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Mercados fazem uma pausa


Os mercados financeiros pressionam o botão de pausa nesta terça-feira. O sinal negativo prevalece nas bolsas, ao passo que o dólar ganha terreno ante os rivais, após os investidores adicionarem quase US$ 5 trilhões em valor de mercado dos ativos pelo mundo nas últimas três semanas. Os negócios, então, recompõem o fôlego, em meio à percepção de que os ganhos com risco foram muito longe - e muito rápido.

Diante da agenda econômica novamente fraca hoje, que traz apenas números do setor imobiliário nos Estados Unidos, as atenções se voltam às decisões de política monetária no Brasil (Copom) e na zona do euro (BCE), a partir de amanhã. Na Austrália e na Nova Zelândia, as moedas - conhecidas como "aussie" e "kiwi", respectivamente - perdem terreno para o dólar norte-americano desde cedo, em meio às sinalizações dos bancos centrais locais de corte nas taxas de juros em agosto, o que elevou as apostas no mercado.

As demais moedas de países emergentes também recuam. Nas bolsas, o índice MSCI de mercados em desenvolvimento está no vermelho, após saltar mais de 6% nas últimas oito sessões, atingindo o maior valor desde maio de 2015. Esse comportamento das moedas e das ações no exterior tende a afetar o desempenho da Bovespa e do real brasileiro durante o dia. Entre as commodities, os metais básicos sobem, mas o petróleo está de lado.

Além disso, os investidores ainda digerem o cenário geopolítico no mundo, o que redobra a cautela nos negócios, mas também se voltam ao noticiário corporativo. Na Europa, o índice Stoxx Europe 600 registra a maior queda em duas semanas, após os resultados financeiros de Akzo Nobel e Rio Tinto ficarem abaixo do esperado. As ações das demais mineradoras, como BHP Billiton e Glencore, caem mais de 3%.

O tombo do índice ZEW de expectativas econômicas na Alemanha para o menor nível desde novembro de 2012, a -6,8 em julho, ante 19,2 em junho, também pesa nas bolsas europeias. O resultado reflete a preocupação de que a decisão do Reino Unido de sair da União Europeia (UE) pode enfraquecer a frágil recuperação da região. A previsão era de recuo a 9.

Além disso, a aparentemente interminável crise grega volta à cena esta semana, com o país mediterrâneo tendo de pagar 2,3 bilhões de euros ao BCE, amanhã, um dia antes do encontro da autoridade monetária para decidir sobre a taxa de juros na região da moeda única. No ano passado, a Grécia optou por dar um calote no empréstimo cedido pelo FMI, o que elevou as preocupações quanto à saída do país da zona do euro.

Em Wall Street, os índices futuros apontam para uma sessão de queda, um dia após o S&P cravar a quinta máxima recorde nos últimos seis pregões. A safra de balanços do segundo trimestre tem reduzido o apetite por risco dos investidores, com o lucro das empresas caminhando para o quarto trimestre consecutivo de retração e a receita encolhendo pelo sexto trimestre seguido. A expectativa é de que o ganho por ação seja cerca de 5% inferior ao de igual período do ano passado.

Contudo, esse não foi o caso do Goldman Sachs, que publicou seus números nesta manhã. As ações do banco subiam pouco mais de 1% no pré-mercado, mas ainda não eram capazes de retirar a sinalização negativa para o dia em Nova York. Às 9h30, saem as construções de moradias e as licenças para novas construções nos EUA em junho.

A temporada de resultados corporativos, no Brasil e no exterior, se mistura às oportunidades de fusões e aquisições que surgem por causa das taxas de juros próximas de zero ou mesmo abaixo disso em vários países. Com o baixo rendimento de aplicações seguras, como os títulos soberanos, os investidores precisam arriscar-se em ativos como ações e moedas - o que explica, em parte, a sequência de altas engatada pela Bovespa e os esforços do Banco Central brasileiro para sustentar o valor do dólar ante o real.

De um modo geral, os investidores calibram expectativas mais positivas em relação ao Brasil, diante das apostas pela definição do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. Tal processo vem determinando a reabertura do ingresso de recursos externos ao país e, como o mercado se antecipa aos fatos, o afastamento definitivo de Dilma, em agosto, tende a resultar em uma forte realização de lucros nos ativos locais.

Até porque a Bovespa vem tirando proveito da busca por ativos menos seguros e sobe há cinco semanas consecutivas, acumulando uma valorização de mais de 12% no período, o que infla o desempenho positivo nos sete primeiros meses de 2016 para 30%. O dólar também sente a influência externa, onde o adiamento do aperto dos juros pelo Federal Reserve enfraquece a moeda norte-americana ante os rivais, mas reflete ainda a atuação do BC local por meio dos leilões de contratos cambiais, que têm limitado uma apreciação adicional do real.

Hoje, os ajustes - para baixo, na bolsa e, para cima, no dólar - que não ocorreram ontem, são novamente esperados. No calendário doméstico do dia, tem apenas uma nova prévia do IGP-M (8h).

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