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Quando menos é mais


Os mercados financeiros seguem apoiados na tese de que quanto menos o mundo crescer, mais estímulos serão lançados pelos principais bancos centrais, inundado a liquidez dos negócios. Os ativos de risco iniciam a segunda metade de agosto em alta, com o avanço dos preços do petróleo e dados decepcionantes das maiores economias do mundo reforçando esse sentimento entre os investidores.

Após os números fracos sobre o comércio varejista norte-americano e sobre o Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro, ao final da semana passada, a segunda-feira começa com uma expansão econômica abaixo do esperado no Japão, de +0,2% no segundo trimestre ante previsão de +0,7%, e também com um tombo nos novos empréstimos concedidos na China.

Esses dados evidenciam uma economia global frágil, com crescimento desigual pelo mundo, e mantêm as apostas de que os bancos centrais continuarão tentando resgatar suas economias por meio de estímulos sem precedentes. A probabilidade do Federal Reserve elevar a taxa de juros nos Estados Unidos caiu a 42% na última sexta-feira, de 49% um dia antes.

Nesta manhã, os índices futuros das bolsas de Nova York estão em alta, impulsionados também pelo avanço do barril do petróleo para além de US$ 45, no terceiro dia consecutivo de valorização. Ao mesmo tempo, o dólar perde terreno para os rivais. As principais bolsas europeias também sobem, sendo que o índice acionário alemão Dax passou a acumular ganhos no ano.

Na Ásia, a Bolsa de Xangai registrou a maior alta desde maio, de +2,44%, após a medida de crédito na China crescer no ritmo mais fraco em dois anos, totalizando pouco menos de 500 bilhões de yuans (cerca de US$ 75 bilhões) em julho, quando o esperado era 1 trilhão de yuans. Os novos empréstimos também somaram pouco menos de 500 bilhões de yuans, ante 850 bilhões de yuans projetado. Em reação, a moeda chinesa caiu pela primeira vez em uma semana.

Esse cenário no ambiente internacional deveria ser aproveitado. Segundo o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, o cenário externo está "benigno" para as economias emergentes e seria importante aproveitar essa "janela para fazer ajustes, reformas, cuidar das contas públicas". Para ele, o mundo não está nem quente nem frio, mas não vai ficar assim para sempre.

Mais do que realçar a cautela e as incertezas, a fala do comandante do BC serviu de alerta, sobretudo em relação ao comportamento do dólar. Na última sexta-feira, a moeda dos EUA registrou a maior alta em dois meses ante o real, diante dos sinais da equipe econômica do governo de que a barreira dos R$ 3 não deve ser testada, apesar da independência operacional da autoridade monetária e da premissa de câmbio flutuante. Resta saber, o quanto o mercado irá operar "no gogó".

No front político, completa-se nesta semana um ano e dois meses de prisão de Marcelo Odebrecht e a delação premiada do empresário parece estar emperrada. Talvez porque as informações propostas pela empreiteira dão um rumo diferente à temática da Operação Lava Jato, envolvendo lideranças do PMDB e do PSDB, além do próprio presidente interino Michel Temer. De qualquer forma, o juiz Sergio Moro suspendeu uma das ações contra executivos da Odebrecht, após a negociação de acusados por acordo de colaboração.

A agenda econômica do dia traz as tradicionais divulgações no Brasil: Pesquisa Focus (8h25) e balança comercial semanal (15h). As atenções no relatório do Banco Central, logo cedo, se voltam à previsão para o IPCA em 2017, que vem caindo há seis semanas consecutivas, com o mercado financeiro corroborando cada vez mais a visão de arrefecimento da inflação oficial no ano que vem.

No exterior, saem o índice Empire State de manufatura em Nova York (9h30) e o índice NAHB sobre a confiança das construtoras nos EUA (10h), ambos referentes a este mês. Amanhã, serão conhecidos novos números sobre o setor imobiliário, mas as atenções se voltam ao índice de preços ao consumidor (CPI) e à produção industrial no país, no mês passado.

Os números sobre a inflação e a atividade podem calibrar as apostas em relação ao Federal Reserve, sendo que as chances de um aperto monetário até dezembro seguem abaixo de 50%. Aliás, o Fed publica a ata da reunião de julho na quarta-feira e o documento pode trazer novas pistas sobre a intenção do colegiado em subir os juros norte-americanos ainda neste ano.

O Banco Central Europeu (BCE) também publica a ata do encontro de política monetária no mês passado, na quinta-feira, e pode lançar luz sobre a adoção de mais estímulos em breve. No mesmo dia, sai a leitura revisada dos preços ao consumidor (CPI) na região da moeda única, que deve voltar ao território de deflação.

Ainda na zona do euro, chama a atenção o índice alemão ZEW sobre o sentimento econômico, amanhã. Na China, destaque apenas para o preço de imóveis no mês passado, na quinta-feira. O calendário doméstico também está bem mais fraco nesta semana, com o radar apenas no primeiro IGP de agosto, o IGP-10. E é só!

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