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Entre a política e a economia


Enquanto os mercados financeiros especulam quanto aos próximos passos dos bancos centrais nos Estados Unidos, zona do euro e Brasil, os negócios locais ganham um fator extra hoje, após a decisão da Câmara dos Deputados de não incluir na pauta de votação o projeto que visa alterar a lei que trata da repatriação de bens e recursos não declarados no exterior. Ontem, as dúvidas sobre o projeto levaram o dólar a zerar as perdas ante o real e fechar na marca de R$ 3,20 e hoje a moeda norte-americana deve sofrer influência extra.

Sem acordo entre os partidos para apreciação da matéria, foram mantidas as regras atuais de repatriação, que prevê a regularização de ativos não declarados à Receita Federal com adesão ao programa até o próximo dia 31 e pagamento de 15% de Imposto de Renda e de outros 15% de multa em troca da anistia do crime de evasão de divisas. Encerrado o assunto, o Ministério da Fazendas venceu a briga, dando segurança ao contribuinte e assegurando o ingresso de até R$ 50 bilhões aos cofres públicos.

Trata-se de mais uma notícia capaz de clarear o cenário econômico do Brasil, que vem sustentando um otimismo nos mercados domésticos. Esse sentimento tende a receber hoje suporte do sinal vindo do exterior, onde os índices futuros das bolsas de Nova York avançam e o dólar cai, diante da perspectiva de que a política monetária do Federal Reserve seguirá acomodatícia. O petróleo se segura na marca de US$ 50 por barril.

Os indicadores econômicos norte-americanos conhecidos ontem não reforçaram a possibilidade de aperto dos juros nos EUA ainda neste ano, o que renova o apetite dos investidores por ativos de risco. Os mercados emergentes ganham terreno, com as bolsas e moedas se fortalecendo, em meio à permanência em 66% de possibilidade de aumento da taxa de juros norte-americana em dezembro.

Ainda assim, os investidores mostram certa cautela antes do último debate entre os candidatos à Casa Branca bem como à espera dos números do Produto Interno Bruto (PIB) da China, ambos amanhã. Na Europa, a ansiedade é grande pela decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), na quinta-feira, o que inibe um avanço maior das bolsas da região.

A agenda doméstica desta terça-feira traz como destaque as vendas do varejo em agosto, às 9h. A expectativa é de que o comércio tenha registrado queda pelo segundo mês consecutivo, em -0,40% na comparação com julho. Em relação a um ano antes, o setor varejista deve amargar o décimo sétimo resultado negativo consecutivo (desde abril de 2015), de -4,5%, refletindo o menor consumo e a renda mais baixa das famílias.

Além disso, começa hoje, e termina amanhã, a reunião de outubro do Comitê de Política Monetária (Copom). Ao mesmo tempo em que o mercado financeiro se mostra convicto de que o ciclo de cortes na taxa Selic terá início neste mês, não há um consenso quanto ao tamanho da queda do juro básico.

As chances de uma redução mais comedida, de 0,25 ponto porcentual, seguem majoritárias, em torno de 60%. Ainda que a decisão de outubro seja por uma redução menos agressiva, será a primeira vez em quatro anos que o juro básico cairá, aliviando o custo do crédito no país. Mas seja qual for o tamanho do corte, a decisão do Banco Central deve ser unânime, a fim de mostrar união do colegiado desde o início do ciclo de afrouxamento monetário.

A expectativa de corte dos juros básicos brasileiros nesta semana foi um dos fatores responsáveis para içar a Bovespa ontem ao maior nível desde janeiro de 2013, já na casa dos 62 mil pontos. A queda da Selic reduz a rentabilidade da renda fixa, aumentando a atratividade da renda variável, além incentivar os investimentos produtivos e aquecer a economia, favorecendo os resultados financeiros das empresas.

Entre os eventos de relevo, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, tem um novo almoço agendado com o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, a partir das 13h. Já o presidente Michel Temer cumpre agenda oficial no Japão, na primeira visita de um líder brasileiro ao país asiático em dez anos. Ele retorna ao Brasil na quinta-feira.

No exterior, destaque para os índices de preços ao consumidor (CPI) no Reino Unido, logo cedo, e nos Estados Unidos, às 10h30, ambos referentes ao mês de setembro e que devem sinalizar o ambiente quase ausente de pressão inflacionária nas economias desenvolvidas. Além disso, saem o índice de preços ao produtor (PPI) britânico no mês passado, pela manhã, e o índice de confiança das construtoras norte-americanas neste mês (12h).

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