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Especial: Julho brutal para emergentes


Em várias partes do mundo, o mês de julho foi brutal para os mercados financeiros. À exceção dos índices acionários em Wall Street, onde o S&P 500 registrou a segunda melhor performance mensal do ano, as bolsas ao redor do globo caíram feio. E as regiões com os maiores tombos no mês passado têm uma coisa em comum: China.

A perda de tração da segunda maior economia do mundo assusta os investidores, com o temor ganhando proporções à medida que Pequim aprofunda as intervenções no mercado de capitais. Os dados cada vez mais fracos sobre o ritmo da indústria chinesa ampliaram o receio quanto a um “pouso forçado” da atividade, com o setor de serviços mostrando a transição rumo a um “novo normal”, embora sem confortar os players.

A própria Bolsa de Xangai tombou 14% em julho, no pior desempenho mensal desde agosto de 2009. Mas as preocupações com a China fizerem com que os investidores retirassem dinheiro dos mercados emergentes como um todo. Dados até a terceira semana de julho mostraram que os fundos de ações nesses mercados sofreram saídas na ordem de US$ 15 bilhões – na maior drenagem para a região desde fevereiro de 2014.

Mas os efeitos chineses não se limitaram às bolsas. Ao contrário, por ser um dos maiores consumidores de petróleo cru do mundo, bem como de outras matérias-primas, várias commodities registraram em julho perdas de dois dígitos. O WTI negociado em Nova York caiu quase 20% no mês passado – o pior do ano.

Já o Brent caiu um pouco menos, ao redor de 17%, mas também no pior mês de 2015. Entre os metais, o precioso ouro vivenciou uma “tempestade perfeita”, perdendo a barreira psicológica de US$ 1,1 mil por onça-troy, ao passo que o básico cobre teve um julho desprezível, com perdas de cerca de 10% - melhor apenas que a queda de janeiro (-12%).

Ao mesmo tempo em que a China arca com o ônus das perdas, os investidores também foram se afastando da maior economia da América Latina, o Brasil. O mês de julho na Bovespa foi o segundo pior de 2015, com perdas na faixa de 4% - atrás apenas de maio (-6,17%).

A diferença entre esses dois meses é que, enquanto maio havia sido, até então, o pior mês com ingresso de capital externo na Bolsa brasileira no ano; julho ficou com a marca de ser o primeiro mês em 2015 com saldo negativo de recursos estrangeiros, ao redor de R$ 570 milhões. Embora esse fluxo ainda seja positivo em cerca de R$ 20 bilhões no ano, trata-se de uma inversão na direção do apetite dos “gringos” pela renda variável local.

Isso porque, como se já não bastassem a China e os estragos causados pelo país nos preços das commodities, o Brasil também tem os seus próprios problemas internos. Aliás, não só do lado econômico – como a expectativa de contração de até 3% do PIB brasileiro neste ano – mas, principalmente, os desafetos na política. Afinal, de que serve uma Bolsa barata em dólar, em meio a tantas incertezas em Brasília?

Assim, parafraseando a campanha do marqueteiro de Bill Clinton, James Carville, que nos idos dos anos 1990 cunhou a frase “é a economia, estúpido!” para combater o então invencível Bush pai nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, o problema doméstico “é a política, idiota!”.

A tentativa do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de tomar de assalto o Palácio do Planalto tem elevado a percepção de risco no Brasil. Passado os primeiros meses do ano, a travessia das medidas de ajuste fiscal, que pareciam navegar em um mar tranquilo no Legislativo, foi encontrando barreiras nas denúncias de corrupção da Lava Jato.

Nesse bate-rebate entre Congresso e Executivo, uma visão diferente sobre o Brasil pode ainda levar algum tempo... Então, prepare-se para fortes emoções em agosto.

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