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Fim de mês


O mês de março chega ao fim e, de quebra, o primeiro trimestre de 2016, com os investidores colocando no bolso os ganhos obtidos nos últimos 30 dias, quando os preços das principais commodities e ativos se estabilizaram, pondo fim a uma onda forte vendedora (selloff) que varreu os mercados financeiros pelo mundo logo no início deste ano. No Brasil, os negócios também devem passar por ajustes, seguindo o viés externo.

Afinal, a Bovespa sobe quase 20% apenas neste mês, rumo ao maior ganho mensal desde 1999, o que garante um resultado positivo nos três primeiros meses do ano. Os índices futuros das bolsas de Nova York recuam desde cedo, ainda na esteira da queda do barril de petróleo, após os estoques norte-americanos da commodity atingem o maior nível em mais de oito décadas. As principais bolsas europeias também caem, caminhando para o terceiro trimestre de perdas, com -7,2% para o índice Stoxx Europe 600.

Na Ásia, apenas Xangai subiu (+0,11%), estendendo os ganhos de março para 12%, no maior avanço mensal em mais de um ano. Os sinais de estabilização da economia da China que, junto com o excesso de oferta de petróleo, fiz a dobradinha da tempestade perfeita nos negócios globais, também contribuíram para esta retomada. Na região como um todo, o índice MSCI da Ásia-Pacífico subiu pouco menos de 10% no mês, mas caiu quase 2% no trimestre.

Nas moedas, o otimismo de que o Federal Reserve não terá pressa em subir a taxa de juros nos Estados Unidos embala as divisas de países emergentes e correlacionadas às commodities, como o dólar australiano e o ringgit malaio. A moeda da Malásia avança pelo quarto dia e saltou quase 10% no trimestre, no melhor desempenho desde 1973.

Atrás do ringgit, aparece a performance do iene japonês, diante da atratividade como busca por proteção em meio à turbulência no começo de 2016. Já as moedas europeias, como euro e libra, estão estáveis ante o dólar.

Esse movimento no mercado cambial pode respingar nos negócios domésticos, em dia de formação da taxa Ptax do mês. Essa disputa entre "comprados" e "vendidos" também pode influenciar o mercado local de juros futuros, mas sem deslocar o foco dos investidores do cenário político.

Entre os eventos de relevo do dia, destaque para a audiência pública da comissão especial sobre a denúncia da presidente Dilma Rousseff que ouvirá o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, a partir das 11 horas. Dilma, por sua vez, promove, no mesmo horário, um encontro com artistas e intelectuais em defesa da democracia. Antes, às 10h, ela recebe o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner e, à tarde (15h30), reúne-se com o secretário de governo, Ricardo Berzoini.

Também chama atenção a reunião do Supremo Tribunal Federal (STF) hoje para decidir se o juiz federal Sérgio Moro, responsável pela investigação da Lava Jato, continuará conduzindo os inquéritos contra Luiz Inácio Lula da Silva. Na semana passada, o ministro Teori Zavascki, relator da Operação na STF, determinou a suspensão das investigações pelo juiz para a Corte avaliar se o ex-presidente tem foro privilegiado ou não.

Na agenda econômica, o destaque fica para o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), que o Banco Central publica às 8h30. Às 11 horas, o diretor de Política Econômica, Altamir Lopes, concede entrevista coletiva para comentar o documento.

Nele, o BC não deve alterar a projeção para a inflação oficial do país em 2016, medida pelo IPCA, que deve ficar estável em 6,2%. Isso porque os fatores de pressão de alta e de queda dos preços tendem a se anular.

Já para 2017, a previsão deve ser de inflação menor, na faixa de 5,5%, e é aí que os investidores estarão buscando pistas para saber se o cenário contempla um espaço para redução da taxa básica de juros (Selic) ainda neste ano. O fiel da balança, nesse caso, pode ser a taxa de câmbio.

Recentemente, o BC deixou evidente que se sente incomodando com o dólar nas cercanias de R$ 3,60, adotando uma estratégia de posição comprada (aposta na alta) da moeda norte-americana. Nos juros, a autoridade monetária tem demonstrado sinais de que a curva a termo caiu demais. Tudo isso às vésperas da divulgação do RTI.

Ainda entre os indicadores domésticos, às 8 horas, saem as sondagens dos setores industrial e de serviços em março. Às 9h, é a vez do índice de preços ao produtor (PPI) em fevereiro. No exterior, destaque para a prévia do mês do índice de preços ao consumidor (CPI) na zona do euro e também para dados sobre o varejo e o desemprego na Alemanha.

Fora da região da moeda única, sai a terceira e última leitura do Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido, juntamente com outros indicadores. Do outro lado do Atlântico Norte, tem os pedidos semanais de auxílio-desemprego feitos nos Estados Unidos. No fim do dia, a China informa o índice dos gerentes de compras (PMI) da indústria neste mês.

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