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Mercado ainda reflete emprego nos EUA


A semana começa com os mercados financeiros ainda ecoando os números sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos em maio, que praticamente encerraram as discussões de um aumento nos juros norte-americanos neste mês. Essa percepção pode ser corroborada hoje no discurso da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, e, por ora, sustenta um apetite por risco, alimentando bolsas e commodities, enquanto o dólar cai.

As ações de mineradoras e produtoras de energia lideram os ganhos entre as bolsas europeias, ao mesmo tempo em que os metais básicos e o petróleo avançam, diante de especulações de que o Fed só deve subir o juro mais para frente, após o fraco relatório de emprego nos EUA (payroll) em maio. Os índices futuros em Nova York também exibem um sinal positivo, com as chances de um aperto monetário em julho caindo para apenas 27%, de mais de 50% na semana passada. Na Ásia, não houve direção única.

O barril do WTI volta a ser negociado acima de US$ 49, nos maiores níveis desde outubro, enquanto o Brent sobe mais de 1%. O zinco avança pelo oitavo dia. Entre as moedas, a rupia indonésia e o ringgit malaio figuram entre os destaques de alta ante o dólar, mas a libra esterlina tomba ao valor mais baixo em três semanas, após pesquisas mostrarem maior intenção pela saída do Reino Unido da União Europeia (UE). O referendo acontece no próximo dia 23.

E o ambiente externo mais positivo deve embalar os negócios locais hoje, agora que o cenário político parece mais favorável ao governo interino de Michel Temer. O conteúdo inicial da delação premiada do executivo Marcelo Odebrecht soma-se à do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró e envolvem diretamente a presidente afastada Dilma Rousseff, o que tende a conter a debandada de senadores contra o impeachment – podendo agir em direção contrária. Ao mesmo tempo, fortalece-se a base do presidente interino.

Porém, o ambiente político tende a seguir agitado, trazendo volatilidade aos negócios locais, em meio a novas denúncias na Operação Lava Jato. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, recebeu recursos desviados da Petrobras em troca de favores à empreiteira OAS. Pode ser o quarto ministro do governo Temer a cair, já que no fim de semana especulou-se a saída do ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Fábio Osório.

Só que o mercado não deve ver essas ações como um péssimo sinal, olhando apenas os efeitos sobre o afastamento definitivo de Dilma. Da mesma forma, no exterior, o mercado tampouco vê os sinais de pleno emprego na economia norte-americana e aposta que as chances de uma nova alta pelo Federal Reserve se dizimaram não apenas em junho, mas também julho. A possibilidade de aperto foi adiada para setembro, no mínimo.

Acontece que apesar da geração de vagas em maio nos EUA ter sido a menor em seis anos, em apenas 38 mil, acompanhada de revisões para baixo nos meses de abril e março, a taxa de desemprego no país recuou ao menor nível desde novembro de 2007, a 4,7%, diante da queda na força de trabalho. São menos postos de trabalho ofertados, mas também menos pessoas disponíveis à procura de emprego. E o ganho médio por hora subiu 2,5% no ano.

Para o presidente da distrital de Boston do Fed, Eric Rosengrenn é preciso ver se houve alguma anomalia nos dados de emprego no mês passado. Portanto, foram números conflitantes, que mais serviram para fazer barulho em relação ao encontro do Fed neste mês do que para sinalizar alguma coisa.

O fato é que a greve de trabalhadores da Verizon, a primeira desde agosto de 2011 e que contou com o apoio do sindicato, influenciou em muito o payroll, sendo decisivo para contaminar o documento como um todo. E sempre há possibilidade de revisões nos números – talvez para cima.

É bom lembrar que o Fed trabalha com um mandato duplo, de pleno emprego e metas de inflação, e já deixou claro que não olha para resultados individuais, mas sim para a evolução do conjunto da economia, dos EUA e de fora. Mas os investidores só ouvem o som de Yellen reescrevendo o discurso que fará nesta segunda-feira, às 13h30. O tema da fala é exatamente perspectivas econômicas e política monetária.

Trata-se do grande evento econômico desta semana que antecede a decisão do Fed. Esvaziada hoje, a agenda dos Estados Unidos tem poucos destaques, mas traz novos números sobre o mercado de trabalho norte-americano, com os custos da produtividade (amanhã) e o relatório Jolts sobre a criação de vagas (quarta-feira). Também chama atenção a leitura preliminar sobre o sentimento do consumidor (sexta-feira).

No Brasil, o anúncio de política monetária do Copom, na quarta-feira, não deve trazer surpresas, na provável última reunião sob o comando de Alexandre Tombini à frente do Banco Central. Com isso, as atenções se voltam para a sabatina do economista do Itaú, Ilan Goldfajn, amanhã no Senado. A votação para o indicado assumir o cargo também deve ocorrer nesta terça-feira.

Com isso, o foco na quarta-feira se volta para a divulgação da inflação oficial ao consumidor no país, medida pelo IPCA, que deve mostrar um repique, conforme apurado pela prévia do indicador (IPCA-15), acelerando-se no acumulado em 12 meses. O número ajudará a calibrar as apostas em relação ao início do processo de afrouxamento monetário, que deve ser engatado por Ilan, com a taxa básica de juros (Selic) podendo cair em agosto.

Hoje, saem indicadores antecedentes da indústria automotiva (Anfavea). No restante do mundo, destaque para o Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro e do Japão no primeiro trimestre deste ano, ambos amanhã. No mesmo dia, sai a decisão de juros na Austrália. Também são esperados dados da China sobre a balança comercial e os preços ao produtor (PPI) e ao consumidor (CPI), antes do feriado no país, a partir de quinta-feira.


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