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Congresso aprova vetos, mas oposição obstrui sessão e China pesa


Deputados e senadores mantiveram ontem, em sessão conjunta no Congresso, 26 dos 32 vetos da presidente Dilma Rousseff - incluindo a que dá fim ao fator previdenciário. Porém, a largada do governo na frente incomodou a oposição, que fez uma manobra e adiou a análise da matéria referente ao reajuste do Judiciário. A expectativa é de que seja convocada uma nova sessão na próxima semana.

Assim, ao final de uma jogada “all in” do pôquer - como disse ontem o deputado Maurício Quintella (PMDB-AL) - pois tratava-se de uma aposta de todas as fichas, o governo acabou saindo da mesa vitorioso. Horas antes, Dilma já havia enviado ao Congresso todas as medidas do pacote fiscal, incluindo a proposta de recriação da CPMF. E é com essa ideia de sinalizar o compromisso com o ajuste fiscal que os mercados domésticos reabrem hoje.

No total, foram apresentados 16 projetos, dos quais 15 têm de passar pelo crivo do Congresso e nove dizem respeito a cortes de gastos. Talvez, então, seja necessário um esforço adicional do governo durante a apreciação dos parlamentares, pois a sensação dos investidores é de uma descrença generalizada, o que deixa dúvidas sobre a aprovação das medidas fiscais em meio à falta de apoio – inclusive da base aliada.

Porém, outro assunto deve entrar no radar dos investidores nesta quarta-feira. Afinal, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, disse que dará uma resposta, até amanhã, à questão de ordem apresentada pela oposição sobre o rito de tramitação de um pedido de impeachment contra a presidente. Hoje, ela tem apenas compromissos internos.

Já o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, participa da abertura da missão oficial da Fitch, em Brasília, o que pode manter a apreensão quanto à analise da agência de classificação de risco em relação a um rebaixamento do rating brasileiro. Por sua vez, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, participa de um seminário sobre segurança jurídica (9h) e também reúne-se com o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga (11h).

Como se já não bastasse a pressão vinda do noticiário político, o exterior pode continuar jogando contra nesta quarta-feira. Isso porque a atividade industrial na China caiu ao menor nível em seis anos e meio, o que pressiona os ativos - sobretudo de mercados emergentes.

A leitura preliminar deste mês do índice dos gerentes de compras (PMI) da indústria chinesa caiu a 47,0, contrariando a previsão de alta a 47,5 e ante o dado final de 47,3 em agosto. A abertura do PMI mostra que a perda de tração do setor na China reflete uma fraca demanda externa, ao passo que a demanda doméstica do país parece ter se estabilizado.

Ainda assim, prevaleceu nos mercados internacionais a percepção de que a meta de Pequim em atingir uma expansão de 7% do PIB neste ano está sendo cada vez mais desafiadora, diante da desaceleração da atividade e das exportações - ainda que o setor de serviços e o consumo interno mostrem alguma resiliência. Em reação, a Bolsa de Xangai caiu 2,7%, na primeira sessão de baixa em quatro dias.

O sinal negativo também predominou nos demais mercados asiáticos, com a Bolsa de Hong Kong perdendo 2,26% e a de Seul cedendo 1,9%. No Pacífico, a Bolsa de Sydney caiu 2,1% e encerrou no menor nível desde julho de 2013. Entre os mercados emergentes, o índice MSCI registra o maior tombo do mês, na faixa de 2%, ao passo que as moedas da Indonésia e da Malásia perdem terreno ante o dólar.

Neste dia de PMIs pelo mundo, a leitura prévia do índice na zona do euro trouxe leituras mistas em relação aos setores da indústria e de serviços na região. Enquanto o índice industrial caiu à mínima em cinco meses, a 52, conforme o esperado, o dado referente ao setor de serviços recuou a 54, ficando abaixo do previsto.

Assim, o índice PMI composto dos países europeus que compartilham a moeda única caiu a 53,9 na prévia do mês, ante previsão de 54,1. Mas o destaque na região é a participação hoje do presidente do Banco Central Europeu (BCE) em audiência do Comitê de Assuntos Econômicos do Parlamento, a partir das 10 horas. À espera de novidades sobre novos estímulos na região, as principais bolsas europeias exibem ganhos, relegando o efeito chinês.

Já nos Estados Unidos, os índices futuros das bolsas de Nova York estão marginalmente no campo negativo, diante do peso da China sobre as commodities, que recuam nesta manhã. Na agenda norte-americana do dia, o PMI da Markit será conhecido às 10h45, com os números preliminares da indústria norte-americana em setembro. Depois, às 11h30, saem os estoques semanais de petróleo bruto e derivados no país.

Internamente, o destaque é a nota de política monetária e operações de crédito em agosto, às 10h30. Às 12h30, o BC volta à cena para anunciar os números semanais do fluxo cambial. Logo cedo, às 8h, a FGV informa a terceira prévia do IPC-S e a expectativa dos consumidores para a inflação no mês. Às 11 horas, a CNI divulga a sondagem da indústria.

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