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Temor de desaceleração global ressurge com China


Dados de atividade na China e na zona do euro abrem a sexta-feira de negócios nos mercados, e a queda do índice dos gerentes de compras (PMI) da indústria chinesa ao menor nível em seis anos dá continuidade ao selloff visto ontem em Nova York, que zerou os ganhos de 2015 das bolsas por lá. É o gigante emergente assustando novamente os investidores pelo mundo, com possíveis impactos de desaceleração global.

A leitura preliminar de agosto do índice PMI industrial na China caiu a 47,1, de 47,8 no dado final de julho e ante previsão de avanço a 48,2. Trata-se do primeiro indicador de atividade no país referente a este mês e que se segue a dados igualmente mais fracos que o esperado sobre investimento, indústria, varejo e exportação em julho.

Em meio aos sinais de que Pequim terá de se esforçar para evitar um pouso mais abrupto da economia, a Bolsa de Xangai caiu 4,27% e o yuan se enfraqueceu. Esse comportamento levou consigo outras moedas e ações no exterior, passando por toda a Ásia e chegando na Europa.

A Bolsa de Seul caiu à mínima em dois anos, a de Taiwan entrou em mercado de baixa (bear market) e a da Indonésia está a beira de entrar em um mercado baixista também. Tóquio caiu 2,98%, com os investidores buscando proteção no iene, e Hong Kong perdeu 1,53%. Entre as moedas, o ringgit malaio continua liderando a queda, com -1,2% hoje, enquanto as rupias da Índia e da Indonésia caem ao menos 0,5%, cada.

Já nas commodities, o petróleo segue sob pressão e está cada vez mais vulnerável à perda da barreira psicológica dos US$ 40 por barril. Os metais básicos também seguem em queda livre.

No Velho Continente, as principais bolsas caminham para fechar a pior semana de 2015. Além da questão chinesa, os investidores também absorvem o noticiário vindo da Grécia, após o primeiro-ministro Alexis Tsipras renunciar ao cargo e clamar por novas eleições no país dentro de um mês.

O movimento do prêmie grego é visto como uma tentativa de ganhar apoio popular, fugindo da pressão de seu próprio partido (Syriza) e conseguir aplicar o terceiro pacote de resgate à Atenas, que impõe novas e duras medidas de austeridade. Também ajuda a limitar as perdas entre as bolsas europeias o avanço do índice PMI composto na zona do euro.

O dado, que agrega os setores da indústria e de serviços, subiu à máxima em dois meses, a 54,1 na leitura preliminar de agosto, acima do esperado. Apenas o PMI industrial foi a 52,4, enquanto o de serviços subiu a máxima também em dois meses, a 54,3 - ambos também maiores que o previsto.

A abertura do dado do bloco da moeda única mostra ainda que foi a melhora da atividade na Alemanha que impulsionou a performance da região como um todo. O PMI composto alemão subiu de 53,9 para 54,1 entre julho e a prévia deste mês, encostando no maior nível em quatro anos, alcançado em junho. Já a economia francesa segue mostrando dificuldades para ganhar tração, com o PMI composto caindo à mínima em quatro meses.

Do outro lado do Atlântico Norte, Wall Street busca uma recuperação, mas mostra pouca forças. A preocupação é de que o Federal Reserve está cada vez mais perto de promover a primeira alta no juro norte-americano desde 2006 em um momento em que apenas a economia dos Estados Unidos cresce, entre as principais do mundo. O juro da T-note de 10 anos estava praticamente de lado nesta manhã, a 2,08%.

Agenda. Na agenda do dia, depois do susto de ontem com o salto na taxa de desemprego calculada pelo IBGE em julho, repetindo o nível visto pela última vez em maio de 2010 (7,5%), hoje é a vez de conferir o resultado da prévia da inflação oficial do país em agosto, medida pelo IPCA-15.

A boa notícia é que o indicador deve desacelerar pelo segundo mês consecutivo, para a faixa de 0,4% em agosto, ante taxas de 0,59% em julho e de 0,99% em junho. Porém, se confirmada a mediana das expectativas, de +0,43%, será o maior resultado do IPCA-15 para meses de agosto desde 2004, quando subiu 0,79%.

Assim, a inflação acumulada nos últimos 12 meses deve acelerar de 9,25% em julho para 9,57% no período encerrado em agosto, seguindo no maior patamar para o período desde dezembro de 2003. Os números efetivos serão divulgados pelo IBGE às 9 horas. Também é esperada para hoje a sondagem da CNI, às 11 horas, e os números de emprego formal do Caged, às 15 horas.

No front político, a proximidade do fim de semana esfria o clima tenso em Brasília nos últimos dias, principalmente após a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, por corrupção. O órgão pede a devolução de US$ 80 milhões e 184 anos de prisão ao deputado - o terceiro na linha de sucessão presidencial.

Já no exterior, depois da enxurrada de dados logo cedo, as atenções se voltam para o único indicador econômico norte-americano previsto para o dia: o índice PMI da Markit sobre a indústria de transformação na leitura preliminar de agosto, às 10h45. Na zona do euro, por sua vez, sai a prévia da confiança do consumidor neste mês (11h).

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