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Tensão antes de debate nos EUA e Copom


A China abre uma rodada intensa de divulgações e eventos no mundo hoje, que tende a esquentar o ritmo dos mercados financeiros, aguçando a volatilidade. Os números do Produto Interno Bruto (PIB) chinês dentro do esperado são apenas o primeiro grande destaque desta quarta-feira que ainda reserva, à noite, o último debate entre os candidatos à Casa Branca e a decisão do Banco Central brasileiro sobre os juros. À espera desses acontecimentos, os investidores redobram a cautela.

Afinal, a segunda maior economia do mundo cresceu 6,7% no terceiro trimestre deste ano, em relação a um ano antes, repetindo a expansão verificada no trimestre anterior e dando sinais de estabilização do PIB. O crescimento ficou em linha com as estimativas e no meio do alvo do governo chinês para 2016, entre 6,5% e 7%. Os dados de setembro mostram que a mudança econômica na China prossegue, saindo da indústria pesada rumo ao consumo doméstico.

A produção industrial chinesa cresceu 6,1% no mês passado, na comparação com setembro de 2015, menos que a previsão de alta de 6,4%. Já as vendas no varejo chinês avançaram 10,7%, conforme o esperado. Os investimentos em ativos fixos acumulam alta de 8,2% nos nove primeiros meses de 2016, também dentro do previsto, sendo que as empresas estatais lideram o avanço no período, com +21,1%, enquanto o setor privado cresceu 2,5%.

Esses números destacam o problema do elevado nível de endividamento de Pequim e mostram que a China pode agora deslocar o foco para políticas capazes de conter o crédito excessivo e o aumento nos preços de imóveis. Apesar de o gigante emergentes caminhar para cumprir a meta de crescimento deste ano, a dúvida quanto ao equilíbrio entre o crescimento da demanda, os riscos de crescente alavancagem e o ritmo das reformas estruturais não animou os mercados.

A Bolsa de Xangai fechou praticamente estável, ao passo que Hong Kong caiu 0,5%, encurtando o fôlego de alta das demais praças asiáticas. Tóquio subiu apenas 0,2%. No Ocidente, prevalece um tom defensivo nos negócios, o que embute um sinal negativo entre as bolsas europeias, que já aguardam a decisão de política monetária na zona do euro, e também entre os índices futuros em Nova York, que ignoram a estabilização do preços do barril de petróleo na casa de US$ 50.

Com a reunião do Banco Central Europeu (BCE) marcada apenas para amanhã, as atenções no exterior se voltam para o calendário norte-americano do dia. O destaque fica com o Livro Bege do Federal Reserve, às 16h, mas pela manhã saem dados sobre a construção e a licença de novas moradias nos Estados Unidos em setembro (10h30) e os estoques semanais de petróleo bruto e derivados (12h30).

Mas o foco dos investidores está mesmo é no terceiro debate na TV entre Donald Trump e Hillary Clinton, que acontece à noite na Universidade de Nevada, em Las Vegas. As recentes pesquisas de intenção de votos mostram vantagem de até dois pontos porcentuais para a candidata democrata nas eleições presidenciais de novembro, mas nada está decidido até este último confronto.

À espera desse evento decisivo para o pleito do próximo mês, o dólar mede forças ante os rivais, mas sem assumir uma tendência. Os recentes indicadores dos EUA sobre atividade e inflação reforçaram a visão de que a política do Federal Reserve deve seguir acomodatícia, mantendo o juro baixo por mais algum tempo, o que inibe uma valorização mais firme da moeda norte-americana.

Entre os destaques, a libra esterlina reage à notícia publicada no jornal The Guardian, de que a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) pode resultar em uma queda de 4,5% do PIB até 2030. Já os dólares australiano ("aussie") e neozelandês ("kiwi") estão de lado, com os dados chineses falhando em injetar combustível novo às moedas desses países, que têm a China como o maior parceiro comercial.

O mesmo deve acontecer com o real brasileiro. Mas os negócios locais podem encontrar um ingrediente extra na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) para se descolarem do ambiente externo. Internamente, embora o mercado financeiro se mostre convicto de que o ciclo de cortes na taxa Selic terá início hoje, não há um consenso quanto ao tamanho da queda do juro básico.

Seja uma redução mais intensa, de 0,50 ponto percentual (pp), ou menos agressiva, de 0,25 pp, a decisão do Copom deve ser unânime. Será a primeira vez em quatro anos (desde outubro de 2012) que o juro básico cairá e a primeira alteração a ser promovida pelo BC desde julho de 2015, já que a Selic vem sendo mantida no nível atual de 14,25% há oito encontros consecutivos.

Essa possibilidade de reversão da tendência tem impulsionado a Bovespa, que a cada pregão recupera um ano de atraso. Um dia após encerrar no maior nível desde janeiro de 2013, a Bolsa brasileira renovou ontem a máxima do ano, reavendo níveis vistos pela última vez em abril de 2012.

Com maior atratividade, a renda variável está recuperando as perdas acumuladas durante o governo Dilma em meio ao ingresso do capital estrangeiro, mas pode encontrar dificuldades para buscar os patamares do governo Lula. Afinal, a faixa dos 70 mil pontos cravada nos idos de 2008 refletia o selo de grau de investimento do país - ao contrário da avaliação especulativa de hoje.

O anúncio do Copom será feito a partir das 18h, no site da autoridade monetária, e será acompanhado de um comunicado que justificará a decisão. Antes, a agenda doméstica está carregada e já começou cedo, com a Fipe informando que o índice de preços ao consumidor (IPC) na cidade de São Paulo subiu 0,02% na segunda prévia do mês, revertendo a baixa de 0,07% apurada na primeira leitura de outubro.

Às 8h, sai a segunda prévia de outubro do IGP-M, depois, às 9h, é a vez da pesquisa do IBGE sobre o setor de serviços em agosto. Às 11h, sai uma nova pesquisa CNT/MDA sobre a avaliação do governo Temer e a expectativa da população em relação a emprego, renda, educação, segurança etc. No início da tarde, às 12h30, o BC informa os números semanais do fluxo cambial.

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