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Mercados "de ressaca" após o Fed


O Federal Reserve não deu muitas pistas, ontem, mas afirmou que a maioria dos dirigentes "espera que a alta dos juros aconteça mais tarde neste ano" - e isso "certamente inclui outubro", disse a presidente, Janet Yellen, citando um dos dois encontros restantes em 2015. Ainda que a decisão em si "dependa de uma ampla gama de dados econômicos e financeiros", a iminência da primeira alta nos Fed Funds desde 2006 retrai os mercados financeiros hoje.

Os investidores adotam uma postura mais defensiva nesta véspera de fim de semana, com queda nas bolsas europeias e indefinição em Wall Street, pois Yellen também chamou a atenção para a perspectiva no exterior, que tem se tornado mais incerta, por causa das "elevadas preocupações com o crescimento da China". Hoje, a Bolsa de Xangai registrou leve alta de 0,39%, mas acumulou a maior perda semanal no mês.

As duas maiores economias do mundo estão reunidas desde ontem em Pequim, durante o 7º encontro China-EUA. A proposta do presidente chinês, Xi Jinping, é um novo tipo de relação entre as grandes potências, que será bom para a "paz mundial e o desenvolvimento". Ele afirmou que a desaceleração econômica do país "é resultado da transformação do padrão de desenvolvimento e da reestruturação econômica".

Segundo Xi, a China vai continuar a aprofundar as reformas e garantir que o mercado desempenhe "um papel decisivo na alocação de recursos". O país, é bom lembrar, ficará ausente dos holofotes na próxima semana, por causa do Festival de Meio do Outono, a partir de sexta-feira, que antecede um grande feriado nacional, no início de outubro - e que dura uma semana. O volume de negócios em Xangai já está 45% menor que a média de 30 dias.

Os demais mercados asiáticos tiveram um comportamento misto, com a Bolsa de Tóquio caindo quase 2% após o Fed manter a taxa de juros, o que enfraquece as ações de exportadoras e do setor financeiro. Hong Kong, porém, subiu 0,30% e a de Seul avançou 1%. No Pacífico, a Bolsa de Sydney ganhou 0,5%.

Na Europa, as bolsas de Londres, Paris e Frankfurt recuam, com os investidores pesando a decisão do Fed de adiar o aumento das taxas de juros, em meio a preocupações sobre o impacto do crescimento global na maior economia do mundo. Já o rendimento dos bônus de países europeus recuam, com o juro zero nos EUA alimentando especulações de que o Banco Central da zona do euro (BCE) pode intensificar as medidas de estímulo.

Afinal, pelo terceiro trimestre consecutivo as autoridades do Fed reduziram as projeções econômicas para os próximos anos, diante do temor com a desaceleração econômica global. O yield do bund alemão de 10 anos registrava a maior queda desde 7 de julho. O rendimento dos papéis italiano e espanhol de mesmo vencimento caía 7 pontos-base, cada.

Aliás, a decisão do Fed abriu uma janela de oportunidade para o afrouxamento da política monetária em várias países do mundo. Mas Yellen tratou de esclarecer que uma "taxa negativa" nos EUA não é uma opção que esteja no cardápio - e sim o contrário. Agora, as chances de um aperto no juro norte-americano em dezembro estão em 44%.

Já sobre outubro, a presidente do Fed afirmou, quando questionada em relação à possibilidade de subir o juro no próximo mês que, "como já disse antes, cada reunião é um encontro ao vivo, onde o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) pode tomar a decisão de mudar a taxa dos Fed Funds". Ela lembrou ainda - "como já salientou anteriormente", que caso se decida por mover os juros, "será convocado uma coletiva de imprensa".

Cientes de que o ciclo de taxa entre zero e 0,25% nos EUA, em vigor desde 2008, está com os dias contados, os índices futuros em Wall Street não exibem uma direção única para o dia. Na agenda econômica dos EUA, saem apenas os indicadores antecedentes de agosto, às 11 horas.

No Brasil, o foco continua no plano político. Mas a sexta-feira, como usual, tem pauta esvaziada em Brasília. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, é esperado para um evento no Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef), em São Paulo, pela manhã. A agenda dele, porém, ainda não estava disponível logo cedo. Tampouco a da presidente Dilma Rousseff.

O calendário de indicadores domésticos começou cedo com o IPC-Fipe, que subiu 0,47% na segunda prévia do mês. Logo mais, às 9 horas, o IBGE informa as pesquisas mensais de serviços e do emprego na indústria, ambas em julho. Às 10h30, saem os números da arrecadação federal em agosto.

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