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Sai Grécia, entra Brasil


A Grécia se prepara para pagar as contas e reabrir os bancos nesta segunda-feira, dia 20, mas os mercados no Brasil voltam a funcionar ainda envoltos pelo clima de tensão política, que assombrou os negócios na última sexta-feira. O pronunciamento do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, na noite daquele dia foi apenas um ingrediente do noticiário do fim de semana. E é com esse novo estopim que o dia começa.

O risco político doméstico vem, agora, da “pauta de vingança” de Cunha, que rompeu com o governo Dilma. Diante disso, cresce a dificuldade do Palácio do Planalto em aprovar medidas no Congresso, retardando a eficácia do ajuste fiscal e postergando a recuperação econômica.

Para o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, a fraqueza da atividade vem do ajuste ainda incompleto. Por isso, reduzir a meta fiscal é “ilusão” e pode até levar a um aprofundamento do arrocho, afirmou ele, em entrevista exclusiva a um jornal no domingo.

Pragmático, Levy disse que não há bases para um impeachment, mas lembra que o ajuste está “empacado” no Congresso por essa questão de base (aliada). Já o presidente do Senado, Renan Calheiros, apoiou a ruptura pessoal de Cunha. De quebra, atacou o ajuste fiscal de Levy, chamando o plano econômico de “insuficiente” e “tacanho”.

Em tempo, nesta manhã, as manchetes dos principais jornais brasileiras trazem o indiciamento, pela Polícia Federal, do presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, e mais oito, por crimes investigados na Operação Lava Jato. Eles são acusados de corrupção ativa, fraude em licitação, lavagem de dinheiro e crime contra a ordem econômica.

Com tantas incertezas postas à mesa, e as agências de classificação de risco com uma “espada na cabeça” do país, a agenda de indicadores fica relegada. Ainda assim, merece atenção, hoje, as atualizações das instituições financeiras junto ao Banco Central para as principais variáveis macroeconômicas. Antes, tem uma nova leitura do IGP-M no mês.

Mas o grande destaque da semana fica para quarta-feira, quando sai a prévia da inflação oficial em julho, que deve desacelerar ante o resultado “salgado” do mês passado. No dia seguinte, sai a taxa de desemprego no país em junho, que deve mudar de patamar, e alcançar a faixa de 7%. Também em realce, a nota de setor externo do BC.

A safra de balanços doméstico tem início nesta semana, com os resultados da Natura, na quarta-feira. No dia seguinte, é a vez de Fibria e Klabin. Já na sexta-feira, saem os resultados trimestrais de Hypermarcas e Tractebel. Hoje, é bom lembrar, é dia de vencimento de opções sobre ações na Bovespa - mas pelo giro financeiro recente, o exercício não deve ter briga alguma.

No exterior, a semana começa esvaziada, em termos de divulgações econômicas, nos Estados Unidos. Ainda assim, vale citar a cerimônia simbólica que acontece hoje em Washington, de reabertura da embaixada de Cuba.

Entre os indicadores, a agenda traz apenas dados sobre o mercado imobiliário, a partir de quarta-feira. À espera desses números, que podem mostrar a economia norte-americana forte o suficiente para suportar taxas de juros mais elevadas, o juro da T-note de 10 anos avança nesta manhã. Os índices futuros das bolsas de Nova York têm leves ganhos.

A expectativa de o Fed aumentar os custos de empréstimo pela primeira vez desde 2006 também atinge o ouro, que atingiu a mínima em cinco anos, ao mesmo tempo que fortalece o dólar, que é negociado próximo da máxima em três meses ante o euro. As moedas de países também estão nos níveis mais baixos em ano ante o dólar.

Na Europa, onde a agenda está igualmente fraca até os próximos dias, quem reabre hoje são os bancos na Grécia, depois de ficarem fechados por três semanas. Apesar da “forcinha” do Banco Central Europeu (BCE), que elevou a ajuda emergencial, dando liquidez às instituições financeiras gregas, vários tipos de controle de capital permanecem, como o limite de saques, agora no valor de 420 euros semanais.

Hoje, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, deve fazer o pagamento de Atenas junto ao BCE, após anunciar uma reforma ministerial, afastando a ala mais rebelde do Syriza e recebendo o apoio de nomes mais fiéis no governo - e também da chanceler alemã, Angela Merkel. Diante do otimismo sobre uma resolução para a crise grega, as principais bolsas europeias sobem.

Já na Ásia, a China começou o sábado com boas notícias vindas do setor de imóveis, o que ajudou a Bolsa de Xangai a fechar em alta hoje, e a expectativa agora é pelo dado de atividade na indústria em julho, na quinta-feira. Na sexta-feira, os EUA e a zona do euro anunciam o mesmo indicador sobre suas respectivas manufaturas.

Por enquanto, a notícia de que a queda nos preços de moradias novas na China ficou restrita a menos da metade das cidades pesquisadas em junho pela primeira vez em 15 meses garantiu ganho de 0,88% no índice Xangai Composto. Das 70 cidades analisadas, os preços subiram em 27 - sete a mais do que o registrado no mês anterior. Em outras dez, os preços ficaram estáveis.

Ainda assim, um quinto do mercado acionário chinês permaneceu congelado hoje, totalizando 576 companhias que seguiram com os negócios suspensos, ou 20% do total de ações listadas. Os demais mercados asiáticos e do Pacífico não registraram um rumo único: Seul caiu 0,2% e Hong Kong ficou estável, mas Sydney somou 0,3%. A Bolsa de Tóquio ficou fechada, devido a um feriado.

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