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Mercados reagem ao anúncio da dupla econômica


O governo encara agora o desafio de passar no Congresso Nacional as medidas anunciadas ontem, como o aumento de impostos e a volta da CPMF. A oposição já fala em barrar propostas, enquanto o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, vê como "improvável" a volta do "imposto do cheque". Nem mesmo o corte de R$ 26 bilhões nos gastos públicos deve aliviar a pressão, colocando em xeque o ministro Levy. Mas para o presidente do Senado, Renan Calheiros, o pacote pode vencer o imobilismo.

Os mercados domésticos abrem o pregão desta terça-feira reagindo a mais um anúncio do governo, tendo o exterior como um componente negativo para o dia, após um novo tombo na Bolsa de Xangai. Internamente, porém, em meio à tentativa de colocar as contas públicas em ordem, coube aos titulares da Fazenda e do Planejamento explicar como a meta de superávit de 0,7% do PIB será alcançada em 2016.

Além do corte de R$ 26 bilhões nas despesas, o déficit de R$ 30,5 bilhões do Orçamento de 2016 será coberto com o aumento de uma série de impostos - e duas delas atingem diretamente o mercado financeiro. A primeira trata de uma mudança que envolve o Juros Sobre Capital Próprio (JCP).

Ao invés de terminar com o imposto de uma vez, optou-se por elevar a alíquota de 15% para 18%, com o teto da TJLP voltando a 5%. A segunda medida que envolve aumento de receitas via o mercado financeiro atinge os investidores, já que o governo vai aumentar o IR da pessoa física sobre o ganho de capital. O valor da alíquota será elevado gradativamente, conforme a operação de alienação.

Mas o grande destaque entre os tributos é a CPMF. O imposto, que vigorou por 10 anos desde 1997, pode voltar. Com uma alíquota mais baixa que na vigência anterior, de 0,2%, a CPMF seria recriada, agora, para financiar a Previdência - e não mais a saúde. Ainda assim, a proposta é de que o encargo seja novamente provisório.

Para a FecomercioSP, a volta da CPMF pode agravar o quadro inflacionário, por ser uma contribuição "cumulativa e regressiva". A Febraban, por sua vez, apoia as medidas fiscais anunciadas, que serão importantes para a retomada do crescimento.

As medidas arrecadatórias do governo somam R$ 28,4 bilhões. O esforço fiscal, por outro lado, chega a R$ 64,9 bilhões, com corte de recursos do Minha Casa, Minha Vida, e nos investimentos do PAC. Outras medidas, como o adiamento do reajuste de servidores e a suspensão da realização de novos concursos públicos, também foram anunciadas.

Hoje, o ministro Levy participa de reunião da presidente Dilma Rousseff com líderes da base aliada na Câmara dos Deputados, às 9 horas. À tarde, às 14h30, ela reúne-se com líderes da base aliada no Senado Federal. Já o ministro Nelson Barbosa cumpre apenas compromissos internos.

Ausente dos holofotes recentemente, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, pode ser questionado hoje sobre a política fiscal do governo e o qual tem sido o papel dela no combate à inflação. Ele participa de audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), no Senado. Entre os indicadores domésticos, destaque apenas para o IGP-10 de setembro (8h), que deve acelerar para além da faixa de 0,5%, impulsionado pela desvalorização cambial.

Enquanto o noticiário político domina os mercados no Brasil, a China segue incomodando os investidores, nestes dias que antecedem a mais importante decisão de política monetária nos Estados Unidos dos últimos anos. Até por causa da turbulência vinda do gigante emergente, apenas um em cada três players acredita que a primeira alta no juro norte-americano desde 2006 ocorrerá neste mês.

O índice Xangai Composto caiu pelo segundo dia consecutivo hoje, em -3,5%, com as perdas lideradas pelas ações ligadas às commodities e ao setor de tecnologia. As perdas acumuladas nos últimos dois dias (-5,3%) foram as maiores em três semanas, contaminando os demais mercados asiáticos e também os emergentes.

A Bolsa de Hong Kong caiu 0,50%, mas a de Tóquio subiu 0,34%, com o iene perdendo terreno ante o dólar. Já a rupia da Indonésia caiu à mínima em 17 anos. Na Europa, as mineradoras pesam em Londres, onde o índice FTSE recua pelo quarto dia seguido. A libra esterlina, porém, avança, após o dado de inflação no Reino Unido dentro do esperado.

As demais praças europeias também recuam, digerindo o resultado do índice ZEW de sentimento econômico na Alemanha, mas os investidores mostram certa relutância em tomar risco antes da decisão do Federal Reserve. Aliás, a agenda econômica ganha peso no exterior, sobretudo nos EUA.

À espera da última safra de dados de primeira grandeza sobre a maior economia do mundo que podem calibrar as apostas em relação ao timing do Fed, os índices futuros das bolsas de Nova York estão de lado, mas com um ligeiro viés negativo. A T-note de 10 anos está estável, em 2,18%.

Às 9h30, saem as vendas no varejo dos EUA em agosto, que devem registrar um crescimento de 0,3% na leitura mensal. No mesmo horário, sai o índice Empire State de manufatura neste mês. Depois, às 10h15, é a vez da produção industrial norte-americana no mês passado, juntamente com a utilização da capacidade instalada. Por fim, às 11 horas, serão conhecidos indicadores de estoques no país em julho.


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