protecionista. Diante desse temor, as bolsas na Ásia e no Ocidente estão no vermelho, ao passo que os bônus soberanos e os metais preciosos são vistos como porto seguro, após a decisão do FBI de reabrir investigações sobre o acesso de Hillary a emails por um servidor não autorizado.

Assim, os mercados financeiros seguem mostrando uma falta de motivação para fazer qualquer coisa - a não ser vender. Com essa postura defensiva, as bolsas de Nova York fecharam em queda ontem, sendo que o índice S&P 500 caiu pela sétima sessão seguida, na maior sequência de perdas em cinco anos, refletindo também a afirmação do Fed, de que a chance de aumento dos juros nos EUA continuou a se fortalecer.

Ao manter a taxa básica norte-americana, ontem, entre 0,25% e 0,50%, conforme esperado, o Banco Central dos EUA deu novas pistas de que o momento para elevar o custo do empréstimo no país está se aproximando e pode acontecer já no próximo mês, depois das eleições presidenciais. Porém, o Fed decidiu, por 8 votos a 2, esperar por mais evidências para agir - sem incluir o termo "próximo encontro". Afinal, com as apostas de aperto monetário em dezembro já acima de 70%, o Fed avaliou que não precisava enviar um aviso tão nítido.

Até porque sabe-se que a atenção dos investidores está no pleito que define o próximo ocupante da Casa Branca - e que se sobrepõe ao Fed e aos indicadores econômicos. Nesse sentido, o dólar mede forças ante os rivais, com os investidores cientes de que, se Trump vencer, até o próximo passo do Fed pode estar comprometido.

Já o petróleo se recupera do tombo de 2,9% ontem, mas segue cotado na marca de US$ 45 o barril, em reação ao aumento recorde nos estoques semanais da commodity nos EUA e da produção recorde da Opep no mês passado, o que realçou a falta de acordo entre os países do cartel para reduzir a produção e estabilizar os preços. O rublo russo também está mais fraco, diante da cotação do petróleo na mínima em cinco semanas.

Hoje, nos EUA, serão conhecidos os pedidos semanais de auxílio-desemprego (10h30), dados de atividade na indústria e no setor de serviços (11h45 e 12h) e as encomendas às fábricas em setembro (12h). Antes, na Europa, sai a taxa de desemprego na zona do euro em setembro (8h).

Fora da região da moeda única, merece atenção a decisão de política monetária do Banco Central inglês (BoE), às 10h. A expectativa é de manutenção da taxa básica de juros no mínimo histórico de 0,25%.

Entre os indicadores domésticos, tem os resultados nas capitais dos preços ao consumidor (IPC-S) em outubro (8h) e também os números do mês passado do fluxo cambial. Na safra de balanços, saem os resultados de AES Tietê, CCR e Eletropaulo, após o fechamento dos mercados domésticos.

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