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China mantém pressão


Os dados sobre produção industrial, vendas no varejo e investimento em ativos na China em julho vieram todos mais fracos que o esperado, o que adiciona pressão sobre a moeda local (renminbi) já enfraquecida e assola os mercados globais mais uma vez nesta quarta-feira. As ações caem o redor do mundo e as commodities deslizam, enquanto os títulos soberanos passam por um rali.

Já no Brasil, os investidores podem até respirar aliviados. Afinal, o rebaixamento em um degrau no rating, promovido ontem pela Moody's, manteve o selo de grau de investimento do país em um nível acima do grau especulativo - igualando-se à decisão da Standard & Poor's (S&P). Mas a perspectiva é estável - e não negativa, como se temia - o que afasta o temor de novos downgrades no curto prazo.

Ontem, a decisão da Moody's de alterar a perspectiva da nota, de negativa para estável, surpreendeu o mercado, aliviando a pressão sobre os índices futuros do dólar e do Ibovespa. Hoje, porém, os mercados domésticos podem sentir novamente o efeito chinês, que varre, principalmente, os ativos de maior risco e ligados às commodities.

A indústria chinesa registrou crescimento de 6% na produção do mês passado, abaixo da alta de 6,8% em junho e aquém também da estimativa mais pessimista, de 6,5%. O varejo chinês avançou 10,5% em julho, ante previsão de +10,6%, ao passo que os investimentos em ativos fixos subiram 11,2% nos setes primeiros meses de 2015 - o ritmo mais lento desde 2000.

Os números elevaram o temor quanto a um "pouso forçado" da segunda maior economia do mundo, elevando os riscos de uma expansão do PIB abaixo do alvo de 7% para o ano. Em reação, o chamado yuan, que ontem registrou a maior desvalorização em mais de duas décadas, caiu novamente hoje, com a cotação offshore registrando perda recorde de 3% e retornando ao nível visto pela última vez em janeiro de 2011.

O segundo dia seguido de queda da moeda chinesa provocou a maior onda de venda de moedas asiáticas em dois dias desde 1998. O ringgit malaio perdeu mais de 4% ante o dólar, na maior queda desde a crise asiática, no fim dos anos 90. A rupia indonésia também era negociada no nível mais baixo em 17 anos e o rublo russo caía 1%.

Entre as commodities, o níquel afundava mais de 3%, enquanto o cobre renovava as mínimas desde julho de 2009. Nas bolsas, as ações de mercados emergentes caíram ao nível mais baixo desde 2011, com o índice MSCI da região cedendo mais de 1,5% e estendendo as perdas desde o pico em setembro passado para 22%. A Bolsa de Xangai caiu 1,07% e a de Hong Kong perdeu 2,38%. No Japão, Tóquio caiu 1,58%.

Já na Europa, as ações de mineradoras e montadoras lideram as perdas entre as bolsas, diante do temor de que a economia global será afetada pelos sinais vindos da China. As perdas na região superam 2% nas praças em Paris e Frankurt.

Mas a agenda doméstica desta quarta-feira pede passagem para o noticiário político, já que hoje é dia de divulgação das vendas no varejo brasileiro. As estimativas são de queda do comércio em junho, no quinto recuo mensal seguido (-0,40% na mediana) e com o recuo na comparação anual sendo o maior para o mês desde 2003 (-2,90% na mediana).

Os números oficiais serão conhecidos às 9 horas. Depois, às 12h30, é a vez dos dados semanais do fluxo cambial. Na safra de balanços, o calendário está carregado e traz os números trimestrais de Bradespar, Gerdau, Kroton e Marfrig, antes da abertura; e Cosan, Light, Suzano Papel, entre outras, após o fechamento do mercado. A Bovespa, aliás, será influenciada hoje também pelo vencimento de Ibovespa futuro e de opções sobre o índice.

Já nos Estados Unidos, o destaque fica com o relatório JOLTS sobre a abertura de postos de trabalho (9h) no último mês do primeiro semestre deste ano, uma vez que o dado continua sendo apreciado pela presidente do Federal Reserve, Janet Yellen.

Depois, às 9h30, saem os estoques semanais de petróleo bruto e derivados no país. Ontem, o barril do WTI fechou no menor nível em seis anos, prejudicado pela decisão do Banco Central chinês (PBoC). À tarde, às 15 horas, sai o relatório mensal de orçamento do Tesouro norte-americano em julho.


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