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Mercado calibra expectativas


Ainda é feriado em alguns mercados no exterior nesta segunda-feira, o que esvazia a liquidez dos negócios no dia. Ainda assim, um ligeiro sinal positivo prevalece em Wall Street, apesar das especulações de que a taxa de juros nos Estados Unidos deve voltar a subir em breve, sendo que o relatório de emprego no país (payroll) nesta semana deve indicar quando esse novo aperto pode acontecer.

Enquanto lá fora os investidores calibram as expectativas em relação ao momento exato em que o Federal Reserve deve agir, aqui, o foco segue concentrado no noticiário político, com os agentes financeiros podendo se antecipar à decisão do PMDB sobre a permanência no governo. A reunião do partido acontece amanhã, com a presença do vice-presidente Michel Temer, quando pode ser anunciada uma ruptura da aliança com o PT, entregando, ao menos sete cargos de ministérios - e outros de segundo escalão.

Oficialmente, o principal partido da base aliada diz apenas que pretende se manter no debate econômico de modo consistente. Para isso, o PMDB deve propor uma ampliação do documento lançado no fim do ano passado - "Uma Ponte para o Futuro", com medidas que tratam da revisão de gastos na área social e uma nova política para essa área. A proposta incluiria fim de subsídios, revisão na abrangência de programas sociais, mudanças na concessão de bolsas de estudos e até alternativas para a saúde.

Não se trataria, contudo, de um plano de governo, a ser adotado se houver a saída da presidente Dilma Rousseff do cargo. Afinal, o afastamento dos peemedebistas pode ser o fio condutor do impeachment contra o mandato dela no Congresso.

Em uma contraofensiva, Dilma teria oferecido mais cargos ao PMDB, a fim de conseguir ampliar o apoio contra a debandada e atrair aqueles que ainda resistem em aderir ao desembarque do governo. Ao mesmo tempo, ela avalia opções para evitar o impeachment. A ordem seria abrir o cofre, atender aos aliados fiéis, desalojar os "traidores" e dividir o PMDB.

Entre os indicadores econômicos, a semana reserva dados fiscais do país em fevereiro. Amanhã, saem os números do governo central, a serem divulgados pelo Tesouro Nacional, e, na quarta-feira, o Banco Central publica os números consolidados do setor público. No mesmo dia, sai o resultado de março do IGP-M.

Um dia depois, a autoridade monetária volta à cena para publicar o relatório trimestral da inflação (RTI). Hoje, o BC publica a tradicional Pesquisa Focus (8h30). À tarde, tem o resultado semanal da balança comercial (15h), sendo que o dado fechado do mês sai na sexta-feira. Neste dia, destaque ainda para a produção industrial brasileiro no mês passado. Na quinta-feira, saem os preços no atacado (IPP).

No exterior, o calendário ganha força apenas no fim da semana, quando a China volta ao radar dos mercados financeiros e anuncia dados sobre a atividade nos setores industrial e de serviços (quinta-feira). No dia seguinte, sai o relatório oficial do mercado de trabalho nos Estados Unidos (payroll).

O documento pode calibrar as apostas em relação a uma alta nos juros norte-americanos já em abril, principalmente após os números robustos do Produto Interno Bruto (PIB) do país, conhecidos na sexta-feira passada – dia de feriado no Brasil e na Europa. A maior economia do mundo cresceu a um ritmo mais acelerado que o estimado anterior, em 1,4% na taxa anualizada do quarto trimestre de 2015, acumulando uma expansão de 2,4% em todo o ano passado, repetindo o avanço apurado em 2014.

A má notícia ficou com a queda no lucro das empresas, em -11,5% nos últimos três meses do ano passado em relação ao ano anterior, no maior recuo desde o fim de 2008, no auge da crise. Em todo o ano de 2005, os ganhos empresariais antes de impostos cederam 3,1%, no ritmo mais intenso em sete anos.

Ainda assim, os dados se mostraram encorajadores e combinação dessa recuperação nos EUA, sustentada pelo consumo das famílias, com uma taxa de desemprego cada vez mais próxima de 4,5% deve ser a senha para o Fed dar mais um passo no processo de normalização monetária. Mas as apostas são de que é necessária uma maior consolidação da melhora do trabalho no país, adiando o aperto dos Fed Funds, talvez, para junho.

Enquanto calibram o momento exato do Fed, os investidores recebem também dados sobre a renda pessoal e os gastos com consumo (9h30), a confiança do consumidor em março (amanhã), o emprego no setor privado (quarta-feira), além de índices de atividade. À espera dessas pistas, os índices futuros das bolsas de Nova York estão em alta, motivados pelo avanço do preço do barri de petróleo, que volta a ser cotado a US$ 40.

Na Europa, a maioria das bolsas está fechada, ainda em comemoração às festividades da Páscoa. Dados sobre a atividade, o sentimento econômico e a inflação na zona do euro estão programados até sexta-feira.

Já na Ásia, o sinal negativo prevaleceu, à exceção de Tóquio, que subiu 0,77%. Xangai, por sua vez, caiu 0,73%, com a queda das ações do setor imobiliário, após a introdução de medidas restritivas para a compra de imóveis, ofuscando o dado que apontou recuperação do lucro da indústria, após sete meses seguidos de queda no lucro, subindo 4,8% no período acumulado de janeiro e fevereiro.

Esse comportamento na China, somado às especulações de que o Fed pode estar perto de subir os juros novamente, pesou nos mercados emergentes, sobretudo nas moedas. A rupia indonésia liderou as perdas, tendo a companhia do baht tailandês e do ringgit malaio, em uma sessão esvaziada de negócios. Em março, o rublo russo, o real brasileiro e o peso argentino estão no ranking dos destaques de alta - todos com avanço de mais de 9%.

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