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Mercados voltam aos negócios de ressaca


A folia no Brasil termina hoje à tarde, quando os mercados reabrem, com muitos ajustes a serem feitos. Durante os dois dias em que estiveram fechados, o petróleo ditou o rumo dos negócios, já que a China segue de fora do radar nesta semana, em meio às comemorações do Ano Novo Lunar. Os temores sobre o excesso de oferta mundial da commodity derrubaram as bolsas e somam-se à perspectiva de valorização global do dólar, após os números mistos do relatório de emprego nos Estados Unidos (payroll), na sexta-feira passada. Diante disso, as atenções se voltam hoje ao discurso da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, às 13 horas.

Na opinião de Wall Street, os principais bancos centrais do mundo abriram a porta para que o Fed também passe a adotar taxa de juros negativa, em caso de deterioração da crise global. Para o Bank of America e o JPMorgan, se as maiores economias mundiais continuarem a se enfraquecer, as tradicionais medidas de política monetária não irão ajudar. Então, os investidores querem saber se essa possibilidade de juro abaixo de zero é considerada por Yellen e os demais membros do Fed.

Porém, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) parece estar em uma corda bamba, tendo que encontrar um equilíbrio entre a confiança na economia norte-americana e o reconhecimento do aumento dos riscos no exterior. Duas semanas após a reunião de janeiro, a probabilidade de um aperto nos Fed Funds em março caiu para menos de 10%, de 50% no início do ano, e os investidores buscam de pistas que confirmem essa aposta.

Já a probabilidade de um corte na taxa de juros dos EUA em março está em torno de 8%, subindo para cerca de 30% de chance de redução dos Fed Funds em setembro. De qualquer forma, as especulações de que o ciclo de aperto monetário do Fed, iniciado em dezembro, já terminou ganharam força diante da piora na turbulência dos mercados globais, da queda livre nos preços do petróleo e do aumento da preocupação com a economia norte-americana.

Com isso, os investidores estão à espera do depoimento de Yellen no Congresso, que ocorrerá após o Banco Central japonês (BoJ) adotar taxa de juro negativa no país pela primeira vez e depois de o BC da zona do euro (BCE) sinalizar que adotará novos estímulos no mês que vem. Por enquanto, os índices futuros das bolsas de Nova York estão na linha d'água, tentando recuperar as perdas registradas no início da semana por causa do petróleo.

O barril do WTI segue negociado abaixo de US$ 30 nesta manhã, nos menores níveis em duas semanas, reagindo aos números do Instituto Americano (API) sobre os estoques da commodity no país e em meio à falta de ação dos grandes produtores ante o excesso de oferta global. Hoje, às 13h30, saem os dados oficiais do Departamento de Energia nos EUA (DoE). Os metais básicos também recuam.

Esse comportamento derrubou as bolsas europeias aos menores níveis desde setembro de 2013, em meio às renovadas preocupações com os bancos, e levou o rendimento do bônus do título japonês de 10 anos para abaixo de zero, pela primeira vez. A Bolsa de Tóquio teve perdas aceleradas pelo segundo dia consecutivo, de -2,3% hoje, em meio a busca por proteção no iene. A preocupação com a saúde da economia global faz com que os investidores fujam do risco, enquanto lutam para se livrar da onda vendedora global (selloff).

Nos mercados emergentes, a Bolsa da Índia entrou em mercado de baixa (bear market), assim como a Bolsa da Austrália, que caiu ao menor nível desde julho de 2013. As bolsas da Indonésia, da Malásia e da Filipinas tiveram perdas acentuadas. Entre as moedas, a rupia indonésia subiu ao maior nível desde outubro, diante de declarações de corte de juros no país em breve. O baht tailandês, o peso filipino e o ringgit malaio sobem ante o dólar, mas a rupia indiana cai. Os negócios na China, Hong Kong, Taiwan, Coreia do Sul e Vietnã seguiram fechados hoje, devido às festividades de ano-novo.

Na agenda econômica, no Brasil, ao meio-dia, sai a pesquisa Focus do Banco Central, que pode trazer uma nova rodada de deterioração nas expectativas inflacionárias. Às 12h30, o BC volta à cena para informar os números semanais do fluxo cambial. Já os dados da balança comercial saem apenas amanhã. Com o fim do carnaval, também são esperados os anúncios do pacote de medidas ao setor petrolífero e os cortes no Orçamento, sem data prevista.

Mas a agenda doméstica está mais fraca nesta semana, sem grandes destaques até sexta-feira, o que desloca o foco para o calendário internacional. Nos EUA, Yellen volta a discursar amanhã, no Senado. Um dia depois, serão conhecidas as vendas no varejo norte-americano em janeiro e também a leitura preliminar deste mês da confiança do consumidor.

Também na sexta-feira, na zona do euro, saem dados da produção industrial em dezembro e do Produto Interno Bruto (PIB) no último trimestre de 2015. Na última segunda-feira, a Índia mostrou que segue como a grande força entre os países que formam o acrônimo BRICS e teve expansão de 7,3% nos três meses finais do ano passado. Ainda assim, houve uma leve desaceleração ante a taxa de 7,4% no trimestre anterior.

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