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Mercado espera pelo fim de semana


A sexta-feira começa com os mercados domésticos em compasso de espera pelo fim de semana, mais especificamente pelas manifestações contrárias ao governo Dilma e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no domingo. Os investidores têm apostado que as delações premiadas no âmbito da Operação Lava Jato e o aumento da pressão sobre Lula, agora denunciado pelo Ministério Público de São Paulo, ampliaram as chances de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ontem, o MP-SP pediu prisão preventiva dele.

A isso, soma-se ainda a possibilidade de o PMDB desfazer formalmente a aliança com o PT, unindo-se ao PSDB. A Convenção Nacional do PMDB acontece um dia antes dos protestos, no sábado, quando a ruptura deve ser anunciada, liberando as bancadas para votar pelo impeachment. Desse modo, de pouco deve resolver o convite de Dilma para que Lula escolha um ministério pra chamar de seu. O ex-presidente teria pedido um prazo até a próxima segunda-feira para decidir se aceita ou não.

Contra ele, pesa agora o pedido de prisão preventiva feita pelos promotores Cassio Conserino, José Carlos Blat e Fernando Henrique Araújo junto com a denúncia apresentada na quarta-feira. Eles alegam ser necessária tal conduta para garantir "a ordem pública, a instrução do processo e a aplicação da lei". Contudo, a própria oposição decidiu não referendar o pedido do MP-SP por não ver nenhum embasamento jurídico sólido e avaliar a medida como "inusual".

Em meio a essas expectativas de troca de governo, diante do maior isolamento da atual gestão, os negócios locais também promovem ajustes, mas sem desmontar posições com intensidade para que os agentes financeiros não sejam pegam de surpresas na segunda-feira. Atento a esse movimento interno, o Tesouro Nacional aproveitou para mensurar a demanda dos estrangeiros por ativos domésticos.

A emissão do novo bônus soberano denominado em dólares com vencimento em abril de 2016 (Global 2026) no mesmo dia em que o Banco Central Europeu (BCE) surpreendeu com a adoção de taxa zero para os juros básicos e ampliação do programa de estímulos monetários, agora ainda mais agressivo, serviu para aproveitar a provável entrada de recursos em países emergentes.

Segundo o próprio Tesouro, a primeira emissão soberana desde que o país perdeu o grau de investimento somou US$ 1,5 bilhão, sendo que a demanda pelo papel teria chegado perto de US$ 6 bilhões. Contudo, o spread em relação aos títulos de 10 anos dos Estados Unidos foi de 419,60 pontos, bem acima dos 147 pontos na última captação externa do governo, em 2014. A liquidação financeira será em 17 de março.

Esse noticiário tende a prevalecer nos mercados brasileiros hoje, em meio à fraca agenda. Internamente, o único indicador previsto é a pesquisa mensal de serviços em janeiro (9h). No exterior, está previsto apenas o índice de preços de produtos importados nos Estados Unidos em fevereiro (10h30).

À espera desses dados, os mercados internacionais exibem ganhos acelerados, diante da recuperação nos preços dos petróleo, com o barril do Brent voltando à marca de US$ 40. As principais bolsas europeias abriram em alta firme, embaladas pelo sinal positivo vindo de Wall Street. Na Ásia, as bolsas também no azul, ainda ecoando as medidas anunciada ontem pelo Banco Central Europeu (BCE).

Os investidores tentaram re-digerir a reação excessiva de ontem à fala do presidente do BCE, Mario Draghi, quando afirmou que não deve adotar nenhuma nova ação. A impressão que ficou foi de que os negócios ficaram com o foco embaçado e as declarações do comandante da zona do euro foram tiradas do contexto. Draghi apenas teria se antecipado dizendo que não seria necessário reduzir ainda mais as taxas e que o afrouxamento monetário (QE) deve durar mais quatro ou cinco anos na região da moeda única.

A Bolsa de Tóquio subiu 0,85% e a de Xangai avançou 0,20%, com os investidores à espera de indicadores sobre a atividade chinesa, que serão anunciados neste fim de semana. Os dados devem mostrar nova desaceleração da indústria e dos investimentos em ativos fixos. Além disso, amanhã acontece a conferência anual do Banco Central chinês (PBoC). Na semana, o índice Xangai Composto caiu pouco mais de 2%.

Em Hong Kong, o índice Hang Seng teve alta pela primeira vez em quatro dias, de +1,08%. Entre as moedas, o yuan offshore se fortaleceu para o maior nível desde novembro, animando as divisas de países emergentes e correlacionadas as commodities. Os destaques ficam com as valorizações do won sul-coreano, o baht tailandês, o ringgit malaio e o peso filipino.

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