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Ajustando o foco


O mercado doméstico já percebeu que está perdendo tempo ao manter o radar dos negócios em Brasília. Afinal, qualquer novidade vinda do Planalto Central deve chegar somente após os 10 primeiros dias de maio, mantendo o dólar encrostado ao redor de R$ 3,50 e a Bovespa, na faixa dos 50 mil pontos, até lá. Por isso, os investidores ajustam o foco para o noticiário econômico, com destaque nesta semana para os bancos centrais.

Começa hoje, e termina amanhã, a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Apesar de muito criticado, o BC resgatou parte da credibilidade, arranhada desde o primeiro mandato do governo Dilma, ao mostrar-se à frente da curva. Até por isso, espera-se alguma mudança no Copom, seja no tom do comunicado, seja no placar da decisão.

Afinal, o BC vem acertando na previsão, de que a perda de força da alta dos preços correntes combinada com a queda da inflação projetada para os meses à frente deve levar o índice oficial (IPCA) para dentro da meta antes do fim do ano – provavelmente nas Olimpíadas. Mas o BC deve esperar sedimentar de vez essa questão para, então, iniciar um ciclo mais perene de cortes da taxa básica de juros (Selic).

Porém, é bom lembrar que o Federal Reserve pode ressurgir, amanhã, o debate sobre uma nova alta nos juros dos Estados Unidos em breve. Desde o aperto em dezembro, quando o aumento na taxa dos Fed Funds pôs fim à era de juro zero no país, os investidores estão ávidos por pistas sobre quando ocorrerá o próximo aperto – provavelmente ainda em 2016.

Os investidores elevaram a probabilidade de elevação dos juros norte-americanos neste ano para 64%, de 49% na semana passada. A expectativa é de que o Fed sinalize que junho ainda é uma opção, mas não uma certeza.

À espera de novidades, os índices futuros das bolsas de Nova York avançam, ao passo que o juro (yield) da T-note de 10 anos recua a 1,90%, depois de ter superado esse patamar ontem, pela primeira vez desde o fim de março. No calendário econômico dos EUA, o dia está carregado e traz as encomendas de bens duráveis (9h30), os preços de imóveis (10h), a atividade industrial (10h45) e a confiança do consumidor (11h).

Na Europa, as principais bolsas também avançam, impulsionada pelos balanços trimestrais de algumas empresas, com destaque para o inesperado lucro da petrolífera britânica BP. Na Ásia, as ações de produtoras e exportadoras de commodities lideraram as perdas, em meio à segunda queda seguida do cobre, para o menor nível em uma semana. Já o petróleo é negociado acima de US$ 40 o barril.

Ainda assim, Xangai subiu 0,61%, mas Tóquio caiu 0,49%, com os investidores apostando que o BC do Japão (BoJ) irá anunciar, na quinta-feira, novos estímulos monetários para impulsionar a economia japonesa diante da inflação perto de zero no país. Entre as moedas, o iene cai ante o dólar, que também perde terreno para as divisas europeias, como euro e libra. As moedas de países emergentes têm desempenho misto, com o ringgit malaio em queda, mas o dólar australiano em alta.

Para não deixar de falar de política, deve acontecer hoje a primeira reunião da comissão especial do impeachment da presidente Dilma Rousseff no Senado, após a eleição formal dos 21 senadores indicados pelos seis blocos partidários. Às 10h, o plenário do colegiado deve definir os nomes do presidente e do relator, sendo que Raimundo Lira (PMDB) e Antonio Anastasia (PSDB) são os mais cotados.

Definidos os cargos, tem início, ainda nesta semana, a apresentação de acusação e defesa. Primeiro, os advogados que apresentaram o pedido contra o mandato da presidente serão ouvidos pelos senadores. No dia seguinte, é a vez da fala do ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo.

A expectativa é de que o relatório sobre a admissibilidade do processo no Senado seja apresentado na comissão no segundo domingo de maio. Há um prazo de 24 horas para pedido de vista, deixando a votação para 9 de maio. Votado na comissão, após 48 horas, no dia 12 de maio, independentemente do resultado, o parecer será analisado no plenário da Casa. Caso aprovado, Dilma é imediatamente afastada do cargo por 180 dias.

Na agenda doméstica de indicadores, a terça-feira segue fraca, com destaque apenas para os dados da FGV, às 8h.

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