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Hoje é dia de Fed


Nem pânico, nem rali. A palavra de ordem nos mercados financeiros é cautela. Os investidores redobram a posição defensiva nesta quarta-feira, deslocando o radar do Reino Unido para os Estados Unidos. A pressão nos ativos de risco é aliviada, abrindo espaço para uma recuperação, o que sustenta as bolsas em alta. Mas a oito dias do referendo que decidirá sobre a permanência (ou não) da ilha britânica na União Europeia (UE), as atenções de hoje se voltam à decisão de política monetária do Federal Reserve.

Embora não se espere nenhuma surpresa por parte do Fed, que deve manter os juros norte-americanos entre 0,25% e 0,50%, o comunicado que acompanhará a decisão, às 15h, será lido com lupa, em busca de pistas sobre quando se dará o primeiro aperto na taxa dos Fed Funds neste ano. A precificação traz uma chance inferior a 50% para que esse movimento ocorra apenas em dezembro.

Além do comunicado, a entrevista coletiva que a presidente do Fed, Janet Yellen, concede logo após o anúncio, às 15h30, pode calibrar as apostas e corroborar se os próximos encontros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) em julho, setembro e novembro passarão mesmo em branco. Esta é a opção desejável pelo mercado, mas não necessariamente possível. Antes, às 10h15, sai a produção industrial nos EUA em maio.

Por ora, o sinal positivo prevalece nas principais bolsas europeias e nos índices futuros de Nova York, seguindo os ganhos vindos da Ásia. As ações de mineradoras lideram a alta nos mercados da Europa, que interrompem cinco dias seguidos de queda e se afastam do nível mais baixo em quatro meses.

Em Wall Street, os investidores aguardam no azul a atualização da política monetária do Fed, enquanto na China a decisão da provedora MSCI de não incluir a Bolsa de Xangai no seu índice referencial de mercados acionários globais atrapalhou os planos do presidente chinês, Xi Jinping, de elevar o patamar do mercado financeiro local. Ainda assim, o índice Xangai Composto subiu 1,58%, em meio às especulações de compras por fundos estatais.

Por sua vez, o yuan foi negociado próximo da mínima em cinco anos. Os mercados emergentes também encerram uma sequência de quatro dias de perdas e avançam, apesar da oscilação em baixa do barril de petróleo, que espera os números oficiais sobre os estoques norte-americanos da commodity (12h30). O rublo russo e o ringgit malaio sobem, mas o peso filipino cai, enquanto as bolsas na África do Sul, Turquia e Índia fecharam em alta.

Internamente, é grande a expectativa pela proposta do governo que limita os gastos públicos. A principal medida do ajuste fiscal deve ser encaminhada hoje ao Congresso pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que vem tentando obter apoio dos parlamentares na aprovação de um teto para o aumento dos gastos da União, embora os detalhes sigam desconhecidos.

Ninguém sabe exatamente qual é a proposta. Meirelles ainda não teria desistido totalmente da ideia de acabar com o abono salarial – benefício criado há quase 50 anos e destinado a quem recebe até dois salários mínimos - mas mantém como alternativa uma reformulação nas despesas com saúde, reduzindo o percentual da receita que vai para essa área.

O que se sabe é que o Orçamento é engessado e existem garantias constitucionais para determinadas partes – como a saúde e a educação. Talvez até por isso, desde o começo do governo interino tem se falado, no vácuo, em limites dos gastos públicos, sem conseguir fechar uma conta que, ao mesmo tempo em que exclui cargos comissionados, dá reajuste ao funcionalismo.

Os pontos do projeto ainda precisam passar pelo crivo do presidente interino Michel Temer, que apresentará o texto final hoje, ao lado de Meirelles. É esperado um pronunciamento hoje à noite de Temer, em cadeia nacional, pedindo apoio às duras medidas. Mas nem no Senado o presidente interino tem base sólida.

O presidente da Casa, Renan Calheiros, sugeriu colocar um freio nas pretensões de Temer e defende que a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para fixar um teto dos gastos públicos aguarde a votação final do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, o que deve acontecer em meados de agosto. Do outro lado, na Câmara, a aprovação apertada do parecer pela cassação do mandato do presidente afastado, Eduardo Cunha, foi apenas um primeiro passo.

Cunha ainda descarta a possibilidade de renúncia ao cargo e o pedido de cassação ainda precisa ser aprovado em plenário, obtendo ao menos 257 votos, do total de 513 deputados. Antes, o deputado pode ainda recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e entrar com um recurso. Em outro front, a Justiça do Paraná determinou o bloqueio de bens de Cunha e sua esposa, Cláudia Cruz, além da quebra de sigilo fiscal.

Cunha também tem um prazo de apenas cinco dias para se manifestar ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o pedido de prisão feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O ministro do STF Teori Zavascki decidiu rejeitar os pedidos de prisão de Renan, do senador Romero Jucá e do ex-presidente da República José Sarney, também feitos por Janot. Teori citou a garantia de imunidade parlamentar, que só admite prisão em flagrante.

Entre os indicadores domésticos, às 8h, sai o primeiro IGP do mês, o IGP-10. Às 9h, é a vez dos números do setor de serviços em abril. Depois, serão conhecidos a confiança do empresário industrial (11h) e os números semanais do fluxo cambial (12h).

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