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Política tem novos capítulos


A agenda econômica doméstica, enfim, ganha força nesta quarta-feira, mas é o noticiário político que deve continuar ditando o rumo dos mercados. A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki de encaminhar todas as investigações envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Lava Jato para a Corte, no mesmo dia em que o Grupo Odebrecht decidiu fazer acordo de delação premiada deve agitar os negócios locais.

Afinal, o despacho do ministro do STF, relator da Operação da Polícia Federal sobre o esquema de corrupção na Petrobras, evita que o juiz Sérgio Moro deflagre uma nova ação contra o petista. Teori decretou ainda sigilo nas interceptações telefônicas envolvendo Lula, que segue impedido de assumir o cargo na Casa Civil.

A decisão do ministro foi motivada porque pessoas com foro privilegiado, como a presidente Dilma Rousseff, foram atingidas nas conversas grampeadas. Com isso, o STF deve enviar à Procuradoria-Geral da República (PGR) as gravações, a fim de avaliar se há alguma ilegalidade nos diálogos entre Dilma e Lula.

Horas antes da decisão vinda do STF, foi divulgado que o Grupo Odebrecht irá fazer acordo de delação premiada de seus principais executivos, entre eles o ex-presidente Marcelo Odebrecht, que está preso desde junho do ano passado e cuja delação deve ter potencial explosivo. A decisão saiu no dia em que a empresa foi alvo da mais recente fase da Lava Jato, quando foi identificado um departamento de pagamento de propina.

No Executivo, o presidente nacional do PMDB, Michel Temer, segue discutindo o seu futuro e o do país com o PSDB. Ele evitou, mais uma vez, encontro com Lula, mas reuniu-se com o senador Aécio Neves, em São Paulo, para tratar de uma "agenda emergencial ao Brasil".

Contrariando a base governista, que pede pelo adiamento do encontro do diretório nacional para o dia 12 de abril, Temer manteve a reunião para o próximo dia 29, quando deve ser anunciada o rompimento do partido com o governo Dilma. Nesse dia, devem ser entregues todos os cargos do PMDB, diante do apoio de 14 diretórios estaduais. O ex-presidente Lula, porém, já se encontrou com Renan Calheiros e José Sarney para tentar manter a aliança.

Em meio a esse farto noticiário político, os indicadores do dia devem ficar em segundo plano. Às 8h, a FGV anuncia uma nova prévia do IPC-S e a sondagem preliminar da indústria, ambas referentes a este mês. Às 9h, o IBGE publica a última pesquisa sobre a taxa de desemprego em regiões metropolitanas do país, que deve retomar em fevereiro o patamar de 8%, pela primeira vez desde 2009, ficando no maior nível desde maio daquele ano e indo a 8,2%.

A partir deste mês, o documento será substituído pela Pnad Contínua, cujo levantamento de janeiro será divulgado na sexta-feira. Ainda às 9h, o IBGE anuncia a prévia da inflação oficial no Brasil em março, medida pelo IPCA-15, que deve se desacelerar fortemente, para 0,55% no mês, com o acumulado em 12 meses baixando a 10,10%, diante da menor pressão vinda dos alimentos e já sob efeito da revisão na bandeira tarifária.

Se confirmados os resultados, será a menor taxa para o mês desde 2013, quando subiu 0,49%, com o acumulado em 12 meses voltando a níveis do período até outubro de 2015 (9,77%). Depois, é a vez de o Banco Central entrar em cena e anunciar a nota do setor externo em fevereiro (10h30), com dados sobre as transações correntes e o investimento direto no país, e os números semanais do fluxo cambial (12h30).

Já no exterior, o calendário do dia traz as vendas de imóveis novos nos Estados Unidos em fevereiro (11h), os estoques semanais norte-americanos de petróleo bruto e derivados (11h30) e a leitura preliminar de março sobre a confiança do consumidor na zona do euro (12h). À espera desses números, os índices futuros das bolsas de Nova York estão na linha d'água, em meio à queda nos preços do barril do petróleo.

Na Europa, as principais bolsas ensaiam uma melhora, um dia após os atentados em Bruxelas, que mantém o sinal de alerta na região. Mas o tom mais duro de alguns integrantes do Federal Reserve sobre o momento em que deve ocorrer a próxima alta dos juros nos EUA fortalece o dólar, pelo quarto dia seguido, na maior sequência em um mês. O movimento deprime as commodities industriais e preciosas, as moedas e as bolsas.

Na Ásia, o sinal negativo prevaleceu, com exceção de Xangai, que subiu 0,35%. Nos mercados emergentes, destaque para as decisões de política monetária na Tailândia e nas Filipinas, onde os bancos centrais mantiveram suas respectivas taxas de juros, em 1,5% e em 4%, confiantes na recuperação das economias locais. Em reação, o peso filipino apagou as perdas, ao passo que o baht tailandês tem ligeira baixa.

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