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Desordem no Congresso


Ao contrário do cenário internacional, que está mais calmo nos últimos dias - com o encaminhamento da crise grega, a cara de paisagem da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, e a imagem silenciada da economia chinesa - os investidores chegam ao fim da semana mais atentos ao cenário político no Brasil. Afinal, a temperatura esquentou de vez em Brasília.

No mesmo dia em que o Ministério Público Federal abriu inquérito para investigar tráfico de influência pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, surgiram novas denúncias de propina, de US$ 5 milhões, recebida pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Em reação, Cunha promete retaliar, rompendo a aliança com o governo.

Ontem mesmo, ele esteve reunido com o vice-presidente e articulador político, Michel Temer, e com o presidente de Senado, Renan Calheiros, comunicando que irá defender tal ruptura. Em nota, Cunha acusou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao passo que os delatores afirmaram que estavam “protegendo” Cunha nas delações por medo, uma vez que vinham sendo intimidados. Hoje à noite, o presidente da Câmara faz um pronunciamento em cadeia nacional, que deve ser acompanhado de um “panelaço”.

As investigações da Operação Lava Jato vêm deteriorando a confiança dos investidores,

ao mesmo tempo que também atrapalha a pauta do ajuste fiscal. Em uma nova derrota do governo, o Senado adiou para agosto a votação do pacote de propostas que promove mudanças na legislação do ICMS. Da mesma forma, o texto do projeto da repatriação dos recursos que estão no exterior será analisado somente a partir do próximo mês.

Diante de toda essa efervescência política, a agenda de indicadores fica em segundo plano. Ainda assim, chama a atenção o Índice de Atividade Econômica em maio, que o Banco Central anuncia às 8h30. O dado, tido como uma proxy do PIB, deve mostrar desde leve queda a ligeira alta, com a mediana positiva em 0,10%. Ainda assim, o número não deve alterar a expectativa de contração da economia brasileira no trimestre passado, gerando um carregamento negativo para o atual período.

Na sequência, às 9 horas, o IBGE informa o emprego na indústria também em maio. Ontem, dados sobre a indústria paulista mostraram o pior mês de junho em 10 anos, em termos de demissões. Também é esperado para hoje os números do emprego formal em junho e as estimativas são de corte de 96,5 mil postos de trabalho com carteira assinada.

Logo cedo, a Fipe informou que seu IPC acelerou para 0,57% na segundo leitura do mês, após subir 0,43% na prévia anterior e ante expectativa de alta menor, de +0,44%, na mediana. Ainda internamente, às 11 horas, sai o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), medido pela CNI.

Já no exterior, a safra de balanços entra em foco. Ontem, no after hours, as ações do Google saltaram 11%, após a gigante de tecnologia divulgar sólido crescimento na receita e no lucro. Hoje, a temporada traz o resultado financeiro da General Eletric (GE).

Porém, os índices futuros das bolsas de Nova York têm ligeira baixa nesta manhã, no aguardo dos dados sobre a inflação ao consumidor (CPI) em junho, às 9h30. Ontem, é bom lembrar, Yellen frisou que a chance de o Fed elevar os juros antes de os preços no varejo atingir a meta de 2% ao ano é maior. No mesmo horário, também saem dados sobre o setor imobiliário nos Estados Unidos. Às 11 horas, é a vez da confiança do consumidor, medido pela Universidade de Michigan.

O sinal positivo prevaleceu na Ásia, com os investidores recompondo o fôlego, após a recente onda de turbulência que varreu os ativos. A Bolsa de Xangai subiu 3,5% hoje, no maior ganho diário em uma semana e zerando as perdas acumuladas desde a última sexta-feira.

Especulações de que Pequim estaria aumentando os esforços para apoiar o segundo maior mercado de capitais do mundo embalaram as demais bolsas asiáticas e também do Pacífico. Tóquio subiu 0,25% e Hong Kong teve alta de 1%.

No Velho Continente, porém, os investidores estão em compasso de espera pela votação no Parlamento da Alemanha sobre o pacote de resgate da Grécia. Se aprovado, os legisladores alemães abrirão o caminho para que os credores internacionais iniciem as conversações com Atenas para conceder uma ajuda financeira de US$ 94 bilhões.

À espera do veredicto, as principais bolsas europeias oscilam entre margens estreitas, ora em alta, ora em baixa. O euro, por sua vez, tenta recuperar terreno ante o dólar, que dá os primeiros sinais de cansaço após o rali da semana, na esteira da fala de Yellen. O calendário econômico europeu está esvaziado hoje.

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