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Dados de abril corrigem ganhos de março


Abril começa com dados inesperadamente positivos sobre a indústria na China e na zona do euro, o que adiciona ingredientes na expectativa dos mercados financeiros pelo relatório oficial de emprego nos Estados Unidos (payroll) em março. Afinal, os sinais de melhora na economia internacional combinados com um mercado de trabalho norte-americano em consolidação tendem a instigar uma nova ação do Federal Reserve em relação à taxa de juros, com chances de corrigir o exagerado apetite por risco que marcou o mês passado.

Os ativos brasileiros estiveram entre os principais beneficiados, com a Bovespa subindo quase 17% no mês passado, na melhor performance mensal desde outubro de 2002. De quebra, a Bolsa brasileira registrou o maior ganho em um trimestre desde a recuperação no pós-crise, com valorização de quase 16%, atrás apenas do período de julho a setembro de 2009.

O dólar, por sua vez, caiu mais de 10% em março, no maior recuo desde abril de 2003 e na maior queda para o mês desde 1999. No trimestre, a moeda norte-americana recuou um pouco menos (-9,05%), e só perdeu para o segundo trimestre de 2009, quando verificou-se a maior valorização do real desde a sua criação, em 1994.

Mas hoje o cenário pode ser outro. A própria Bolsa de Xangai não tirou proveito do surpreendente avanço do índice dos gerentes de compras (PMI) do setor industrial, que voltou a ficar acima da linha divisória de 50 em março pela primeira vez em oito meses, o que indica expansão da atividade, ao subir a 50,2, no maior nível desde novembro. A previsão era de leitura em 49,4.

O dado oficial mostrou uma melhora em todos os subindicadores, com retomada da produção, novas encomendas, pedidos de exportação e preços. Em uma divulgação separada, o PMI da indústria chinesa calculado pela Markit subiu a 49,7, no maior desde fevereiro de 2015. Já o PMI do setor de serviços subiu a 53,8 em março, de 52,7 pontos em fevereiro.

Ainda assim, o índice Xangai Composto teve leve alta de 0,19%, sendo que os ganhos foram garantidos apenas na meia hora final de pregão, em meio a especulações de compras por fundos estatais. O otimismo com a melhora da economia foi ofuscado pela decisão da Standard & Poor's (S&P), de revisar para baixo a perspectiva da nota de risco de crédito (rating) da China.

De olho no cenário desafiador que Pequim tem à frente, a S&P alterou, de estável para negativa, a perspectiva do rating chinês, que seguiu em AA-. Mas a agência de classificação de risco alertou para uma lentidão maior no reequilíbrio da segunda maior economia mundial. No início do mês passado, a Moody's também cortou a perspectiva da nota da China.

Os demais mercados asiáticos também exibiram perdas, com destaque para o tombo de 3,55% da Bolsa de Tóquio, diante da queda da confiança do empresariado japonês e em meio à expectativa pelos dados de emprego nos EUA. Na Europa, a ansiedade pelos números do mercado de trabalho norte-americano também deprime as bolsas da região, com os investidores em busca de sinais sobre a saúde da maior economia do mundo.

Desse modo, fica em segundo plano o aumento do PMI industrial da zona do euro para 51,6 em março, de 51,2 em fevereiro, acima da previsão de alta a 51,4. Nas maiores economias da região da moeda única, o PMI da indústria alemã subiu a 50,7, enquanto na França ficou em 49,6. Em reação, as bolsas europeias recuam, apagando em um dia todos os ganhos de março.

Ainda assim, os números melhores que o esperado sobre a atividade na China e na zona do euro embalam as commodities, principalmente os metais básicos, como o cobre e o alumínio. O petróleo, porém, recua, com as renovadas preocupações sobre o excesso de oferta global, o que pesa em Wall Street. Os índices futuros das bolsas de Nova York estão no vermelho, à espera do payroll, que pode calibrar as apostas em relação ao Fed.

A estimativa é de geração de 200 mil vagas nos EUA em março, com a taxa de desemprego seguindo em 4,9%. Os números saem às 9h30. Depois, às 10h45, sai o índice dos gerentes de compras (PMI) da indústria norte-americana no mês passado. Às 11 horas, é a vez da confiança do consumidor, no período, além dos gastos com construção em fevereiro.

Já a agenda doméstica traz como destaque os números da produção industrial. Após o setor interromper, em janeiro, sete meses consecutivos de queda, a atividade deve ter voltado a cair em fevereiro, em -2,5%. No confronto anual, a indústria deve ampliar a série de resultados negativos, nessa base de comparação, pelo 24º mês consecutivo (desde março de 2014) e ceder 10,7%.

Os dados efetivos serão divulgados às 9 horas pelo IBGE. Antes, às 8h, sai a leitura do IPC-S em março. À tarde, às 15h, será conhecido o desempenho da balança comercial no mês passado, que deve exibir um superávit robusto.

No front político, a onda do impeachment parece estar perdendo força, o que pode culminar em um desfecho diferente do que o mercado doméstico prevê, o que pode intensificar a correção esperada para o dia de hoje.

Ontem, atos contra o impedimento do mandato da presidente Dilma Rousseff aconteceram em 25 dos 26 Estados brasileiros, além do Distrito Federal. Segundo a Polícia Militar, as manifestações reuniram 140 mil pessoas. Para os organizadores, a mobilização passou de 800 mil, no que foi chamado de Dia Nacional em Defesa da Democracia.

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