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Emprego nos EUA fecha semana agitada


Os dados de emprego nos Estados Unidos fecham uma semana agitada para os mercados financeiros e podem definir se o Federal Reserve irá mesmo elevar a taxa de juros norte-americana neste mês. Os investidores esperam encontrar no chamado payroll números sólidos sobre o mercado de trabalho, capazes de garantir que o aumento no custo do empréstimo no país em 2016 não irá prejudicar a recuperação econômica ora em curso.

A previsão é de geração de 180 mil vagas em agosto, em linha com a média anual, ao passo que a taxa de desemprego deve cair a 4,8%, de 4,9% nos dois meses anteriores. Se confirmados, os números evidenciam que a maior economia do mundo está apoiada em chão firme e que ganhos salariais estão a caminho, pavimentando o terreno para o Fed agir.

Pouco mais de um terço das apostas dos investidores aponta para a possibilidade de aumento dos juros nos EUA já em setembro, mas a chance maior desse movimento ocorrer segue precificada para dezembro, com mais de 60%. O payroll sai às 9h30, juntamente com os dados da balança comercial em julho. Depois, às 11h, é a vez das encomendas às fábricas no mesmo mês.

À espera desses dados, os mercados globais estão de lado, com movimentos modestos nas bolsas da Ásia, Europa e em Nova York, em meio à contagem regressiva pelo payroll. Nem mesmo o petróleo recebe muito impulso da declaração do presidente russo, Vladimir Putin, que disse esperar alcançar um acordo com a Opep para congelar a produção da commodity, além de resolver a disputa sobre a participação do Irã no cartel.

Ainda assim, o barril do WTI consegue zerar as maiores perdas semanais desde janeiro, mas é cotado na faixa de US$ 43. Entre os metais, o precioso ouro cai, sendo negociado próximo dos menores níveis desde junho, enquanto o básico cobre avança. Nas moedas, o won sul-coreano é destaque de alta, após o Banco Central local (BoK) elevar a previsão de crescimento do país no segundo trimestre de 2016. Já o iene cai à mínima em um mês.

Os países emergentes torcem por números mais fracos sobre o mercado de trabalho norte-americano, o que tende a garantir o ingresso de recursos estrangeiros por mais algum tempo. Ontem, a Bovespa subiu, alimentada por apostas de que o Fed pode adiar o aperto monetário nos EUA, após o fraco dado industrial do ISM. Mas o capital externo na bolsa brasileira vem perdendo fôlego, com o saldo acumulado em agosto devendo ficar negativo em mais de R$ 1,5 bilhão, interrompendo cinco meses seguidos de entrada de fluxo.

No Brasil, o investidor olha para o cenário externo ainda sem descuidar do quadro político doméstico. Apesar do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff remover da cena um elemento de incerteza, os desafios que o atual governo de Michel Temer ainda enfrenta na implantação de reformas mantêm a cautela nos negócios.

As atenções se concentram na capacidade do novo presidente em convencer a sociedade e a classe política de mexer, principalmente, nas leis trabalhistas e nas regras da aposentadoria. Ontem, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, defendeu aposentadoria aos 65 anos, para homens e, agora, também para as mulheres, sendo que o corte para as novas regras atinge a todos com menos 50 anos hoje.

Mas, ao que tudo indica, não há um consenso sobre esse e outros assuntos nem em Brasília nem nas ruas, com as propostas nada populares vindas de um governo sem o lastro do voto. Em São Paulo, protestos contra o impeachment de Dilma foram marcados pela repressão da polícia pelo quarto dia seguido. Também houve manifestação em Porto Alegre, Rio de Janeiro e na capital federal, além de outras cidades do interior do país.

Do outro lado do mundo, na China, o presidente Temer minimizou a decisão do Senado de manter os direitos políticos de Dilma e afirmou que os "embaraços" com a base aliada serão superados. Durante a visita ao país, que sedia o G-20 até a semana que vem, devem ser assinados acordos de investimentos estimados em R$ 10 bilhões.

Já o ministro das Relações Exteriores, José Serra, terá de se esforçar um pouco mais no campo diplomático para diminuir a quantidade de países da América Latina que não reconhecem o novo governo no Brasil, comprometendo a soberania brasileira na região. Além de Bolívia, Venezuela, Equador e Cuba, já citados, Uruguai, Chile, El Salvador e Nicarágua entraram na lista. Na Argentina, o parlamento ontem foi palco de protesto contra o impeachment de Dilma.

Na agenda doméstica, saem os números de julho da produção industrial. A atividade no setor deve ter interrompido quatro meses consecutivos de alta e caído 0,2% em relação a junho, enquanto na comparação com um ano antes, a indústria deve ter encolhido pela 29ª vez seguida (desde março de 2014), em -7%. Os dados oficiais serão conhecidos às 9h.


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