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Golpe turco falha e mercado tem resiliência


A tentativa fracassada de um golpe militar na Turquia faz os mercados financeiros retornarem ao tom positivo em que estavam ao final da última sexta-feira, quando o Exército turco avançou pelas ruas de Ancara e fechou vários acessos do país. A lira turca lidera uma recuperação entre as moedas de países emergentes e os índices futuros das bolsas de Nova York avançam, mas a queda das commodities pesa na Europa.

Não é de hoje que os investidores mostram sinais de resistência às ondas de terror e turbulências políticas pelo mundo, com os ativos mostrando que a reação a tais eventos tem vida curta. O mais recente atentado na França é outro exemplo da capacidade dos mercados em se recobrarem facilmente, o que ocorre desde o ataque de 11 de setembro, ainda mais diante da perspectiva de liquidez monetária por parte dos bancos centrais.

Aliás, com as taxas de juros de vários países próximas de zero ou mesmo abaixo disso, o que reduz os custos de financiamento, as empresas buscam acordos de fusão e aquisições, a fim de tornarem seus balanços financeiros mais saudáveis. A oferta do grupo SoftBank de mais de US$ 30 bilhões pela ARM faz a ação da fabricante de chip saltar mais de 40% na Europa, mas a queda dos papéis de mineradoras deixa algumas bolsas da região no vermelho.

Já os negócios em Wall Street apontam para um início de semana no azul, mas a queda no lucro líquido do Bank of America pesa nos negócios nesta manhã. Os balanços de Netflix e Yahoo! também são esperados para hoje. Contudo, a Bolsa de Istambul afundou mais de 5%, com a ira do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, deixando os investidores em alerta.

Em verdade, a tentativa de golpe na Turquia serve para uma realização de lucros, já que a Bolsa turca acumulava ganhos de 15% no ano, no segundo melhor desempenho da Europa Oriental - atrás apenas dos 20% do Cazaquistão. De qualquer forma, o risco político na região turva a imagem de um país estável que Erdogan tentava construir, a fim de atrair investimentos estrangeiros, e cria uma instabilidade adicional desnecessária para os negócios.

Ainda assim, a lira turca subia ao redor de 2%, mais cedo, recuperando-se da queda de quase 5% na última sexta-feira, quando cedeu ao menor nível desde 2008, e após o BC turco prometer uma liquidez "sem limites" para proteger a estabilidade financeira. As demais moedas emergentes, como o rand sul-africano e o peso mexicano, também têm alta firme ante o dólar. Já o iene se enfraquece ante a moeda norte-americana.

Nos títulos norte-americanos (Treasuries) de 10 anos, o rendimento voltou a ficar acima de 1,55%, ao passo que o ouro recua, mas ainda acumula alta de 25% neste ano. Nos metais básicos, o cobre também cai, em meio às especulações de que as condições de crédito na China irão dar menos apoio à demanda. O petróleo, por sua vez, está de lado, na faixa de US$ 45,50, uma vez que a tentativa frustrada de golpe na Turquia não impediu os embarques da commodity vinda da Rússia e do Iraque pelo Mar Mediterrâneo.

No Brasil, não é de hoje que cabem ajustes nos ativos. O recesso parlamentar iniciado hoje dá uma trégua no noticiário político até agosto, mas o esvaziamento do Congresso por causa das eleições municipais, em outubro, somado aos Jogos Olímpicos no mês que vem dificulta a votação de matérias de interesse do governo interino.

Assim, os negócios locais podem, em breve, interromper a sequência de oito altas consecutivas da Bovespa, que vem sendo negociada no maior nível desde maio do ano passado. A disputa entre comprados e vendidos à luz do vencimento de opções sobre ações, hoje, deve trazer volatilidade no dia.

O dólar, por sua vez, pode diminuir a desvalorização de mais de 1% acumulada ante o real nesses primeiros dias de julho e encostar no patamar de R$ 3,30 - até porque o Banco Central deve manter as atuações no câmbio. O BC vem reduzindo a posição em contratos de swap cambial tradicional, comprando dólares no mercado futuro e enxugando a liquidez dos negócios.

Apenas neste início de mês, o BC já retirou o equivalente a US$ 5 bilhões. Se esse ritmo for mantido até o próximo dia 29, a autoridade monetária concluirá a retirada de quase US$ 10 bilhões do mercado, liquidando o lote de swap tradicional que vence em setembro.

Na agenda de indicadores econômicos, o destaque doméstico da semana fica exatamente com a decisão do novo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, a ser anunciada a partir das 18h de quarta-feira. Um dia depois, sai a prévia da inflação oficial do país, medida pelo IPCA-15, em julho.

No exterior, dados do setor imobiliário recheiam o calendário norte-americano, juntamente com números sobre a atividade da indústria. Na Europa, também serão conhecidos indicadores sobre os setores industrial e de serviços, mas as atenções estarão voltadas à decisão de juros do Banco Central da zona do euro (BCE), na quinta-feira.

Hoje, destaque apenas para a Pesquisa Focus do BC (8h25), que tende a trazer uma continuidade do movimento visto na semana passada. A saber: arrefecimento nas projeções de analistas para as estimativas de inflação e para a taxa de câmbio neste e no próximo ano; combinado com uma manutenção da previsão para a taxa básica de juros (Selic) em 2016 e em 2017, além de uma melhora na performance da economia brasileira em ambos os períodos.

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