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China recua, Temer avança


A economia da China deu novos sinais de perda de tração em abril, mas isso não foi o suficiente para deprimir bolsas e commodities no exterior, embora afete as moedas de países emergentes. Ainda assim, os mercados domésticos ainda vão levar um tempo para deslocar o foco do cenário político e as atenções de hoje se voltam para o anúncio da equipe econômica do novo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

A grande expectativa nesta segunda-feira é pelo anúncio do nome do presidente do Banco Central, que substituirá o atual comandante, Alexandre Tombini. Não está descartada a permanência dele, mas as apostas são de que o economista-chefe do Itaú, Ilan Goldfajn, assumirá o posto. O ex-BC Mário Mesquita e o ex-secretário do Tesouro Carlos Kawall correm por fora.

Meirelles também devem anunciar o nome do novo secretário do Tesouro, além dos presidentes dos bancos estatais. O ministro antecipou que os nomes para os bancos públicos serão técnicos e passarão por seu crivo. Na agenda dele, constam apenas despachos internos.

Porém, o presidente interino Michel Temer tem uma reunião marcada, às 15 horas, com Meirelles e os ministros Ronaldo Nogueira (Trabalho) e Eliseu Padilha (Casa Civil), juntamente com as centrais sindicais. Na pauta, podem estar leis de trabalho mais flexíveis, bem como a terceirização da mão de obra. Depois, Temer reúne-se com o ministro da Educação (e da Cultura), Mendonça Filho.

Ontem, o presidente interino disse, em entrevista na TV, que pode até ser impopular, já que não pensa em reeleição em 2018. Mas essa sinalização do governo interino de não ter pressa em anunciar medidas econômicas - possivelmente impopulares - redobra a cautela nos negócios locais, ao mesmo tempo em que enfraquece o voto de confiança - ou, ao menos, de esperança - no presidente em exercício.

Em meio à essa "ressaca" nos ativos brasileiros, após a comemoração pelo afastamento temporário da presidente Dilma Rousseff, a segunda-feira começa refletindo os números abaixo do esperado sobre a atividade chinesa. A indústria teve expansão de 6% no mês passado, em base anual, desacelerando-se ante a alta de 6,8% em março, na mesma comparação, e ficando aquém da previsão de +6,5%.

No varejo chinês, as vendas cresceram 10,1%, mas também frustraram as estimativas (+10,6%) e perderam vigor ante o mês anterior (+10,5%). Já os investimentos em ativos fixos avançaram 10,5% nos quatro primeiros meses de 2016, para US$ 2 trilhões, ante projeção de alta de 11% e de crescimento de 10,7% no primeiro trimestre deste ano.

Contudo, a Bolsa de Xangai mirou a declaração do BC chinês (PBoC), feita após a divulgação dos indicadores econômicos, dizendo que a autoridade monetária continuará a apoiar o crescimento econômico do país, e subiu 0,84%. A mesma variação foi observada em Hong Kong, em meio às especulações de progresso nas negociações com a Bolsa da China.

O sinal positivo se espalhou pela região Ásia-Pacífico, com Tóquio subindo 0,33% e Sydney avançando 0,60% diante da recuperação do dólar australiano, após atingir a mínima em dois meses. Porém, o won sul-coreano e o ringgit malaio lideram as perdas ante o dólar dos Estados Unidos, penalizados pelos dados chineses. Os metais básicos têm um rali, com os ganhos liderados pelo alumínio, ao passo que o petróleo flerta com o nível de US$ 47, após o Goldman Sachs elevar a previsão para o preço da commodity negociada em Nova York.

Porém, esse maior apetite por ativos de risco não chega à Europa, onde as praças na Alemanha e na Suíça estão fechadas, devido a feriados locais. As bolsas de Paris e Londres estão em queda, mas as ações de produtoras e exportadoras de commodities avançam. O índice Stoxx 600 cai pela terceira sessão em quatro dias, em meio às preocupações com a saúde da economia global e aos resultados mistos das empresas.

Esse movimento desigual nos mercados ocorre porque a recuperação ensaiada pela segunda maior economia do mundo no início deste ano começa a perder fôlego, com todos os motores da atividade perdendo impulso. Ao mesmo tempo, problemas antigos, como a situação da dívida do país e os riscos advindos do sistema financeiro, seguem no radar. O receio é de que o modelo de crescimento sustentado por estímulos monetários e aumento do endividamento pode ser letal à China, trazendo riscos aos mercados globais.

À essa apreensão soma-se a expectativa por um novo aumento na taxa de juros dos Estados Unidos. O debate voltou à tona após os números robustos sobre as vendas no varejo norte-americano, combinados com a melhora da confiança do consumidor. Com isso, a divulgação da ata da reunião de abril do Federal Reserve, na quarta-feira, é o grande destaque da agenda econômica no exterior.

Porém, o documento não deve trazer novidades, reforçando o movimento gradual esperado na taxa dos Fed Funds. Hoje, o calendário dos EUA traz o índice Empire State de manufatura (9h30) e o índice de sentimento da construção civil (11h). À espera desses números, os futuros de Nova York pegam carona na alta do petróleo e sobem.

Amanhã, merecem atenção a inflação ao consumidor (CPI) bem como desempenho da indústria norte-americana, ambos em abril. Dados do setor de imóveis recheiam a agenda ao longo da semana. Na Europa, o CPI sai na quarta-feira.

No Brasil, o Boletim Focus (8h25) pode trazer novas revisões nas estimativas para as principais variáveis macroeconômicas do Brasil, com os investidores colocando o governo Temer no preço da inflação, do câmbio, dos juros e do PIB. Antes, às 8h, sai o primeiro IGP de maio, o IGP-10, que deve acelerar a 0,55%.

Mas o índice de inflação em destaque será conhecido apenas na sexta-feira. Trata-se da prévia do índice de preços ao consumidor brasileiro neste mês, medida pelo IPCA-15, que acelerar por causa dos reajustes de medicamentos e da pressão de alimentos, seguindo perto de 10% no acumulado em 12 meses. Também estão previstos os dados da Receita Federal e do Ministério do Trabalho sobre arrecadação e emprego formal, respectivamente, mas ainda sem data definida.

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