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Brasil, um sonho intenso, um raio vívido


De pouco adianta querer falar de China hoje, ao menos para os mercados brasileiros, pois o número dentro do esperado (6,7%) sobre a expansão econômica do país no início deste ano não serviu de alento nem aos negócios no exterior. Os sinais de estabilização da segunda maior economia do mundo estão longe de animar os investidores, uma vez que o crescimento chinês de dois dígitos ficou para trás há um bom tempo.

Assim, as atenções se voltam para o início da sessão sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff no plenário da Câmara dos Deputados, logo cedo, antes das 9h. O governo bem que tentou barrar o processo, seja via o Supremo Tribunal Federal (STF), seja por meio dos 186 votos de deputados exibidos ontem em lista assinada por uma frente em defesa da democracia. No placar da imprensa, a oposição alcançou os 342 votos necessários.

Esses números depositam o sonho intenso de alguns pelo poder e a esperança de outros por mudanças relâmpagos, com os 513 deputados podendo, no futuro, espelhar a grandeza do país, ao mesmo tempo em que os mercados domésticos antecipam os resultados. Hoje, os investidores devem reforçar as apostas, dando mais trabalho ao Banco Central para evitar uma valorização acentuada do real e colocando a Bovespa de volta aos 53 mil pontos, perdidos ontem.

Mas o que vale é a votação em si, que foi confirmada para domingo, após sessão da Corte ontem. Depois de sete horas de sessão, o STF negou cinco ações contestando a votação do pedido de abertura do impeachment e também rejeitou o pedido liminar da Advocacia-Geral da União (AGU) para anular o processo.

No entanto, os ministros entenderam que cabe ao plenário da Câmara analisar a denúncia original e não o relatório da comissão especial. Ao final de sessão, o presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski, disse que a Corte não fechará as portas para "analisar a tipificação do crimes de responsabilidade" e verificar se a presidente, de fato, praticou algum crime desse tipo.

Com a agenda econômica doméstica esvaziada nesta sexta-feira, o foco está em Brasília. Pela manhã, na Câmara, acusação e defesa terão 25 minutos, cada, para apresentar os argumentos em relação ao processo. Depois, cada partido terá uma hora para discursar. Só esse discurso deve estender a fala dos parlamentes ao longo de toda a sessão de hoje e também de amanhã, a fim de contemplar os mais de 30 partidos políticos do Brasil.

Assim, a votação deve acontecer somente no domingo, a partir das 14h, sendo que a ordem de anúncio dos votos será feita pela bancada de cada Estado, começando pelos deputados do Norte, alternadamente com os do Sul, após um recuo do presidente da Casa, Eduardo Cunha, ontem. Os Estados do Nordeste ficam por último.

A chamada será a seguinte: deputados de Roraima, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Amapá, Pará, Paraná, Mato Grosso do Sul, Amazonas, Rondônia, Goiás, Distrito Federal, Acre, Tocantins, Mato Grosso, São Paulo, Maranhão, Ceará, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Piauí, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Sergipe e Alagoas.

Caso a oposição consiga os 342 votos necessários, o processo avança para o Senado e a presidente é afastada do cargo, sendo substituída temporariamente pelo vice, Michel Temer. Há uma pressão para que o processo a ser conduzido na outra Casa também caminhe rapidamente, definindo a saída definitiva (ou não) de Dilma até maio.

Contudo, o governo trabalha para que a pauta sequer chegue aos senadores, tentando levantar os 171 votos necessários para arquivar o processo. Quatro ministros foram exonerados para votar na Câmara, sendo um do PT e três do PMDB. Aliás, o até então maior partido da base aliada anunciou ontem que não haverá decisão única em relação à votação, mas a maioria esmagadora (90%) deve votar a favor do impeachment.

Já no exterior, o Produto Interno Bruto (PIB) chinês cresceu 6,7% no primeiro trimestre deste ano, em relação a igual período do ano passado, em linha com a mediana das previsões e dentro do intervalo de crescimento entre 6,5% e 7% estipulado por Pequim. Os dados de março sobre a produção industrial, as vendas no varejo e os investimentos em ativos fixos superaram as estimativas.

Enquanto a indústria chinesa avançou 6,8% em relação a um ano antes e o comércio varejista se expandiu em 10,5%, no mesmo período, os investimentos em ativos fixos saltaram 10,7% nos três primeiros meses de 2016 ante igual período de 2015. No setor imobiliário, as vendas de residências saltaram 71% no mês passado, em base anual, diante do acesso mais fácil ao crédito.

Ainda assim, o ritmo estável de crescimento na China traz dúvidas em relação à transição adotada pelo país, de sair da indústria pesada rumo a uma economia voltada ao consumo e aos serviços, ao mesmo tempo que levanta novas questões sobre a sustentabilidade da expansão alimentado pelo crédito. Em reação, a Bolsa de Xangai fechou em leve baixa, de 0,14%, enquanto Hong Kong cedeu 0,10%. Tóquio caiu 0,37%.

No Ocidente, o sinal negativo também prevalece. As principais bolsas europeias digerem os balanços das empresas, sendo contaminadas pelas perdas na Ásia e nos índices futuros das bolsas de Nova York, em meio à queda do petróleo, que aguarda a reunião de produtores da commodity no domingo. O destaque na Europa fica com a Bolsa da Espanha, após a renúncia do ministro da Indústria, Jose Manuel Soria, por ter sido citado no Panama Papers.

Os destaques da agenda econômica lá foram ficam agora com os dados sobre a produção industrial nos Estados Unidos em março, às 10h15, e a leitura preliminar de abril sobre a confiança do consumidor norte-americano, às 11h, além do fluxo de capital estrangeiro em fevereiro (17h). Em Washington, começam as reuniões do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, que vão até domingo.

Internamente, vale citar a coletiva de imprensa a ser concedida pelos ministros Nelson Barbosa (Fazenda) e Valdir Simão (Planejamento), às 15h30, sobre a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2017.

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