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Emprego e juros podem mexer com o real hoje


A agenda econômica no Brasil pede passagem ao noticiário político hoje, pois entre 8h30 e 9h serão conhecidas importantes divulgações. O dia começa com o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do Banco Central, que pode trazer pistas sobre a condução da taxa Selic, respingando no câmbio. Na sequência, sai a taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do país, que deve encostar na faixa de 8%, retrocedendo aos níveis de 2009.

Diante dos riscos políticos e da arrancada do dólar para perto de R$ 4,15, ontem, os investidores já precificam na curva de juros futuros a chance de o BC voltar a subir o juro básico ainda neste ano. Aliás, a colocação de prêmios nos contratos de DIs segue intensa, dirimindo a inclinação negativa da curva que persistia desde novembro de 2014.

É bom lembrar que qualquer perspectiva de uma Selic ainda maior no Brasil pode aliviar a pressão no câmbio, diante da atratividade ao capital estrangeiro dos juros pagos no país. Aliás, o dólar hoje tem um fator adicional nos negócios, uma vez que o BC já deixou programado para logo cedo um leilão de até US$ 1 bilhão em swap cambial. A moeda norte-americana vem subindo há cinco pregões seguidos e, ontem, o BC mostrou que está vigilante não só na política monetária.

A operação realizada ontem pela autoridade monetária atraiu cerca de US$ 210 milhões em contratos para setembro de 2016, mas o que chamou a atenção nos negócios foi a demanda pelo leilão de linha, no qual o BC vende dólar com compromisso de recompra. Ou seja, tem um pouco de ajuste nos preços dos ativos locais, por fatores internos e externos, mas as incertezas também têm dado munição às especulações - e à busca dos investidores por proteção.

Afinal, um dia após um dirigente do Tesouro Nacional afirmar que ainda não detectou saída de capital externo da dívida pública brasileira, ontem foi a vez do chefe da mesa de operações do BC dizer que, apesar da volatilidade na moeda, tampouco há saída de dólar do país. Já a Bovespa, que perdeu para o México o posto de maior bolsa da América Latina, acumulou ontem a quarta queda seguida, ficando cerca de mil pontos acima da mínima do ano, mas registrando aportes externos entre o fim da semana passada e o início desta.

Ainda na agenda doméstica, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e o presidente do BC, Alexandre Tombini, participam da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), a partir das 15 horas. À noite, Levy deve participar de uma premiação das "melhores empresas do ano", em um evento na capital paulista.

Já a presidente Dilma Rousseff tem compromisso apenas com o ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, que será o próximo articulador do governo. Ela deve tratar dos últimos ajustes sobre a reforma ministerial, na qual promete cinco Pastas ao PMDB, a fim de estancar a atual crise política.

Mas o desempenho dos mercados domésticos hoje pode ser influenciado pelo ambiente externo, onde a direção para o dia é indefinida. À espera do discurso da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, apenas no início da noite, às 18 horas, os índices futuros em Nova York e as principais bolsas na Europa oscilam na linha d'água, mas com um ligeiro viés positivo.

Os investidores esperam encontrar na fala de Yellen pistas que possam esclarecer melhor o raciocínio do Fed em relação a um aperto no juro norte-americano ainda neste ano. Ela fará um discurso sobre dinâmicas da inflação e política monetária, na Universidade de Massachussetts.

Por ora, as apostas de que a primeira alta da taxa dos Fed Funds desde 2006 ocorrerá em outubro estão abaixo de 20%. As chances maiores, de 43%, são de que aperto aconteça em dezembro, o que seria um anúncio simbólico, já que os juros nos Estados Unidos estão entre zero e 0,25% desde dezembro de 2008.

No calendário de eventos econômicos nos Estados Unidos, às 9h30, saem os pedidos semanais de auxílio-desemprego feitos no país, o índice de atividade de Chicago e também as encomendas de bens duráveis – os dois últimos referentes ao mês de agosto. Às 11 horas, é a vez das vendas de imóveis novos no mês passado.

Já na Alemanha, o índice Ifo de sentimento econômico subiu a 108,5 em setembro, contrariando a previsão de queda a 107,9 e também maior que o resultado do mês passado, a 108,3. O resultado, porém, foi gerado antes do escândalo sobre fraude de poluentes da Volkswagen.

Na Ásia, o Japão voltou de um longo feriado ajustando-se ao comportamento dos mercados financeiros nos últimos dias, o que resultou em uma queda de 2,76% do índice Nikkei 225, em meio ao fortalecimento do iene, que subiu ao maior nível desde o início de agosto ante o dólar. Os mercados em Cingapura, Malásia e Indonésia estavam fechados hoje, devido a um feriado.

A Bolsa de Xangai, por sua vez, subiu 0,87%, no quarto avanço em cinco dias, diante das apostas de que a visita do presidente chinês, Xi Jinping, aos EUA irá ajudar empresas de tecnologia e da indústria a aumentar as exportações e compensar a desaceleração econômica. Amanhã, o mercado acionário chinês estará fechado. Hong Kong, porém, caiu 0,97%.

Nos mercados emergentes, os ativos caminham para a sequência mais longa de perdas em um mês. O índice MSCI desses países caía cerca de 0,5% mais cedo, acumulando queda de mais de 5% em quatro dias. Entre as moedas, destaque para o baht tailandês, que caiu à mínima em seis anos ante o dólar. Por fim, as principais commodities industriais se recuperam, diante dos sinais de maior abertura da China ao investimento estrangeiro.

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