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Semana de agenda cheia


Diferentemente do observado na semana passada, quando o calendário econômico fez uma pausa, em termos de divulgações relevantes ao redor do mundo, a agenda de indicadores e eventos desta semana está carregada, no Brasil e no exterior. Mas a segunda-feira começa com os mercados financeiros ainda ecoando os acontecimentos da última sexta-feira, quando a presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, turvou o cenário de juros nos Estados Unidos, ao passo que a Petrobras adicionou ingredientes para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) desta semana.

Lá fora, o sentimento dos investidores continua sendo dominado por mudanças nas expectativas para o tamanho e o momento exato de uma nova alta na taxa de juros norte-americana. Há cerca de dois terços de possibilidade de elevação em dezembro, com as chances girando em torno de 66%, de 59% ao final do mês passado. Enquanto calibram as apostas, os investidores também monitoram a safra de balanços nos EUA e os dados econômicos.

Por ora, os índices futuros das bolsas de Nova York estão no vermelho, à espera dos resultados trimestrais do Bank of America e do discurso do vice-presidente do Fed, Stanley Fischer, que pode novamente "traduzir" a fala de Yellen, que voltou a ser cautelosamente agressiva ("hawkish") em relação às "formas plausíveis" de aperto monetário. Esse sinal vindo de Wall Street contamina a abertura do pregão na Europa, depois de um desempenho predominantemente negativo na Ásia.

A perspectiva de aumento do custo do empréstimo nos EUA afasta a demanda por ativos de risco e fortalece o dólar. Como resultado, as bolsas e moedas de países emergentes se enfraquecem, assim como o petróleo e as demais commodities metálicas. O barril da commodity WTI volta a testar o nível de US$ 50, enquanto o ringgit malaio cai pelo quarto dia nas últimas cinco sessões e o won sul-coreano é negociado na mínima em três meses.

Além da crescente proximidade de aumento dos juros norte-americanos, as preocupações com o crescimento econômico na China também impulsiona a busca por proteção, antes da divulgação dos números do Produto Interno Bruto (PIB) da segunda maior economia do mundo, na quarta-feira. O indicador será observado atentamente após a queda das exportações chinesas em setembro, pela primeira vez em sete meses, elevar o temor quanto à demanda global.

Ainda assim, previsão é de manutenção no ritmo de expansão em relação ao igual período de 2015 (+6,7%). No mesmo dia, saem dados sobre a produção industrial, as vendas no varejo e os investimentos em ativos fixos em setembro.

Já nesta segunda-feira, no Brasil, sai o primeiro IGP do mês, o IGP-10, às 8h. Dados sobre a atividade doméstica referentes ao mês de agosto serão conhecidos amanhã, com as vendas no varejo, e na quarta-feira, com a pesquisa do setor de serviços. No dia seguinte, é esperado o índice de atividade econômica do Banco Central (IBC-Br).

Fechando a agenda interna, a sexta-feira ainda reserva a prévia da inflação oficial ao consumidor em outubro, medida pelo IPCA-15. Também são esperados os dados do mês passado sobre arrecadação federal e emprego formal. Mas o destaque fica mesmo com a decisão do Copom, na noite de quarta-feira.

O mercado financeiro ainda está dividido quanto ao tamanho da queda do juro básico, ao mesmo tempo em que se mostra convicto que o ciclo de cortes na taxa Selic terá início neste mês. Além da surpresa favorável com os índices de preços no varejo em setembro, o avanço confortável da proposta (PEC) que fixa um teto para os gastos públicos em até 20 anos na Câmara e a redução nos preços dos combustíveis na refinaria, anunciado pela Petrobras na última sexta-feira, não deixam dúvidas de que o processo de afrouxamento monetário começará em outubro, após oito encontros seguidos de estabilidade da Selic em 14,25%.

Se quiser, o Copom não precisa economizar bala na agulho e pode optar por um corte mais intenso, de 0,50 ponto percentual (pp). Mesmo que seja com uma redução menos agressiva, de 0,25 pp, será a primeira vez desde outubro de 2012 que o juro básico será reduzido. À época, foi quando a taxa alcançou o mínimo histórico, de 7,25%. A última alteração nos juros foi em julho de 2015, quando subiram e alcançaram o nível atual e nele ficaram.

Já no exterior, as atenções se dividem entre Estados Unidos, Europa e China. A borda europeia do Atlântico Norte concentra-se na decisão do Banco Central da zona do euro (BCE), na quinta-feira. O encontro pode calibrar as apostas quanto aos estímulos monetários na região da moeda única, após especulações de antecipação do fim do programa de recompra de ativos (QE), previsto até março de 2017.

Hoje, pela manhã, sai o índice de preços ao consumidor (CPI) entre os países do bloco. À tarde, o presidente do BCE, Mario Draghi, discursa (15h30). Do outro lado do oceano, o foco se volta ao cenário político, com a realização do terceiro e último debate entre os candidatos à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump e Hillary Clinton, na quarta-feira. Entre os indicadores, também será conhecido o CPI norte-americano, amanhã. Na quarta-feira, o Federal Reserve publica o Livro Bege.

É válido lembrar que, com o início do horário de verão no Brasil, ontem, o fuso horário de Brasília ficará de 2 horas a mais em relação a Nova York e 2 horas a menos em relação a Londres. Desse modo, o pregão em Wall Street abrirá às 11h30, o que estende o pregão da Bovespa por mais uma hora, até as 18h.

Atenção ainda ao horário de divulgado dos indicadores norte-americanos. A maioria será conhecida às 10h30 e/ou às 12h. Contudo, a produção industrial nos EUA, que sai hoje, será divulgada às 11h15.

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