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Goleada é isso!


No dia em que o Brasil se lembra da derrota humilhante sofrida pela seleção dentro de campo, fora das quatro linhas é a inflação que continua ganhando de goleada. O índice oficial de preços no país, medido pelo IPCA, deve acelerar para além de 0,80% (0,82% na mediana), na maior variação para meses de junho desde 1996.

Se confirmado, a taxa acumulada pelo IPCA em 12 meses deve encostar de vez no patamar de 9,00% (8,92% na mediana), no maior resultado para o período desde dezembro de 2003. Os números efetivos serão divulgados às 9 horas pelo IBGE.

Já a Grécia está na marca do pênalti e tem até domingo para resolver se fica ou se sai da zona do euro. O encontro de líderes europeus ontem, em Bruxelas, terminou com um ultimato para o governo de Atenas, que recebeu um prazo de cinco dias para entregar propostas de reformas econômicas e obter mais ajuda financeira, ou enfrentar a expulsão do bloco da moeda única.

A intenção do primeiro-ministro grego, Alexis Tspiras, é apresentar propostas concretas nos próximos dias, visando a sustentabilidade da dívida e um acordo sem os erros do passado. Porém, as longas reuniões de ontem, que, mais uma vez, terminaram sem um desfecho, mostram, de um lado, Atenas, e de outro, os credores, mais distantes do que nunca.

O mercado de ações grego permanece fechado hoje, mas as principais bolsas europeias se recuperam da forte onda vendedora da véspera e exibem ganhos. As altas são mais acentuadas nas praças em Madri e em Milão. O euro tentar recuperar terreno ante o dólar, ao passo que a moeda norte-americana se fortalece em relação ao iene.

Além da questão grega, os investidores também estão atentos ao que acontece na China, em meio às inúmeras intervenções que acontecem no mercado acionário, a fim de estabilizar o sistema financeiro chinês. Mais de 40% das empresas listadas em Xangai suspenderam hoje as negociações com suas ações, totalizando cerca de 1,2 mil companhias. Trata-se da maior interrupção na negociação de ações na história do mercado chinês.

A preocupação com a China se espalhou por toda a Ásia, imprimindo perdas acentuadas em Hong Kong (-5,84%) e em Tóquio (-3,13%). A Bolsa de Xangai perdeu 5,91% hoje. Entre as commodities, o petróleo cai, ainda sentido os problemas na China e antes da divulgação, às 9h30, dos estoques semanais da matéria-prima e seus derivados nos EUA. No fim do dia, na China, saem dados sobre os preços no atacado (PPI) e no varejo (CPI) em junho.

De volta à agenda econômica, internamente, antes do IPCA, sai, às 8 horas, a primeira leitura de julho do IPC-S, juntamente com o indicador antecedente de emprego em junho. Depois, às 12h30, o Banco Central informa o índice de commodities (IC-Br). Ainda por aqui, a Fipe informa, no meio da tarde, a prévia inicial de seu IPC no mês, ante taxa de 0,47% ao final de junho.

Enquanto absorvem os números domésticos, os investidores aguardam a divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve, às 15 horas. O documento pode confirmar o alívio passageiro sentido no mercado, na época do encontro de junho, quando o BC dos Estados Unidos sinalizou que estaria a caminho de elevar a taxa de juros norte-americana uma ou duas vezes ainda neste ano, mas com um ritmo mais suave.

Porém, até mesmo essa expectativa pode estar defasada, agora que o Fundo Monetário Internacional (FMI) tratou de reiterar, ontem, a recomendação para promover a primeira alta nos Fed Funds desde 2006 apenas no ano que vem, a fim de evitar riscos globais. Ainda mais após a escalada da crise grega.

No front político, em Brasília, a Câmara aprovou o texto-base da reforma política, mas deixou as medidas polêmicas para terça-feira. Fatores locais vem pesando nos negócios domésticos, o que ajudou a elevar o dólar para o maior nível desde março, ontem. Um dia antes, a Bovespa já havia retrocedido ao menor patamar desde 31 de março, em um sinal do menor apetite dos investidores estrangeiros por ativos brasileiros.

Mas o feriado no Estado de São Paulo, amanhã, pode enxugar a liquidez dos negócios ao longo do dia de hoje.

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